AHP reitera que falta de apoios levará a encerramentos e aponta dedo a Costa

Por a 10 de Novembro de 2020 as 16:53
Raul Martins, presidente AHP

As declarações de António Costa na noite desta segunda-feira, 9, não foram bem recebidas pela Associação da Hotelaria de Portugal. Em entrevista ao Jornal das 8, o primeiro-ministro fez uma distinção em a hotelaria e a restauração, quando anunciou o novo pacote de apoios para restaurantes.  Costa disse que  “a estadia que não se faz hoje” pode ser feita “depois de amanhã”, ao contrário dos restaurantes em que “o jantar que não se faz hoje, não se faz amanhã”, explicando que situação na restauração é distinta.

A AHP aponta o dedo a Costa e diz que as declarações revelam “um profundo erro de análise e que a decisão de proibição de circulação no âmbito do estado de emergência agora decretado vem agravar ainda mais a situação do setor da hotelaria”.

“As medidas, mas sobretudo as exceções, deste decreto governamental surpreendem-nos, e muito. E mais ainda as infelizes declarações do Senhor Primeiro Ministro de ontem. Ao contrário do que o Senhor Primeiro Ministro pensa, o quarto que não se vende hoje não fica em stock para amanhã. Permitimo-nos recordar ao Senhor Primeiro Ministro que a Hotelaria, onde também existe restauração, está a sofrer brutalmente com o recolhimento, teletrabalho, paragem da economia no geral. Mas está a sofrer como está todo o setor do Turismo: Hotelaria, restauração, Agências de viagens, Empresas de Animação turística, de Organização de eventos e de Espetáculos e as Discotecas. Todos estamos a sofrer com o ‘lock down’ e a perda de turistas e os hotéis não vivem sem turistas, sejam nacionais ou estrangeiros. Discriminar uns negócios e não outros e comparar hotéis a restaurantes só revela erro de análise ou desconhecimento da realidade”, esclarece Raul Martins, presidente da AHP.

De resto, adianta o dirigente da AHP ,“não se alcança o sentido de, no atual estado de emergência,  serem admitidas certas exceções, como as que se verificam para o comércio, e serem colocadas limitações em 121 concelhos aos empreendimentos turísticos e aos estabelecimentos de restauração. O que está a acontecer é que mesmo as poucas reservas que havia para estes dois fins de semana vão ser canceladas. Os hotéis são locais absolutamente seguros e as pessoas que neles se pretendem alojar não têm interesse em deslocar-se para estarem fechadas num hotel a maior parte do tempo e com horas para poder regressar a casa”.

O presidente da AHP destaca ainda que “a Hotelaria está já numa situação muito crítica, não há hóspedes, até ao final do ano estimamos que mais de 70% da oferta esteja encerrada e não reabra antes da primavera de 2021. Na época baixa, vivemos sobretudo das reservas de fim de semana e dos eventos, corporate, que está em trabalho remoto, e outros eventos, que este ano pouco há. E com o estado de emergência e com esta proibição da circulação nos 121 concelhos mais importantes do país, que correspondem a cerca de 7 milhões de pessoas, a situação é desesperante para quem ainda se mantém aberto”.

Raul Martins termina reforçando que “se somos os primeiros interessados em que exista um generalizado cumprimento das regras que permitam controlar o crescimento da pandemia no nosso país, não podemos concordar quando estas avançam com medidas pouco claras e discricionárias, decididas em cima da hora e sacrificam as poucas unidades hoteleiras e os trabalhadores que lutam por manter as suas portas abertas”.

O responsável recorda que está estimada uma quebra nas dormidas, em 2020, de 46,6 milhões, e uma perda de receita a 3,6 mil milhões de euros, o que representa uma quebra de cerca de 80% face a 2019.

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