Opinião: “Desafios para o Turismo e a Hotelaria”

Por a 23 de Janeiro de 2024 as 11:03

Num contexto de grande incerteza que carateriza este início de um novo ano, tempo para o turismo e a hotelaria sinalizarem um contrato de confiança com o futuro. Este é um contrato que não se faz por decreto, mas assenta num compromisso inteligente com as variáveis que farão a diferença no futuro. As agendas do digital e da sustentabilidade, que dominam as prioridades a nível europeu e nacional, terão também na área do turismo um laboratório experimental de iniciativas inovadoras e focadas em novas soluções com impacto concreto no terreno – a aposta em novos projetos inovadores e no alargamento de mercados representa um grande desafio para os principais operadores deste ecossistema. Um verdadeiro sinal de confiança no futuro.

O setor do turismo teve um crescimento exponencial nos últimos anos, representando cerca de 15% do PIB, com um contributo central em termos de emprego e de criação de capital social básico em várias regiões do país. Para além das fortes campanhas de promoção em mercados externos, o efeito da democratização do espaço aéreo – em particular com os fenómenos das low costs – e o desenvolvimento de uma imagem de marca do país – assente em tendências fortes como a da revista Monocle e outras afins – colocaram os nossos principais destinos nas grandes rotas internacionais. Um pouco por todo o país a base hoteleira – quer de grandes cadeias internacionais e nacionais, quer de dimensão mais independente – cresceu de forma exponencial, passando a existir uma oferta muito completa e variada em quantidade e qualidade.

Os turistas privilegiam cada vez mais o efeito de demonstração de experiências de qualidade que permitam desfrutar de fatores de distinção como a natureza, a cultura e outros atrativos interessantes. Os hotéis têm sabido responder a esta procura cada vez mais exigente e diversificada e quer nas cidades, quer nas zonas do interior, as ofertas de qualidade têm surgido a um ritmo impressionante, potenciando uma resposta estruturada com efeitos positivos nas economias locais e na sua base económica. Importa por isso neste momento de mudança, e em linha com um benchmarking estratégico internacional inteligente, proceder a um reposicionamento da cadeia de valor da oferta hoteleira, apoiada por uma cultura de inovação aberta e de inteligência coletiva reforçada e sustentada.

As mudanças estratégicas ao nível do comportamento da oferta e da procura não se fazem por decreto. Assentam antes num processo colaborativo e participado de reforço de uma cultura digital e de promoção de uma agenda de inovação e valor capazes de mobilizar redes de conhecimento e de partilha de boas práticas. Os desafios que o turismo e a hotelaria têm pela frente serão assim estratégicos para o seu futuro no contexto da nossa economia.

Francisco Jaime Quesado
Economista e gestor – especialista em Inovação e Competitividade

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