Resorts estão otimistas com operação de verão

Por a 4 de Maio de 2021 as 7:00

O verão está à porta e afinam-se os últimos pormenores para aqueles que se esperam meses de alguma retoma. Os resorts têm sido já apontados como uma alternativa à hotelaria tradicional devido às vantagens de espaço ao ar livre que oferecem. O facto de concentrarem, também, um maior número de serviços pode ser outro dos pontos positivos para hóspedes que queiram evitar demasiadas deslocações para fora das unidades.

Esta será a segunda época-alta que a hotelaria nacional irá enfrentar em pandemia. As previsões são ainda incertas mas há já algumas notas passíveis de tirar, tendo em conta a experiência de 2020: o mercado nacional será o principal cliente e as zonas com menos densidade populacional deverão continuar a ocupar o topo das preferências dos turistas. Relembre-se que, no ano passado, o Alentejo foi o destino com melhor performance e os alojamentos como turismos de habitação e turismos no espaço rural viram a procura subir.

Os resorts nacionais estão prontos para os meses vindouros e acreditam que têm uma vantagem competitiva face à restante oferta de alojamento. “É uma opção vantajosa se considerarmos que os hóspedes podem usufruir de um conjunto de serviços, dentro da unidade hoteleira sem necessidade de sair, com todas as garantias de higiene e segurança. Para hóspedes que queiram reduzir riscos associados à deslocação, ou acesso a serviços externos, a multidisciplinaridade de experiências e áreas nos próprios resorts podem ser decisivas na procura e na concretização de vendas”, explica Rodrigo Roquette, Marketing & Communications Director do 3HB Hotels.

O grupo AP Hotels & Resorts, que se prepara para inaugurar em junho/julho a quinta unidade no Algarve, o AP Cabanas Beach & Nature, concorda. “Os resorts apresentam algo único, o imenso espaço onde normalmente se implantam. No caso do AP Adriana Beach Resort temos 17 hectares de área, em que os quartos são pequenos edifícios espalhados pelo resort ao longo de grandes áreas de jardim e pinhal a apenas 200 metros da galardoada praia da Falésia. Não temos elevadores e as zonas de restaurante e bar têm áreas exteriores de médias ou grandes dimensões, ou seja, o espaço e o ar puro estão garantidos. Os resorts são, assim, bem diferentes do hotel tradicional que muitas vezes percecionamos, que é um edifício com elevadores e corredores por onde todos se cruzam. Nos resorts não, aqui o distanciamento social está garantido”, justifica Lino Martins, sales director do grupo.

Já Bruno Martins, diretor-geral do Vila Baleira Resort, em Porto Santo, descarta uma comparação entre os resorts e os hotéis e reflete sobre as mudanças no perfil de consumo dos turistas. “Não considero que haja qualquer tipo de vantagem especial dos resorts na procura pós-COVID, mas antes sim uma alteração de eventual perfil da procura. É normal que após um período de grande condicionamento da vida das pessoas exista ao mesmo tempo, uma grande vontade de sair e por outro, fazê-lo com as devidas precauções. Nomeadamente questões relacionadas com distância, destinos com bom controlo sanitário e com pouca ou nenhuma incidência do COVID-19 e as boas práticas praticadas pelos estabelecimentos”, diz.

Oferta está a ser adaptada
Apesar de os resorts contarem com uma vantagem no que diz respeito à elevada àrea, há outros aspetos da operação deste tipo de unidades que tem de ser adaptada para não descaracterizar a experiência de quem procura esta oferta. As atividades de animação diurnas e noturnas, o usufruto de espaços como piscinas e spas, o conceito de F&B assente em buffets, entre outros serviços, estão a ser readaptados para corresponder às normas de higiene e seguranças exigidas durante a estadia.

O Hotel Vila Galé Náutico, localizado em Armação de Pêra, tem já as diretrizes definidas. As atividades de animação irão seguir o funcionamento habitual mas priviligiando o espaço exterior. A aposta na tecnologia é uma aliada e o grupo desenvolveu uma plataforma digital, a ‘MyVilaGalé’, que permite que os hóspedes consigam alguma autonomia na aquisição de serviços. Através desta novidade é possível realizar o ‘check-in’ e ‘check-out’, reservar massagens e mesas no restaurante, aceder ao menu, consultar os programas de entretenimento e efetuar pagamentos.

As refeições têm de ser, obrigatoriamente, marcadas pelo cliente e o buffet deu lugar ao serviço ‘à carta’. O ginásio terá também capacidade limitada e ficam de fora da oferta alguns serviços de ‘wellness’ como a piscina de hidromassagem, a sauna, o banho turco e os balneários.

Esta lista de reajustes é praticamente comum a todos os resorts inquiridos que traçaram um plano de funcionamento que evite aglomerados e ofereça espaço aos clientes. O 3HB Club Humbria, em Albufeira, sublinha ainda a importância de manter um dos principais ‘ex-libris’ do verão em segurança. As piscinas, que são um dos principais atrativos durante os meses quentes, são alvo de um protocolo de desinfeção diário e as espreguiçadeiras serão colocadas de forma espaçada. Também o programa de animação foi reajustado e foram excluídas todas as atividades que requeriam contacto de grupo. O programa de animação noturna foi mantido embora tenha sido excluída a participação dos hóspedes, para reduzir contactos. No Kids Club foi ainda redefinida a capacidade máxima, sendo a sua utilização realizada por turnos e através de marcação.

Apesar de todas as alterações, a experiência não fica comprometida. “Os nossos clientes não terão qualquer problema em usufruir de uma experiência em ‘All Inclusive’ de qualidade. Existem adaptações e mudanças na forma de servir, mas estas fazem com que o cliente se sinta seguro e consiga usufruir de todos os serviços e facilidades. Temos o exemplo do nosso Parque Aquático que, ao ser exclusivo para os nossos clientes, acrescenta ainda mais valor a umas férias em família no 3HB Clube Humbria”, acredita Rodrigo Roquette.

Em Porto Santo, o Vila Baleira Resort irá tirar proveito das diversas atividades fora-de-portas como windsurf, kayak, vela, caminhadas, passeios de bicicleta, a cavalo e de barco ou mergulho. Horários alargados e serviço personalizado são a regra de ouro da unidade madeirense que afirma que o último ano foi de aprendizagem o que permitiu ajustar todos os serviços para que a oferta seja segura e adaptada à atual conjuntura.

O diretor-geral do quatro estrelas não olha para estas mudanças com constrangimento, pelo contrário, acredita que vêm melhorar a operação. “Por vezes, o número de hóspedes em plena época alta leva a que os espaços e serviços sofram alguma pressão. Esta pandemia veio provocar mudança de hábitos e comportamentos fazendo com que as mesmas experiências sejam agora mais apreciadas devido a menor pressão das mesmas. Estamos numa nova realidade. Não podemos querer fazer ou ter o que havia antes da pandemia, mas sim explorar o mesmo conceito de forma diferente. É verdade que, por exemplo, os ‘shows’ e festas após o jantar eram um dos pontos altos, mas talvez com alguma animação ambiente e com os espaços devidamente preparados e equipados as pessoas possam usufruir e valorizar o seu tempo em família de outra forma”, acredita Bruno Martins.

Apesar de todas as vantagens, é inegável, que as restrições em espaço são um dos maiores desafios que as unidades enfrentam. “A limitação de ocupação é um dos maiores constrangimentos. Tal como no ano anterior, não se pretende vender unidades a 100%, especialmente as de grande dimensão. Queremos ter esse cuidado para ter uma operação que flua normalmente e sem constrangimentos e ou filas por exemplo. Queremos vender também qualidade”, explica o sales director do grupo AP Hotels & Resorts.

Otimismo na operação de verão com mercado interno a liderar
As expetativas para os próximos meses são otimitas. “Acreditamos que os meses de verão serão muito semelhantes ao ano anterior, com agosto a registar a melhor taxa de ocupação seguido de setembro. Tendo em conta o evoluir da recuperação o mês de julho registou valores mais baixos em termos de ocupação. Quanto a mercados o destaque é o mercado nacional, mas contamos receber também hospedes franceses, ingleses e alemães”, indica o administrador do grupo Vila Galé, Gonçalo Rebelo de Almeida. O Hotel Vila Galé Náutico deverá reabrir a 21 de maio e encerrar novamente em novembro.

O grupo Vila Baleira Hotels & Resorts manteve, durante o último ano, as duas unidades, em Porto Santo e no Funchal em operação. No primeiro caso, houve uma quebra de 75% na faturação. “Conseguimos aceder a apoios fundamentais para manter mais de 50 postos de trabalho. Com a redução do período normal de trabalho, conseguimos manter os serviços mínimos e desta forma dar um sinal de resiliência e de luta contra esta pandemia para bem de todos os que nos queriam visitar durante este período e as nossas equipas. No Funchal, com outra realidade, e sendo um hotel de menor dimensão, fruto de ser uma unidade totalmente renovada e em excelente localização, conseguimos manter algum volume de negócio que, apesar de estar muito longe do desejado, permitiu manter igualmente os postos de trabalho e dar a conhecer o nosso hotel para todos os mercados que procuram a ilha da Madeira durante este período”, conta Bruno Martins.

O diretor-geral do resort na ilha de Porto Santo está confiante no verão de 2021. “Estamos para já satisfeitos pelos sinais dados pela procura pelos Hotéis Vila Baleira, especialmente o Vila Baleira Resort na ilha do Porto Santo. O ritmo das reservas está a correr bem e esperamos sinceramente um bom verão se a pandemia mostrar sinais de estabilidade de poucos casos no território nacional. No melhor cenário, esperamos um crescimento do mercado nacional, que será o dominante este verão, seguido da Dinamarca e eventualmente mais um mercado emissor estrangeiro. Tudo dependerá no entanto da evolução da pandemia”, acrescenta.

O 3HB Clube Humbria reabrirá na segunda quinzena de junho e regista já algumas reservas maioritariamente do mercado interno. “O pick-up está mais lento que em anos anteriores, o que é normal dada a conjuntura. Outros mercados mostram sinais de procura, que vão crescendo à medida que se aproxima o verão”, acrescenta o Marketing & Communications Director do 3HB Hotels.

O grupo AP Hotels & Resorts alinha nas previsões, colocando a tónica nos turistas residentes, embora esteja confiante no crescimento do mercado internacional e refere ainda a previsão de uma procura ‘last minute’. “Notamos uma grande procura para as unidades que disponibilizam o regime de ‘Tudo Incluído’. Obviamente que a maior origem dos clientes provém do mercado nacional e centra-se em julho e especialmente em agosto. Nas unidades que disponibilizam o regime de TI, registamos taxas de ocupação já acima de 50% nos meses de verão. Contudo, é importante dizer que este ano esperamos uma forte procura em última hora e também de mercados internacionais. Ou seja, no último verão quase não tivemos clientes internacionais e este ano acreditamos que será diferente para melhor com a presença de clientes de outras origens”, conclui Lino Martins.

*Artigo publicado na edição 182 da revista Publituris Hotelaria

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