O dia seguinte

Por a 23 de Abril de 2020 as 12:01

As estimativas da neoturis sobre o impacto da pandemia no setor do alojamento turístico apontam para:

Em Lisboa: a taxa de ocupação quarto, que em 2019 se situou nos 76,1%, vai cair cerca de 33 p.p. e situar-se-á nos 42,6% em 2020; Os proveitos totais por quarto ocupado, que se situaram nos 182 euros em 2019, ficarão nos 148,5 euros em 2020 (- 18,4%). Ou seja, para um total de proveitos de 1 359 milhões de euros em 2019, iremos evoluir para 637 milhões de euros em 2020, uma redução de 722 milhões de euros (- 53,1%).

No Algarve: a taxa de ocupação quarto, que em 2019 se situou nos 65,8%, vai cair cerca de 29 p.p. e situar-se-á nos 36,8% em 2020; Os proveitos totais por quarto ocupado, que se situaram nos 115 euros em 2019, ficarão nos 80 euros em 2020, ou seja, uma redução de 30,5%. Para um total de proveitos de 1 226 milhões de euros em 2019, iremos evoluir para 495 milhões de euros em 2020, uma redução de 731 milhões de euros (- 59,6%).

Estas estimativas – que falam por si – reportam-se a 24 de Março – e é importante que esta data seja referida – sendo que a 1 de Abril, data a que escrevo este artigo, uma mesma estimativa não seria muito diferente e nunca para melhor.

E por serem momentos que muitos consideram disruptivos para o futuro do setor (como é que a gigantesca indústria do transporte áéreo vai reagir ?), importa iniciar ontem a reflexão sobre a estratégia do dia seguinte e a forma como Portugal, enquanto destino, e os seus empreendimentos turísticos, se devem preparar para o dia seguinte; mais importante ainda, num contexto em que os vários destinos concorrentes – na Europa ou fora dela – irão também voltar ao mercado com políticas promocionais e comerciais agressivas, pretendendo todos uma diferenciação e maior competitividade na atração de investimento e na operação diária.

 

Ao nível da atração de investimento

  • Facilidade | Celeridade dos processos de licenciamento, associadas a uma comunicação rápida – e mandatória – entre investidores e a administração pública;
  • Flexibilidade na evolução de programas de áreas e conceitos. Os investidores necessitam de um quadro regulatório claro, mas que permita ajustamentos ao projeto ao longo do tempo.
  • Fiscalidade competitiva ao nível do investimento e da operação.

 

Ao nível da operação

  • Garantir, no terreno e na percepção dos mercados emissores que estão a ser implementadas medidas de higienização transversais a colaboradores e fornecedores, áreas públicas e privadas, não só no alojamento, mas em praias ou visitor attractions, em aeroportos e autoestradas;
  • Desenhar – e apresentar – os planos de contingência preparados na eventualidade de ser identificado algum caso ou suspeitas, com toda a cadeia de contatos, procedimentos e entidades alinhadas.

 

É, naturalmente, mais fácil escrever um artigo neste contexto do que desenhar e implementar as medidas. Mas o momento disruptivo obriga a atitudes excepcionais e, por isso, o desafio aos setores público e privado!

Eduardo Abreu, partner neoturis

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