Quem quer casar com um Diretor de Hotel?

Por a 16 de Dezembro de 2019 as 17:33

Diretor ou Diretora, não é uma questão de género. É uma questão de género de vida, opções, escolhas…
Segundo o World Health Organization, o burnout ou síndrome resultante de stress crónico no local de trabalho que não foi gerido com sucesso, é considerado como um fenómeno ocupacional e já tem diagnóstico médico oficial.

Este tema está entre os cinco que mais preocupam as organizações hoje em dia. E todos os dias assisto às consequências da situação de desgaste extremo em que muitos gestores de topo se encontram. O impacto desta condição traduz-se na exaustão emocional, despersonalização, desumanização e…. baixa produtividade.

E a pior das notícias? O burnout enfraquece a performance do gestor e é contagioso. Porque a emoção é energia e a energia é algo que se sente, em qualquer organização, quem está dentro absorve facilmente o estado de um líder.

Mais do que uma provocação, o título deste artigo é um apelo muito sério. Aí está algo que tenho testemunhado junto de muito profissionais inseridos em diferentes geografias e realidades empresariais. A verdade é que existe uma larga fatia de profissionais que no desempenho da função de diretor ficam com a vida pessoal à margem da sua outra vida.

O problema é que não temos duas vidas, apenas uma. E um diretor que vive com sensação permanente de sobrecarga, exaustão física, desmotivação e sensação de perda de sentido, facilmente adota como defesa uma atitude distante, sem afetividade e sem empatia. Quase sempre involuntariamente, sem consciência.

Num sector onde a capacidade de relacionamento é umas das competências centrais, que exemplo pode estar a passar um líder de uma unidade de negócio? E em casa? Todos sabemos que esta situação profissional deteriora a qualidade de vida do casal hoje e reduz gravemente a probabilidade de sucesso das relações amanhã. Mais grave ainda é que nos afeta a todos, porque hoje é o amanhã.
A geração millennial, que quer outra forma de viver e que (a este nível) sabe bem o que quer e o que não quer, assiste a este cenário e declara… “Eu não quero isto para mim”.

Desengane-se quem pensa que a maioria dos jovens não quer trabalhar. Eles têm uma enorme vontade de contribuir, mas com sentido, significado e propósito.

A geração que agora vive entre os 40 e os 50 quer fazer o caminho de volta. Voltar à vida!
Os millenials têm muito para nos ensinar, eles fazem do caminho de ida, o caminho de volta. Sabem que não querem o sabor amargo do arrependimento.

Os gestores fragilizados precisam de suporte das organizações e de uma estratégia de liderança pessoal para poder recuperar, usar competências e para estar à altura das escolhas mais conscientes para o bem individual e colectivo.
A escolha é uma habilidade muitas vezes esquecida! Segundo a Psicologia, habilidades são traços de personalidade (padrões de pensar, sentir e agir) que permitem atingir um determinado desempenho. A boa notícia é que um padrão de pensamento pode ser alterado.
O hoje é o amanhã.

* Cristina Madeira, Specialist on Human Capital Development e ICF Certified Executive Coach & Team Coach.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *