A ausência da excelência e do talento

Por a 25 de Setembro de 2019 as 11:09

Como preâmbulo a este artigo de opinião convém esclarecer que existem exceções e que, além de servirem para confirmar a regra, se referem a todos aqueles que fazem a diferença … e a que se chama de forma mais vulgar, talentos, porque se preocupam e fazem acontecer a excelência.

Longe vão os tempos em que os profissionais que estavam a começar uma carreira, se “digladiavam” para subirem na mesma e para isso trabalhavam com grande afinco, o melhor que conseguiam e podiam para se mostrarem às chefias e serem os próximos a serem promovidos. Fosse em que nível fosse. Tivemos muitos casos, por exemplo, no setor da hotelaria, do profissional que de bagageiro chegou a um excelente diretor geral, que de estagiário de gestão chegou a um excelente diretor geral ou administrador. O trabalho e esforço foram, em muitos casos, talvez nem sempre, infelizmente, mas certamente em muitos, recompensados, tal e qual a história de ficção de quem construiu uma casa forte de tijolo e brincou menos, mas quando a tempestade chegou protegeu-se a si e aos outros … (nunca vi ninguém reclamar pelos outros terem construído casas mais fracas e brincado muito, curioso!).

Certamente existiram alguns excessos, que serão sempre de lamentar, mas na globalidade todos tentavam “subir” através do trabalho realizado para terem uma vida melhor e darem aos seus filhos uma vida melhor. Aos mais bem-sucedidos, jovens ou seniores, chamavam-se talentos, líderes ou futuros líderes, mas na generalidade todos representavam, sempre, o futuro. Um futuro melhor, mais produtivo e mais capaz.

Hoje, passa-se por um shopping e vê-se um anúncio, “precisa-se empregado/a”, vamos na rua e nas lojas, restaurantes e cafés, lemos na montra, “procura-se empregado/a”, vamos na autoestrada e vemos camionetas de passageiros com cartazes nos vidros a dizer “recrutam-se motoristas” e a lista continua. Ouvimos carpinteiros que dizem que não arranjam ninguém para trabalhar, motoristas de passageiros a dizerem que não conseguem encontrar condutores e por aí fora.

Quando se consegue recrutar já é uma “alegria” e logo começa a segunda fase, a dos direitos sem obrigações e até o direito à indignação quando alguém dá uma indicação de como o trabalho deve ser feito.

Mas e no meio de tudo isto, onde fica o talento? Onde estão os profissionais que fazem a diferença e a exceção? Procuram-se talentos e devem ganhar o que for preciso ou for possível pagar, para todas as posições hierárquicas. Procuram-se profissionais que se preocupam mais em criar valor, em inovar do que em reivindicar direitos, pois terão sempre todos os direitos, pois todos os querem porque são os melhores. Talvez uma forma de seleção seja quem se preocupa mais nas obrigações e nas metas do que nos direitos. Terá certamente um salário muito superior quem faz a empresa crescer, quem faz os clientes sorrirem e voltarem. Sejam bem-vindos os talentos! E que os gestores os saibam reconhecer

*Opinião de Miguel Velez, CEO & Founder Unlock Boutique Hotels.
**Artigo publicado na edição de setembro da revista Publituris Hotelaria

Um comentário

  1. Paulo António

    25 de Setembro de 2019 at 17:04

    Falas de obrigações, e em particular na hotelaria, com quem aufere 600€ de salário bruto? Certamente que nunca foste bagageiro. Não sabes o que é o sentimento de ser explorado!? Ou não te expressas bem, ou estás aquém da realidade actual.

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