A crise e o impacto nos hábitos e consumo

Por a 17 de Abril de 2020 as 16:06

Há desafios difíceis de concretizar, porque para os fazer, teria de ter o dom de ver o futuro e, como se tem visto ultimamente aqueles que se vangloriam de o fazer, parece também que não o têm conseguido com muita eficácia.

Por outro lado, o diretor/gestor, toma decisões baseadas nos sinais que consegue percecionar à sua volta. Tenho lido e pensado sobre o que devemos fazer para preparar as reaberturas, por isso aceitei com muito gosto o desafio de escrever sobre o Day After.

Como é óbvio, qualquer opinião sobre este assunto, será sempre altamente discutível e tem por base a forma como estamos e como vivemos estes momentos. No meu caso, sou por princípio otimista e acredito que não nos devemos vangloriar em momentos bons, o contrário já não é verdade e em momentos maus, devemos de puxar todos os nossos galardões, para mostrar às equipas e clientes, porque é que Portugal, tem sido considerado nos últimos anos, o melhor destino turístico e um dos países mais seguros mundo.

O desafio que hoje se coloca, é percebermos o que vai mudar nos próximos tempos, nas necessidades dos nossos clientes, com o otimismo, eu diria que depois de uma primeira fase que será curta, iremos rapidamente retomar os nossos hábitos de consumo. No dia em que estava a escrever este artigo, fui visitar o site FLIGHTRADAR sobre a Península Ibérica, praticamente não havia aviões, mais particularmente em Portugal, o único avião que estava a aterrar, trazia máscaras compradas pelo Governo português. Sabendo nós, a importância que os aviões têm na movimentação do turista, e sendo claro que as companhias estão com voos reduzidos, quando retomarem as suas operações, o efeito não é imediato, este sinal, deverá ser interpretado com alguma preocupação para o futuro imediato, sabendo nós que 90% dos nossos turistas chegam de avião. No entanto, por mais que vários especialistas afirmem que os consumidores vão evitar o uso do avião, custa-me a crer que quem estiver por exemplo, habituado a viajar para Madrid, em uma hora, passe a optar por ir de carro e demorar nove horas, ou que um cliente espanhol, deixe de ir à praia e fique em Talavera de La Reina, a tomar banho numa piscina.

Esta crise, é por muitos comparada com a Gripe Espanhola, que assolou a Europa nos anos de 1918/1919 e que atingiu um terço da população mundial e vitimou 5% da mesma. As empresas que nessa altura praticamente não tiveram a ajuda dos governos, demoraram sete meses a recomporem-se e a sair da crise, dando em seguida azo ao crescimento que é conhecido nos anos 20.

Como é conhecido, os Governos e Bancos Centrais Mundiais, têm criado uma série de pacotes financeiros de apoio à economia. Face ao diminuto risco do aumento da inflação, os Bancos Centrais, nomeadamente a FED, o BCE e o Banco de Inglaterra, anunciaram, cortes nas taxas diretoras, bem como programas de compra de ativos e injeção de liquidez de dimensões sem precedentes. Também a Comissão Europeia, criou medidas de suporte ao setor empresarial e à proteção do emprego, no valor de trinta e sete mil milhões de euros, flexibilizou as regras e a disciplina orçamental, permitindo a cada país adaptar melhor às suas necessidades.

Apesar destas evidencias, é óbvio que os clientes irão estar mais atentos à segurança sanitária, mas para aqueles que estão menos atentos, esta matéria já vinha a ser discutida à vários anos, porque após os atentados de onze de setembro, começou a estudar-se a forma de evitar atentados biológicos nos hotéis. Não querendo eu dizer, que estamos perante um atentado ou uma guerra biológica, a verdade é que muitos dos ensinamentos, podem ser usados, nesta pandemia. Exemplo disso, passa pelo controle de acessos e o número de clientes, que podem estar num espaço, nos caso do F&B, e dos tão falados Buffet`s, poderá passar a usar-se um serviço, mais personalizado ao cliente, no caso dos afiambrados, queijos, ovos, etc, obrigando o cliente a manter alguma distância do buffet e nos restantes produtos optar por serviço de mono dose.

É obvio, que nos vai obrigar a readaptar as nossas unidades às novas condicionantes, mas acredito, que todos nós que também somos clientes, e que nos habituamos a viajar, a assistir a espetáculos, em que as fronteiras não existiam, passado este primeiro embate, deixemos de ir ao Nos Alive, ao Rock in Rio ou a algum espetáculo numa capital europeia, para optarmos por uma festa, numa aldeia, porque lá só estarão dez pessoas.

É verdade, que a geração que tem até cinquenta e cinco anos, provavelmente, esta é a crise, mais difícil que até agora passou. Se voltarmos ao site dos Aviões, se abrirmos o mapa para ver o mundo inteiro, vamos descobrir, que naquela hora, afinal há milhares de aviões no ar.

Acredito que tudo o que não nos mata, deixa-nos mais fortes. Nesta altura, precisamos de trocar informações e dados, entre os vários setores (aviação, agentes de viagens, hotelaria, restauração e eventos), para percebemos qual a tendência do cliente, de forma a podermos adaptar as ofertas à procura.

Termino como comecei, não consigo adivinhar o futuro, mas acredito que a qualidade, a segurança e o profissionalismo do nosso setor, vai-nos ajudar a sair desta crise, mais fortes e mais unidos.

*Raul Ribeiro Ferreira, presidente da ADHP

Um comentário

  1. Frutuoso Mendes

    21 de Abril de 2020 at 19:39

    Boa tarde meu caro. Concordo plenamente a que reinventar tudo com otimismo, os bufete podem protegidos com acrílicos com design atrativo assim como os balcões podem ter proteções dando uma maior confiança ao consumidor e todos temos de contar com o bem fazer e receber dos profissionais do setor, a acrilcorte dispõe se a colaborar com todos os hoteleiros com os seus produtos e propostas. Viva Portugal Frutuoso Mendes

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