AHRESP defende apoios a fundo perdido para a tesouraria das empresas

Por a 3 de Abril de 2020 as 14:41

74% das empresas de alojamento e restauração encontram-se encerradas. E destas, 49% admite recorrer ao regime de ‘lay off’ para fazer face à crise causada pela pandemia COVID-19. Esta é uma das principais conclusões do inquérito da AHRESP realizado junto dos seus associados de 1 a 3 de abril.

Ao todos foram 1.819 respostas válidas, e representativas dos setores da restauração e bebidas e do alojamento turístico que responderam ao inquérito da associação.  Das empresas que indicaram que vão avançar para lay off, 70% refere que não consegue pagar salários em abril se a Segurança Social não entregar o apoio a tempo, enquanto cerca de 74% das empresas afirma que o lay off é para aplicar à totalidade dos trabalhadores. Também  75% das empresas vai colocar os trabalhadores com suspensão total da prestação de trabalho, 18% com redução parcial de horário e 7% refere ter os trabalhadores nas duas situações.

Março foi já um mês negro para as empresas do setor, com 30% a admitir que não conseguiu pagar os salários do referido mês. Apesar disso, 94% das empresas não efetuou despedimentos em março e dos restantes  6% que o fizeram, 44% referiu ter dispensado um trabalhador.

Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, salientou, em video-conferência esta sexta-feira, que o impacto da COVID-19 “na faturação e no emprego é tremendo”, com cerca de 80% das empresas a estimar uma ausência total de faturação (zero vendas) em abril e em maio.

No que refere às medidas de apoio disponibilizadas pelo Governo, Ana Jacinto salientou que estas estão ainda aquém das cerca de 40 medidas propostas e entregues pela associação à tutela. O único apoio, segundo a responsável, que as empresas conseguem recorrer no imediato é o acesso ao regime de ‘lay-off’ e a linha de crédito a micro empresas disponibilizada pelo Turismo de Portugal. Quanto às restantes linhas de crédito anunciadas, a secretária-geral da AHRESP referiu que  “não são o mecanismo mais adequeado, devido a não serem de fácil acesso”, além de implicar um endividamento elevado por parte das empresas que, após pandemia e quando os negócios retomarem, dificilmente vão conseguir fazer face aos pagamentos.,

Assim, segundo o inquérito, 77% das empresas indicam não terem recorrido aos apoios financeiros disponibilizados, enquanto das 23% empresas que o fizeram, a linha de apoio do Turismo de Portugal foi a mais referenciada (56%).  58% das empresas refere que as linhas de apoio financeiro não são adequadas às necessidades das empresas, e indicam apoios a fundo perdido, isenção de impostos e encargos financeiros, como as principais soluções para apoiar o tecido empresarial. “O que temos vindo a defender é dinheiro a fundo perdido para apoiar a tesouraria das empresas”, sublinhou a responsável, que alertou serem urgentes “medidas sérias de apoio à tesouraria das empresas”. Ana Jacinto receia que as empresas possam “não morrer da doença, mas da cura”, se o Estado não tomar medidas mais imediatas e que correspondam às atuais necessidades das empresas do setor.

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