A importância de se manter as relações profissionais e alguns velhos ditados

Por a 18 de Fevereiro de 2019 as 15:21

 

O momento é de festa, o turismo cresce e por mais que as projeções de desaceleração económica para os próximos anos indiquem números um pouco mais modestos para o PIB português, falamos de um setor que representa o equivalente a 13,7% da economia. Uma percentagem muito elevada: Portugal tem maior dependência do turismo do que países como Itália e França.

Agora, abandonando um pouco os números, é notável o aumento da procura e corrida do setor pelos melhores profissionais. Hotéis boutique, grandes cadeias, hotéis familiares, resorts, não importa, todos os que têm a responsabilidade de procurar e contratar profissionais, especialmente para posições de liderança, sentem na pele a dificuldade. Quando um profissional muda de empresa gera-se uma reação em cadeia, o seu cargo fica vazio e a empresa procura outra pessoa, que por sua vez deixará um espaço livre e assim por diante. Esta dinâmica faz com que muitos profissionais tenham um acrescido número de propostas, sejam elas apresentadas por headhunters, contactos pessoais ou diretamente com as empresas hoteleiras. E isto é bom, certo? Do ponto de vista do profissional sim, é quase consenso que este é um bom momento para um salto na carreira, procura de aumento salarial, etc.

Porém, tenho notado uma falha simples que muitas vezes passa desapercebido aos profissionais que estão nesta corrida pela vaga ideal. Alguns deles têm-se esquecido de manter e nutrir as relações pessoais que criam. Explico: não é novidade ouvirmos alguns interlocutores, decisores em processos de seleção, que não querem incluir determinado profissional no processo seletivo. Quando vamos aos motivos temos uma surpresa, muitas vezes não se trata de questões técnicas ou referências negativas relativas à sua performance, trata-se de displicência, ou falta de comprometimento com compromissos assumidos no passado. Agendar uma entrevista com um possível empregador e simplesmente não aparecer sem justificativa, receber uma oferta e nunca mais atender o telemóvel, faltar a uma entrevista final com a direção. Isto acontece, e muito! Especialmente num momento de abundância de ofertas.

Esta falta de cuidado pode parecer sem importância, mas gera uma depreciação de imagem aos profissionais que a praticam (de entry level até diretores), e aquele velho ditado faz-se valer: nunca se sabe o dia de amanhã. Uma empresa não tão interessante hoje pode crescer, um interlocutor desapontado pode tornar-se um futuro decisor num novo processo de seleção, e as probabilidades multiplicam-se, ainda mais num mercado em que há muita troca de informação entre executivos do setor.

No entanto, a solução é muito simples e também remete outro velho ditado: nunca trate os outros de modo que não gostaria de ser tratado. Agradeça oportunidades, deixe de avançar em processos que não lhe interessam tanto, seja assertivo e cordial na comunicação, e por aí vai, dicas simples, mas que na ansiedade de se conseguir a vaga perfeita, podemos plantar sementes que não queremos colher no futuro.

Léo Capelossi – Manager Michael Page Commercial & Marketing

* Artigo publicado na edição de janeiro da revista Publituris Hotelaria

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *