AHP reúne com hoteleiros de Fátima e toma posição contra taxa turística

Por a 29 de Novembro de 2018 as 15:40

A AHP – Associação da Hotelaria de Portugal e os hoteleiros do destino turístico de Fátima estão “totalmente surpreendidos” com a iniciativa da Câmara Municipal de Ourém de criação de uma “taxa municipal de ocupação turística”.
Em comunicado, a associação considera que, além “de desajustada à realidade de Fátima, esta inoportuna medida prejudica fortemente os hoteleiros locais, relativamente aos demais agentes económicos daquele destino”.
A AHP chama a atenção para o facto do destino turístico Fátima/Templários ser o destino com mais baixa performance hoteleira do país, o que decorre “de ser fortemente marcado por picos de visitação, de uma grande quantidade de oferta de alojamento, da sua dependência da tour operação e de proximidade a outros destinos”.
A AHP aponta os bons resultados que ocorreram com a vinda do Papa Francisco, que coincidiu com a comemoração do Centenário das Aparições, refletindo-se num acentuado crescimento da taxa de ocupação e dos preços em 2017. “É importante sublinhar que 2017 foi um ano de carácter totalmente excepcional para a realidade de Ourém-Fátima. Este facto é comprovado também pelo trajecto e descida dos indicadores para 2018, resultando à data em performances similares a anos anteriores a 2017”. A associação lembra que a taxa de ocupação, no acumulado até setembro 2018, caiu 8,4 p.p. (48%) e o REVPAR caiu 10% (fixando-se nos 29€). Para lá da comparação relativa homóloga mostrar quão relevantes são os eventos extraordinários para este destino, os seus resultados são, objectivamente, muito díspares da média nacional, onde a taxa de ocupação, neste período de 2018, foi de 72% e o REVPAR de 70€ (subiu 6%).
Também por isso a AHP considera que a proposta de criação de uma taxa turística é totalmente desadequada e que demonstra desconhecimento da realidade com que se debatem os empresários deste destino.
Raul Martins, Presidente da AHP, afirma “O turismo em Fátima é um turismo de peregrinação e visita. O turista de Fátima não é um turista típico, não sendo necessariamente um hóspede. Pelo que não podemos sobrecarregar os hoteleiros com esta taxa que não traz vantagens para o desenvolvimento turístico do destino, não tem qualquer fundamento económico-social e não é sustentável quanto à sua legalidade. E mais”, acrescenta o dirigente da AHP, “a gravidade de uma medida deste tipo teria um impacto directo também sobre o comércio, restauração e serviços de Fátima. É nosso entendimento que deve haver diálogo entre a Câmara Municipal de Ourém e as associações em representação dos hoteleiros e demais parceiros da atividade turística, e todos pugnarmos pela afetação parcial do denominado “IVA turístico” ao Concelho, para ser alocado a investimento que venha melhorar qualidade da experiência do visitante e da vida da população que trabalha e vive do Turismo. Esperamos, sinceramente, que não seja tomada uma decisão que iria colocar em causa a sustentabilidade do destino”, conclui o Presidente da AHP.
A AHP reuniu com mais de três dezenas de hoteleiros, associados e não associados, em Fátima, a 13 de Novembro, que se manifestaram “unanimemente contra” a referida taxa.
A associação afirma que  assumiu a posição para a qual foi mandatada pelos seus associados, pelo que entregou a sua contestação em sede de consulta pública da proposta de regulamento.
Também a ACISO, maior associação regional do Concelho de Ourém, está “frontalmente contra esta taxa”.

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