O Estado da Nação Hoteleira: Transporte Aéreo (Cont.)

Por a 10 de Julho de 2017 as 15:02

A pergunta focava-se no esgotamento da capacidade aeroportuária de Lisboa. Mas depressa foi extrapolado para o transporte aéreo em geral, e com toda a razão.

Raul Martins tomou as rédeas da conversa: com o aeroporto a esgotar a sua capacidade este ano, é necessário arranjar soluções rapidamente, visto a solução governativa mais consensual no momento, ‘Portela + Montijo’, ainda levar uns anos a estar pronta. Soluções: optimização do horário nocturno em Lisboa, a TAP utilizar o Porto com hub e as companhias operarem aviões com mais capacidade no Aeroporto Humberto Delgado.

É pela voz de José Theotónio que estendemos o tema ao transporte aéreo em geral, onde as low cost e a evolução do sector de aviação permitiu que Portugal deixasse de ser periférico e fosse uma porta de entrada da para mercados como os EUA. A TAP, defende, por um lado, “está a abrir mercado”. Por outro, foi a estratégia da companhia que “está a congestionar o aeroporto de Lisboa, nomeadamente ao transformá-lo no seu hub, onde, segundo dados da própria TAP, 70% dos clientes da placa giratória não param na cidade e o Turismo “não ganha nada”.

“É crucial a resolução do aeroporto” e adoptar soluções como as já referidas, diz.

Noutras regiões do País, nomeadamente a Madeira, é a falta de transporte aéreo e opções que condicionam o Turismo e que urge em resolver. No caso do arquipélago, avisa o CEO dos Pestana, a dependência dos operadores turísticos agrava as perspectivas futuras.

Carlos Silva Neves salienta a importância do Aeroporto Humberto Delgado dentro da cidade como factor competitivo.

À procura do equilíbrio

O tema da distribuição voltou a ser falado neste capítulo. Desta feita não só os custos, mas, também, o factor da dependência, maioritariamente pelas plataformas online. Mas em alguns casos, como a Madeira, dos operadores turísticos.
A mesa é novamente unânime ao defender o equilíbrio entre os vários canais como o cenário preferível. ‘Dividir para reinar’.

Há, no entanto, vozes que se destacam na defesa do ‘dividir para reinar’. É o caso de José Theotónio e Gonçalo Rebelo de Almeida, este último a alertar para três situações: os custos da desintermediação, seja ela qual for; haver sempre um intermediário, nem que seja a publicidade para captação directa; e o investimento considerável neste modelo e angariação de hóspedes.

Já Manuel Proença acentua a necessidade de criar destinos “com força”, dando como exemplo o Porto, que, na sua criação enquanto destino turístico, deu subsídios às companhias low cost para as a atrair e, agora, são estas que precisam do destino. “Quando conseguimos inverter a situação, estamos no caminho certo”, sublinha.

Regulação da oferta e Alojamento local

A conclusão aferida é unânime: trata-se de um não tema. A única regulação que o mercado precisa é uma que permita um maior equilíbrio entre o negócio hoteleiro e o Alojamento Local.

Afirmando que este negócio é uma realidade transversal a todas as grandes cidades, Manuel Proença apela à sua regulação, nomeadamente através e uma análise por parte das Câmaras ao que pode ser feito em cada bairro, sob pena de isto criar sérios problemas aos mais variados níveis, nomeadamente a segurança e a convivência entre o Turismo e a comunidade.

Ricardo Martins diz ver o fenómeno “como natural” e que ajudará, inclusive, a “posicionar o nosso preço”. Contudo foca, também, a questão da “grande diferença entre a instalação” de ambos negócios e o factor de segurança, quer dos turistas, quer dos próprios espaços: “É inevitável a questão de ficarmos mal-afamados de hoje para amanhã por um azar que aconteça”.

Carlos Silva Neves diz mesmo que o Alojamento Local “não é incompatível com as unidades hoteleiras. Uma coisa não tem nada a ver com outra, nem se pode comparar”. Recusa o epíteto de concorrência, mas assume a diferença de “requisitos de exigibilidade” e as possíveis consequências na imagem dos grupos e do País como destino.

“Ninguém contesta que ajudaram a criar o destino”, afirma José Theotónio, defendendo igualmente a regulação.

Raul Martins deixa claro que “os hotéis não estão contra o Alojamento Local, o problema é entre os utilizadores e os proprietários”. Importa, porém, a salvaguarda do turista, comunidade e espaços: “Esta situação tem que ser regulada em termos de segurança, de utilização e, depois, em termos de carga da cidade.”

* Este artigo foi publicado na íntegra na edição de Junho, número 137, da revista Publituris Hotelaria

** Leia a primeira parte do artigo online aqui

2 comentários

  1. Isabel Xavier

    12 de Julho de 2017 at 12:58

    O desvio do tráfego aéreo para o montigo e uma ideia..pratica

  2. Isabel Xavier

    12 de Julho de 2017 at 12:56

    E bom que encontrem soluções e rápidas para a sobrecarga dos aeroportos..mas soluções no terreno não ideias..teóricas

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