Hotelaria nacional seduz investimento total de 469 milhões de euros no 1º semestre

Por a 9 de Outubro de 2019 as 14:35

Nos primeiros seis meses do ano foi atingido um novo recorde de investimento em ativos hoteleiros. Marcas internacionais preferem apostar em Lisboa e Porto e num segmento de luxo. Minor Hotels é responsável pela maior transação num negócio de 313 milhões de euros. Norte-americanos e asiáticos são quem mais investe. 

Apesar de estar a ser um ano de águas menos agitadas para o Turismo em Portugal, com um crescimento a atingir a estabilização, o país não meteu travão no que à sedução de investidores diz respeito. Só nos primeiros seis meses de 2019 foram investidos 469 milhões de euros em ativos imobiliários hoteleiros , um crescimento quatro vezes superior ao do mesmo período do ano passado (111 milhões de euros), revela o estudo “Hotel Investment in the Iberian Peninsula: Expansion & Evolution – What’s Next?”,  apresentado esta quarta-feira, 09, pela Cushman &Wakefield.

Uma grande parte desta fatia diz respeito à venda dos hotéis Tivoli ,do grupo Minor, ao NH Hotel Group, num negócio avaliado em 313 milhões de euros. Esta é a maior transação hoteleira nacional, um marco “dificilmente repetível”, acredita Gonçalo Garcia, head of hospitality da consultora em Portugal.

O novo recorde para o país supera o pico máximo anual anterior, atingido em 2008 no valor de 275 milhões de euros. No contexto ibérico, esta é também a primeira vez que Portugal não só iguala, como ultrapassa a vizinha Espanha, que registou um valor de 461 milhões de euros entre janeiro e junho deste ano.

O crescimento do turismo, a flexibilidade dos modelos de negócio e a estabilidade económica são fatores que têm seduzido os investidores. No perfil internacional, os norte-americanos e asiáticos são quem mais está a apostar na hotelaria em Portugal.

Na hora de escolher onde meter o pé, e o dinheiro, a nível ibérico, 59,4% dos investidores prefere apostar em zonas costeiras, 20,8% opta pelas regiões urbanas e apenas 4,7% ficam seduzidos com as zonas rurais.

Se o investimento hoteleiro em Portugal vai de vento em popa, por terras  espanholas o cenário começa a tomar outros contornos. Só este ano, no período aqui escrutinado, o investimento caiu para perto de metade (-46%) face ao primeiro semestre de 2018,  que somou 850 milhões de euros transacionados (contra os agora 461 milhões de euros).

Outro recorde a juntar à lista de Portugal, diz respeito  ao preço médio por quarto transacionado na última década. Só no ano passado, Portugal atingiu os 338 mil euros contra os 140 mil euros registados em Espanha.

Esta discrepância justifica-se pelo ativo em jogo. Se em Portugal a maioria dos investidores prefere apostar num segmento de luxo, upper scale, já em Espanha a moeda é posta em ativos de menor classificação, numa gama mais média, esclarece Bruno Halle, co head of hospitality em Espanha.

Marcas internacionais preferem grandes cidades e segmento de luxo

O número de hotéis em terras lusas que representam uma insígnia internacional corresponde a uma fatia de 38% do bolo total da praça hoteleira. Na hora de investir, as cadeias hoteleiras de fora preferem as grandes cidades de Lisboa e Porto, tendo sido esta a aposta nos últimos cinco anos  para  73% dos ativos transacionados.

Relativamente à penetração de marcas internacionais, Lisboa alberga uma oferta de 18% de insígnias estrangeiras  e 42% nacionais. Já o Porto tem uma representação de 25% de marcas hoteleiras nacionais e 28% internacionais. No Algarve, o peso é de 25% e 9% respeitavemente. As restantes percentagens estão fragmentadas entre pequenos hotéis e unidade familiares, não contabilizados.

“Por outro lado, Espanha é um mercado mais maduro, com um maior stock de hotéis com marca em todas a categorias, e que se encontra em expansão para cidades secundárias e terciárias. Regista-se, por isso, um maior número de transações de ativos fora das localizações urbanas prime e/ou nos segmentos mais baixos. Nos últimos 5 anos, 65,7% do volume transacionado em Espanha foi em cidades secundárias e terciárias e, em termos de categorias dos hotéis, os segmentos alto e de luxo contabilizam apenas 20% do volume”, refere o estudo.

Sobre o futuro, Gonçalo Garcia acredita que o investimento hoteleiro vai continuar a engordar a um bom ritmo. ” Não há indicadores que façam prever uma hecatombe. O setor é resiliente, é um setor para o futuro e que está para durar”, prevê.

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