Turismo, a indústria de pessoas para pessoas

Decorreu recentemente a entrega de prémios da 3ª edição do Índice de Excelência. Esta iniciativa visa, globalmente, analisar o ambiente organizacional dentro de vários sectores de actividade que vão desde a Banca, ao sector publico, passando por Hotelaria e Turismo, Saúde, Tecnologia e outros.

Foram mais de 200 empresas que participaram e que quiseram monitorizar, de forma isenta, a sua performance na gestão de pessoas.

Há quatro grandes sectores onde temos >1000 colaboradores, top10 de Grandes, Medias e Pequenas empresas.

A nossa indústria apresenta resultados notáveis! Grupo Hoteis Real (3º lugar) e Grupo Altis (7º lugar) surgem no Top 10 das grandes empresas, a Penha Longa Resort aparece em 7º lugar nas médias empresas.

Para alem do boost económico que a indústria deu à nossa economia, para alem das pequenas e medias empresas que nasceram, dos postos de trabalho criados, estes indicadores dizem-nos que estamos no bom caminho no que diz respeito à qualidade do que estamos a desenvolver no nosso mais importante valor, as pessoas.

POSITIVO

Novos tipos de Turismo – Turismo Industrial – São Joao da Madeira

Foi com imensa satisfação que vi uma notícia onde um grupo de jovens Norte Americanos visitaram fabricas de sapatos, malas e cintos em São João da Madeira. São novos nichos, novos segmentos que visam a diversificação e complementaridade da nossa oferta turística. Somos lideres mundiais em produção de sapatos de alta qualidade e, termos já interesse em visitar a indústria, é não só, mais um canal de promoção da mesma, como a alavancagem do destino, dos hoteis, transportes, restaurantes e de todos os players daquela zona geográfica. Fica o site, todo ele desenvolvido com este objectivo. http://turismoindustrial.cm-sjm.pt/

AMEAÇA

Brexit. Teresa May. Jucker. Londres. Bruxelas. Mixórdia de visões que nada mais fazem que deixar um lastro de inconsequência, prejuízo e descredito. O The Guardian relata que poderá ser protelado para 2021. Este é um tema mais que regional ou europeu, é mundial. O impacto na economia global de bens e serviços não está a ser estrategicamente acautelado e, a dependência do nosso turismo, principalmente a sul, deste mercado fragiliza a excelente performance que temos tido nos últimos anos na nossa indústria. Compete pensar e agilizar estratégias para trazer para Portugal, outros mercados e outras nacionalidades que reduzam a nossa exposição a este processo que se antevê, infelizmente, longo.

NEGATIVO

Falta de mão de obra na Hotelaria. Por contraponto ao que falei inicialmente sobre os prémios que a nossa indústria recebe nas mais variadas frentes, quer de gestão de pessoas, quer de hoteis premiados, spas, destinos e empresas, atravessamos uma crise de falta mão de obra (especializada ou não). Novas áreas de negócio ligadas às tecnologias, e as outras áreas da indústria de serviços, vieram fragilizar a oferta de vagas em hotelaria. Open Days, Feiras de emprego, estágios remunerados e formação parecem não trazer para a área a “sensualidade” de outros tempos. Carga horária vs vencimentos é um binómio que tem que ser debatido para uma área que é completamente nevrálgica para Portugal e para a nossa economia.

Jorge Cruz Neves, diretor-geral do Hotel Real Palácio.

*Artigo publicado na edição de março da revista Publituris Hotelaria.