Verão: Madeira supera proveitos de 2019 e hoteleiros aplaudem medidas do governo regional que reforçaram segurança do destino

Por a 26 de Outubro de 2021 as 7:00
The Cliff Bay - PortoBay | Foto: DR

Proveitos acima de 2019, ocupações elevadas,  um perfil de hóspede mais jovem e reservas last minute. Assim foram os  meses de verão na Madeira que viu a atividade turística impulsionar  a operação dos hotéis da região, somando resultados acima das expetativas inicias traçadas para este ano. Segundo o INE, o destino somou 119,7 mil hóspedes em julho que representaram 553,9 mil dormidas. Agosto foi ainda mais animador com 155 mil hóspedes e 784, 1 mil dormidas sendo que, neste mês, a Região Autónoma da Madeira foi o destino nacional com maior taxa média de ocupação (72,6%).

Recentemente,  na cerimónia de tomada de posse dos órgãos autárquicos eleitos em 26 de setembro no concelho de São Vicente, o  presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque assumiu que “a Madeira teve o melhor mês de agosto de sempre” destacando que os indicadores foram “superiores a qualquer mês de agosto na história do turismo da Madeira” ultrapassando os melhores resultados do setor nos anos de 2017 e 2019.

Depois de ano e meio de pandemia, de avanços e recuos na integração do destino nos corredores dos principais mercados emissores europeus, a incerteza que pairava sobre a região autónoma  deu lugar a um verão de contas animadoras com os valores dos proveitos totais e de aposento no alojamento turístico na região, em agosto de 2021, a superar os valores de 2019, com crescimentos de 7,4% e 10,9%, respetivamente, de acordo com os dados da Direção Regional de Estatísticas da Madeira.

“A taxa de ocupação (cama) do alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas) em agosto de 2021 foi de 72,6% e os proveitos totais cerca de 50,1 milhões de euros (13 032 milhões de euros em 2020), apresentando um acréscimo de 15,3 milhões de euros comparativamente ao mês anterior”, lê-se no boletim estatístico da DREM. Já os proveitos de aposento situaram-se nos 34 953 milhões de euros.

“No mês de agosto de 2021, o RevPAR rondou os 72,43 euros no conjunto do alojamento turístico (excluindo o alojamento local abaixo das 10 camas), +212,6% que no mesmo mês do ano precedente e +33,0% que no mês anterior. Comparativamente aos valores de agosto de 2019, o RevPar registou um aumento de 22,6% (59,09 euros em agosto de 2019). A hotelaria evidenciou um acréscimo de 220,0%, com um RevPAR de 79,51 euros (+23,6% que em agosto de 2019). A média dos primeiros oito meses de 2021 no conjunto do alojamento turístico foi de 33,13 euros (+33,3% em relação ao período homólogo) e no setor da hotelaria de 36,87 euros (+37,4%). Por sua vez, o proveito por quarto utilizado (ADR) no alojamento turístico passou de 75,70€ em agosto de 2020 para 92,21€ em agosto de 2021 (+21,8%)”, especifica o documento.

Também a estada média aumentou no mês de agosto, face a 2020, fixando-se nas 5,13 noites (4,31 em 2020). O governo regional sublinha ainda à Publituris Hotelaria que “o  número de lugares de aviação para a Madeira em agosto, com mais de 150 mil passageiros, triplicou a oferta face a maio (com mais 51,6 mil passageiros), duplicou em relação a junho (mais de 73 mil passageiros) e cresceu 24% em relação a julho (mais de 122 mil passageiros). Com estes números, o mês de agosto superou em 4,84% a oferta de lugares do período homólogo de 2019, no que diz respeito ao Aeroporto da Madeira”.

Hoteleiros assumem verão de ”regresso à normalidade”
“Foi um verão que assinala o regresso à quase normalidade mas que arrancou com grandes incertezas, avanços e recuos. A falta de uma política consistente e concertada entre os países da União Europeia e o Reino Unido, ditou aberturas e encerramentos sucessivos de fronteiras entre os países com grande impactos sobre o setor do turismo nacional e intraeuropeu. Assistimos a um ritmo frenético e inédito de reservas e cancelamentos, que dificultaram sobremaneira qualquer modelo previsional baseado em histórico. Felizmente, a situação veio a equilibrar-se lentamente, sendo o mês de agosto o primeiro em que se pode falar de uma verdadeira recuperação”, explica Teresa Gonçalves. A general manger do The Vine Hotel esclarece que as taxas de ocupação se situaram nos 70% para esta unidade e nos 75% no Hotel Caju, ambos localizados no Funchal e pertencentes ao mesmo grupo administrado pelo empresário Gonçalo Henriques.

António Trindade, CEO do  PortoBay Hotels & Resorts destaca a performance positiva das unidades do grupo e assegura que as receitas ultrapassaram as de 2019. “Com os sete hotéis em funcionamento em maio, início deste verão, estávamos com 28% [de ocupação]. Nos meses de junho e julho, a ocupação foi subindo e em agosto fizemos 95% de taxa de ocupação. Não esquecendo que 2019 foi um dos melhores verões de sempre em todas as geografias onde temos hotéis, assinalámos neste agosto o primeiro mês de maior recuperação. Efetivamente, na Madeira, em agosto de 2021 conseguimos ultrapassar as receitas de 2019”, atesta o responsável que informa que o ADR das unidades na região registou aumentos entre os 6% e os 18%.

Também o cinco estrelas Belmond Reid’s Palace arrancou resultados animadores. “O balanço do verão é muito positivo desde que Madeira foi incluída no corredor verde da Inglaterra e de outros mercados emissores europeus. Registámos um enorme aumento da procura. O Revpar e ADR registaram valores muito altos, acima da média. Isto foi devido a níveis de ocupação muitos altos e a uma grande procura de quartos categoria deluxe e suites”, refere o diretor-geral da unidade, Ciriaco Campus.

Hóspedes mais jovens e reservas de última hora
O perfil do turista que escolheu a Madeira como destino de férias em 2021 trouxe algumas surpresas face a anos anteriores. Uma das principais características apontadas pelos hoteleiros é um segmento mais jovem a escolher a ilha nos meses de verão. Portugal, Reino Unido, Alemanha, Holanda assumiram-se como os mercados principais mas registou-se também um crescimento de mercados de Leste, como  a República Checa, a Ucrânia, a Lituânia, a Roménia e a Polónia.

As reservas last minute foi outra das tendências assumidas pelos hotéis.  “Em 2019 estávamos em velocidade cruzeiro “a navegar de feição” até à interrupção provocada pela pandemia. A operação de 2021 exigiu um esforço extra e muita flexibilidade, uma vez que vínhamos de um período de encerramento total e as incertezas diárias eram muitas em relação ao que esperar semana após semana. A enorme expressão das reservas last minute e o crescimento acentuado do mercado online exigiram um planeamento diário da operação, também este quase last-minute, onde se refletiu a falta de mão de obra disponível, exigindo um esforço extra dos colaboradores residentes”, conta Ricardo Sargo, diretor do VidaMar Resort Hotel Madeira.

Teresa Gonçalves confirma a tendência. “Notamos que o pick-up das reservas foi particularmente tardio, com reservas a serem efetuadas entre 7 e 1 dia de antecedência”, diz.

Também o recém-inaugurado Hotel NEXT, da Savoy Signature, foi surpreendido pelo expressivo número de reservas o que provocou alguns constrangimentos a nível de gestão de recursos humanos. “O hotel abriu portas a 1 de julho e o que era suposto ser um sof opening, uma abertura suave em termos de quartos ocupados, não foi assim. O hotel teve uma aceitação brutal desde início e o soft opening passou a ser um hard opening. Em julho tivemos taxas de ocupação perto dos 60%, quando estávamos a contar com taxas mais baixas. Em agosto atingimos os 90%”, sublinha o diretor da unidade, Ricardo Augusto.

A descida da idade média dos hóspedes é outro dos aspetos apontado por todos os entrevistados. “Na generalidade, neste verão, sentimos visitantes com um perfil mais novo e que, pelas circunstâncias de mercado acabaram por optar pela ilha. Neste verão tivemos a agradável surpresa do mercado português que tem reagido à Madeira de uma forma muito positiva. Também recebemos turistas de mercados emergentes como Polónia e Hungria. Mas na Madeira e em PortoBay foi muito importante a abertura do tradicional mercado britânico, que tem um peso estruturante nos resultados”, enquadra António Trindade.

Segurança ditou procura e confiança no destino
Na hora de analisar os fatores que ditaram o sucesso da operação de verão, os hoteleiros  apontam em uníssono o mérito das medidas adotas pelo governo regional. “Um dos principais fatores prende-se com o sentimento geral em relação à segurança que o destino Madeira oferece. As medidas adotadas pelo governo regional, em consonância com as autoridades de saúde, criaram uma realidade bem percecionada pelo mercado, contribuindo para a retoma registada na região”,  assume o  diretor do VidaMar Resort Hotel Madeira.

O CEO do PortoBay concorda. “Em primeiro lugar, mesmo em ambiente geral de retração de procura, a Madeira integrou uma oferta global mais reduzida, o que determinou mais hipóteses de ser escolhida como destino e assim sair ganhadora. Contudo, não nos podemos esquecer que as medidas profiláticas determinadas pela Região tiveram efeitos claramente positivos, que resultaram numa imagem de confiança e segurança que, aliás, serviu de exemplo a outros destinos concorrentes”.

Também  o diretor geral do Reid’s Palace, Ciriaco Campus, alinha com os seus pares.  “Além do facto de ser um dos poucos destinos incluídos nas listas verdes das viagens, sem dúvida as medidas implementadas pelo Governo Regional para o combate a pandemia, tem contribuído significativamente ao sucesso da Madeira”, elogia.

O Secretário Regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus revela que “com a chegada do verão, a hotelaria respondeu em força e os procedimentos adotados permitiram gerar a confiança capaz de fazer crescer a ocupação das unidades, muitas delas com desempenhos acima dos 90% nos meses de julho e agosto” e assume o sucesso das medidas implementadas ao longo das várias fases pelo governo regional.

“No contexto global, temos de recuar ao início de 2020 para encontrar uma parte muito importante dos fatores que contribuíram para os bons resultados. Na fase embrionária da pandemia, a Madeira primou pelos cuidados de saúde pública, o que se revelou um passo determinante. Além disso, mantivemos um trabalho contínuo com o setor, com ações concretas, resultando daí, entre outras realidades, o inovador, e único em Portugal, Manual de Boas Práticas que desenvolvemos e empreendemos. Igualmente relevante foi a operação montada nos aeroportos da Madeira e do Porto Santo, que, desde o início de julho de 2020, foram pioneiros nos controlos sanitários”, enumera.

Sobre as perspetivas para o fim-de-ano, Eduardo Jesus está otimista. “Estamos a preparar tudo para que aquele mês seja celebrado em festa. Os operadores já vendem programas e acreditamos que continuaremos neste percurso de recuperação sustentada dos fluxos turísticos”, conclui.

 

 

 

 

 

 

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