Opinião | Carta ao Empresário do Turismo

Por a 4 de Janeiro de 2021 as 10:52

Do alto dos seus 124 anos de existência, a AHRESP vive hoje um dos maiores “combates” da sua história, na certeza de que os seus Associados vivem o maior desafio que já conheceram. Ao longo de mais de um século, a história da AHRESP confunde-se com a história do próprio Turismo nacional e sabemos que o próximo ano será determinante para o curso que irá tomar o resto das nossas vidas. Algumas coisas estarão fora do nosso alcance, mas outras estarão nas nossas mãos.

Uma coisa é certa, a AHRESP estará sempre no espaço da negociação com firmeza e com propostas credíveis e exequíveis, reforçando todos os dias uma credibilidade de mais de um século.

O cenário parece irreal, quando comparamos o presente e o que se perspetiva para um futuro próximo, com um passado muito recente em que o Turismo e os seus diferentes setores, com destaque para a Restauração, Bebidas e o Alojamento Turístico, vinham de um crescimento sustentado, sustentável, e aparentemente inabalável.

Porém, ninguém poderia imaginar o que aí vinha e que virou o nosso mundo do avesso. Uma pandemia que se foi instalando e disseminando um pouco por todo o mundo e que trouxe com ela restrições e limitações ao funcionamento dos estabelecimentos e à circulação das pessoas, o que fez com que a atividade do Turismo fosse das mais afetadas.

Mas se alguma coisa nos dá alento, é o facto de sabermos que toda esta situação é temporária e, olhando já para o futuro próximo acreditamos que, em breve, vamos esquecer este “novo normal” e regressar ao nosso verdadeiro “normal”, porém, para que isso aconteça, é absolutamente essencial que o Estado entenda a urgência da situação e recorra a todos os meios para, até lá, preservar o nosso produto turístico e as empresas que o sustentam. É preciso que se robusteçam e simplifiquem as medidas e se aposte nas únicas que podem ajudar as empresas nesta fase e que passam, principalmente, por aliviar a carga fiscal e dar dinheiro às empresas, a fundo perdido, reconhecendo que regimes de moratórias não servem e que apenas adiam as dificuldades para um tempo futuro, que se afigura muito incerto e difícil. Sabemos a resistência que sempre houve em dar dinheiro a fundo perdido, sendo uma medida que nunca fez parte das usuais estratégias de apoios e incentivos, mas esta situação é precisamente isso, ou seja, é tudo menos normal.

Mas meu caro empresário, não lhe escrevemos esta carta para falar do mal que se instalou em 2020, porque isso, infelizmente, foi sentido na pele de cada um. Queremos antes que olhe o futuro com esperança e acredite que vamos iniciar um caminho que nos levará à retoma, agora que foi anunciada a chegada da vacina contra a COVID-19.

Mas não nos iludamos, os desafios vão ser enormes. A procura certamente vai mudar e as empresas vão precisar de reganhar a agenda da competitividade e da criação de valor. Não será fácil, mas estaremos empenhados, como sempre tivemos, a dar o nosso contributo para que o Turismo possa retomar a sua rota ascendente e carregar consigo a nossa economia.

Acredito que, mais cedo do que tarde, cairão as máscaras e poderemos ver novamente os sorrisos nas caras dos nossos clientes.

Um comentário

  1. Ernesto

    5 de Janeiro de 2021 at 15:01

    Muito bem Ana por este texto maravilhoso, fica aqui o meu reconhecimento um beijinho com amizade, Ernesto Santos

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