Opinião: “Cocriar Sustentabilidade no Turismo!”

Por a 9 de Julho de 2024 as 11:05

As pessoas são o pilar do desenvolvimento económico de Portugal. Identificadas as tendências do nosso setor, é tempo de ajustar a realidade social e das infraestruturas para que:

  • A globalização e a importância dos mercados tradicionais e emergentes se possam converter numa oportunidade;
  • A regulamentação e a adequação da oferta de alojamento se possam concretizar;
  • A acessibilidade e a capacidade aeroportuária se possam fortalecer;
  • O poder da oferta low cost se possa fazer entender;
  • Em conjunto, o flight shame no destino se possa evitar;
  • As experiências lúdicas e culturais correspondam à sofisticação da procura.

Cocriar é partilhar na origem, é criar em conjunto, ao mesmo ritmo e no momento certo. É um processo integrado, colaborativo e exigente, em que organismos públicos, reguladores e empresas geram valor através da sua interação com outras pessoas.

O retorno, a recomendação e a promoção oferecem insights sobre tradições e culturas, promovendo a interculturalidade e consolidando o processo de cocriação, pensado para as pessoas com base nas suas tradições, visando fidelizar pessoas a locais.

Experiências exclusivas e personalizadas atendem às demandas do vício de viajar e explorar novos lugares. Nada nos é garantido, nem sucesso, nem satisfação, portanto, empresas atentas aos cenários são, hoje, mais competitivas. A não regulamentação de alguns “nichos”, tal como a omnipresente conectividade entre a necessidade, a procura e os interesses, apressam decisões, fazendo de cada viagem uma competição pela adaptação às expectativas das pessoas. Hoje esmagam-se lucros, e receitas tradicionais como a redução de custos e a reengenharia das operações, embora importantes, já não resolvem os problemas das pessoas.

Assim, é urgente que o setor público crie infraestruturas essenciais, que fiscalize, humanize e não reduza “pessoas” à sua condição “desgraçada” por viverem em zonas turísticas.

É urgente capacitar e garantir oportunidades, proporcionar qualidade de vida, trabalho digno, colaborativo e equitativo, privilegiando competências e tradições, exigindo aos reguladores a adaptação das realidades às necessidades das pessoas. Transportes públicos, combustíveis, impostos, taxas, alimentação, saúde, educação, acesso à informação, habitação e cultura não podem ser, no século XXI, motivo de exclusão entre pessoas. Antes, de inclusão! A hospitalidade deve salvaguardar a qualidade do destino!

O saber ser e estar, criar e respeitar, envolver e potenciar, medir e avaliar, fazendo diferente e respeitando a cultura, faz da cocriação uma ferramenta poderosa que, impulsionada em conjunto, garante que as experiências turísticas são autênticas, significativas e responsáveis, também pela preservação das condições das pessoas, dos recursos naturais, da cultura e das suas tradições.

Se “cocriarmos”, o nosso setor servirá, sempre, para acelerar a criação de valor, acrescentando-o onde é mais necessário, em benefício das pessoas e da sustentabilidade do turismo em Portugal.

Rodrigo Borges de Freitas
Diretor-geral de operações no Vila Petra e delegado da ADHP na região do Algarve

*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 217 da Publituris Hotelaria

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