Opinião: “A Resiliência do Setor Hoteleiro”

Por a 30 de Janeiro de 2024 as 11:03

Num contexto de incerteza e de quebra acentuada do volume de investimento em 2022, o setor de hotelaria revelou-se, a par do retalho, um dos setores mais resilientes ao longo do ano de 2023.

Efetivamente, a hotelaria deverá representar a maior fatia do valor total investido em Portugal este ano, com um volume estimado acima dos 600 milhões de euros.

Entre as principais transações, destacam-se o portfólio de hotéis Dom Pedro por 250 milhões de euros, o portfólio de hotéis da Minor International por cerca de 130 milhões de euros e o Pestana Vila Sol por 37 milhões de euros.

Depois da rápida recuperação dos níveis de procura turística em 2021, a hotelaria assinalou um excelente desempenho dos principais indicadores de performance que legitimam e impulsionam a atratividade do setor.

Com efeito, o turismo em Portugal continuou a bater recordes, com o número de chegadas a ultrapassar a marca dos 29 milhões apurada em 2019.

Por outro lado, se no ano de 2021 a taxa de ocupação em grande parte das regiões se fixava ainda abaixo dos valores pré-pandemia, no corrente ano de 2023 o setor hoteleiro conseguiu consolidar os níveis de procura sem prejuízo do crescimento dos valores médios por quarto.

Efetivamente, o rendimento médio por quarto (RevPAR) em Lisboa deverá fixar-se em cerca de 20% acima dos valores pré-pandemia. Esta dinâmica não é circunscrita à capital, uma vez que a cidade do Porto apresentou até ao passado mês de setembro uma taxa de ocupação cerca de 7% acima dos níveis de 2019 e um crescimento ainda mais expressivo no RevPAR, ou seja, 50% acima dos valores pré-pandemia.

O excelente desempenho operacional do turismo tem impulsionado o contínuo investimento em novas unidades hoteleiras por todo o país, tendo sido assinaladas 53 aberturas no ano de 2023, o que representa um acréscimo de perto de 3.000 quartos. As regiões de Lisboa e Norte granjearam mais de metade da nova oferta hoteleira e quase metade das novas unidades de alojamento correspondem a hotéis de quatro estrelas.

No próximo ano poderemos assistir a uma estabilização dos níveis de procura como consequência do impacto do contexto global financeiro no rendimento disponível das famílias para o turismo e lazer, impacto porventura atenuado no corrente ano de 2023 por efeito da realização das Jornadas Mundiais da Juventude e subsistência do chamado ‘revenge tourism’.

Ainda assim, não se anteveem sinais de abrandamento no investimento em novas unidades hoteleiras para os próximos anos, estando previstas cerca de 60 aberturas durante o ano de 2024, com uma contínua preponderância do segmento de quatro estrelas. Entre as aberturas mais aguardadas, destacam-se o primeiro hotel da Amorim Luxury (JNCQuoi House), a estreia da marca Andaz (Grupo Accor) em Portugal e a entrada da marca The Standard em Lisboa com o Palácio Santa Clara.

Catarina Branco
Consultant da Worx

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