E sim, há coisas que dependem de nós!

Por a 6 de Dezembro de 2019 as 11:04

É por todos nós reconhecido que, nos últimos oito anos, a oferta de alojamento turístico em Portugal cresceu, tomou novos contornos recuperou-se e modernizou-se. As dormidas de estrangeiros subiram exponencialmente e o turismo interno é hoje uma realidade. O turismo deixou de ter um papel secundário para se assumir como actor principal no crescimento da nossa economia.

Diversos são os temas que estão invariavelmente (e com toda a legitimidade) na berlinda. As acessibilidades aéreas e ferroviárias, a entrada dos estrangeiros pelo SEF, a reforma do Estado, a carga fiscal, a legislação laboral, a formação, a falta de mão de obra, em especial a qualificada, entre outros. São temas estruturais para os quais podemos constantemente, e bem, reivindicar, mas, individualmente, ou em conjunto (privados), a sua resolução não está directamente ao nosso alcance.

Mas, por outro lado, somos uns afortunados! Temos um País extraordinário para o desenvolvimento desta actividade: geograficamente, somos como “porta de entrada e de saída” da Europa para o mundo; temos uma ampla riqueza cultural, natural e patrimonial; um clima mediterrânico com um sem número de horas de sol como poucos têm; somos fluentes em idiomas estrangeiros. Não podíamos pedir mais: somos um país simplesmente maravilhoso.

Sendo um sector estrutural da nossa economia, o turismo deve, na minha opinião, continuar a assegurar o seu crescimento e a sua sustentabilidade, para não mais perder o estatuto que adquiriu com os esforços de todos aqueles que, financiaram, investiram e trabalham no sector, e que sobretudo são apaixonados pela arte de bem servir o outro grupo no qual eu me incluo), e isso em muito depende de nós .
Depende de nós a criação de produtos inovadores, sem, no entanto, perderem o seu cunho e identidade, depende de nós a forma como posicionamos os nossos produtos no mercado internacional, sem complexo nenhum de, na montra internacional da oferta turística, assumirmos, com orgulho, os produtos que criamos e gerimos e, consequentemente, valorizar o preço das dormidas. Precisamos, com urgência, de aumentar o preço das dormidas e de todos os serviços que fazem parte da hospitality industry. Não aumentar por aumentar, mas se o produto, e sobretudo o serviço, for de excelência, temos a obrigação de o fazer, e isso depende de nós. Tal como depende de nós a forma como gerimos as nossas equipas, como e com que intensidade envolvemos todas aqueles que connosco trabalham para que se sintam elementos importantes – porque o são – e consigam passar para o cliente o enriquecimento pessoal que ele deve levar da sua estadia, neste, naquele ou noutro qualquer estabelecimento hoteleiro em Portugal.

Ao sinal de abrandamento, o mais fácil é baixar preços, e isso não pode ser para nós. O caminho da sustentabilidade tem de ser a subir. Temos de cerrar fileiras, implantar estratégias de “added value” para o cliente e, em conjunto, assumirmo-nos de forma inequívoca como um destino de qualidade, a vários níveis, e consequentemente fazer reflectir isso no preço. E sim, isso depende de nós!

*Margarida Almeida, Founder and CEO da Amazing Evolution Management
**artigo publicado na edição 165

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