Torel 1884: Contar Portugal e relembrar o mundo

Por a 16 de Maio de 2019 as 14:43

A porta alta vestida de um verde seco velho ornamentada com o dourado do número 228 dá-nos as boas-vindas na Rua Mouzinho da Silveira. De fora é um pequeno palacete do século XIX, cuja construção data a 1884. A entrada que une a rua portuense até à receção é o início de uma experiência peculiar e sensorialmente eclética. É em tons de castanho e verde que se desenham os passos nas escadas cobertas de plantas, mapas e máscaras dramáticas numa instalação com a assinatura do artista João Pedro Rodrigues.

Os “Descobrimentos Portugueses” são o mote que se espraia por todos os pormenores deste alojamento de luxo e, a entrada, é inspirada na clássica obra de Luís de Camões, “Os Lusíadas”, com a representação do mundo anti-material. As deusas, os demónios, as emoções e a vida são impressas nos rostos que nos olham de cima neste pequeno espaço que nos acolhe à chegada. Uns passos de coragem a mais e pisamos África, continente que mora no piso térreo do Torel 1884 – Suites & Apartments. As madeiras, os padrões de animais selvagens e as texturas colhem-nos a atenção até esta ser roubada pelo foco de luz ténue que se deita sob as escadas. A origem está no céu do palacete onde a pouco discreta claraboia imprime um cenário onírico em toda a unidade. Os degraus levam-nos a mais dois destinos: América e Ásia. Cada continente, ou cada piso, oferece, no total, 12 quartos e suites que são filhos-únicos do mundo.

Aqui, somos toldados pela dificuldade em distinguir o pequeno hotel de charme de uma galeria de arte. Cada espaço foi esculpido com uma louvável atenção ao detalhe e pormenor. As cores, os tecidos, a porcelana, o café, as cores vivas e os tons adormecidos e meigos, o interruptor, a chave pesada como a responsabilidade dos navegadores portugueses, e o quadro da malagueta que sorri por cima de uma banheira. Os olhos são pequenos para absorver as tantas histórias também contadas pela arte de Jorge Curval, Miguel Nogueira e pelo alelier Nano Design. De histórias é também feita a biblioteca do último piso que reúne clássicos portugueses em diversos idiomas para que quem visite o Torel 1884 saiba de que matéria se faz a coragem lusa. A acompanhar está um “honesty bar” que convida os visitantes a servirem-se de uma bebida. Se a hora da refeição estiver a ameaçar, o ideal é descer até ao Bartolomeu, o pequeno restaurante que apresenta uma vasta coleção de vinhos portugueses que se vão deitar à mesa com vários petiscos típicos.

Num antigamente de há alguns anos, este palacete era um banco ao serviço dos portuenses. Se nos atrevermos a espreitar ao lado do balcão do restaurante, encontramos um bar escondido na zona do antigo cofre que ali permanece com as pesadas portas de ferro. Em breve, na Rua das Flores, o Torel 1884 será ampliado com a oferta de 11 apartamentos que completam a oferta e haverá, nessa altura, mais quartos, paredes e chão para contar a história de Portugal a quem vier descobrir o país.

*Artigo publicado na edição de abril da revista Publituris Hotelaria.

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