AHP apela para que as instituições financeiras públicas sejam “instrumentos ao serviço da economia e do turismo”

Por a 22 de Fevereiro de 2024 as 16:28
Créditos: AHP

Após um ano de 2023 fechado com 25 mil milhões de euros de receitas turísticas, Bernardo Trindade, presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), lembrou que apesar de o setor ter batido recordes “mês após mês nos indicadores mais importantes de receita”, estes também foram acompanhados por “recordes na estrutura de despesa”.

Na sessão de abertura do 34.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, o presidente da AHP reforçou que o setor continua com “muitos desafios pela frente, desde logo na conta de exploração das empresas”.

“O controlo inflacionista do Banco Central Europeu, motivado pela guerra na Ucrânia, levou ao aumento significativo das taxas de juro de referência. O resultado foi que os encargos das empresas hoteleiras duplicaram, os resultados da banca também, com o aumento da sua margem financeira, tudo isto sem alterar o nível de risco, apenas pelo efeito automático do aumento das taxas de referência”, afirmou.

Por essa razão, Bernardo Trindade espera que “parte deste efeito” possa ser “corrigido já em 2024”, deixando um apelo “aos maiores partidos políticos neste período de pré-campanha para que as instituições financeiras públicas sob a responsabilidade do Estado, o Banco Português de Fomento e a Caixa Geral de Depósitos, sejam instrumentos ao serviço da economia e do turismo, procurando desenhar instrumentos financeiros adequados às necessidades do setor em articulação com o Turismo de Portugal”.

Passando para a temática dos recursos humanos, a associação defendeu que “a nossa atenção deve estar agora na dignificação das pessoas que escolheram Portugal e as suas regiões para viverem e trabalharem”. No seu discurso, Bernardo Trindade lembrou que, entre 2025 e 2023, Portugal “passou de 3% para 15% de mão de obra imigrante, sendo 115 mil só no setor do turismo”. Apontou ainda que “o saldo na Segurança Social entre contribuições e prestações desta mão de obra imigrante é de 1.500 milhões de euros”.

AHP “inclinada” para uma taxa regional

Uma vez que o 34.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo tem lugar na Madeira, Bernardo Trindade apontou para um tema “recorrente causador de enormes prejuízos a toda a cadeia do setor – dos aviões aos hotéis, restaurantes e serviços, afetando inclusivamente a reputação da Madeira”: os ventos no aeroporto do Funchal.

Apesar de reconhecer que “os equipamentos estão em produção em fábrica, que serão testados e colocados no 3.º trimestre deste ano, iniciando-se a posterior recolha de dados”, a associação lamenta aquele que descreve como um “inacreditável atraso”.

“Apetece-nos recordar que a Madeira e os Açores não são mais, mas também não são menos, do que qualquer região do continente. Todos somos Portugal. Todos fazemos o Portugal turístico”, lembra o presidente da associação.

Sobre a possibilidade da aplicação de uma taxa turística na Madeira, e apesar de a AHP se mostrar “por princípio contra a banalização das taxas turísticas”, Bernardo Trindade afirma que caso se confirme a decisão soberana de aplicar esta taxa na Madeira, a associação “inclina-se para uma taxa regional, que permita a distribuição equitativa entre todos”.

Como afirma, “a Madeira é cada vez mais um binómio cidades e as experiências na natureza. Para prosseguir esse equilíbrio, a receita deve ser distribuída de forma equilibrada. E para que esse equilíbrio seja bem construído, entendemos que o modelo de governação e decisão sobre o destino a dar às verbas deve contar com representantes dos empresários da hotelaria. Defendemos e bater-nos-emos por este modelo em qualquer região ou município que decida pela implementação de uma taxa turística”.

O 34.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo decorre até esta sexta-feira, 23 de fevereiro, no Centro de Congressos da Madeira, no Funchal.

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