Sérgio Guerreiro aponta as principais tendências que vão impactar o Revenue Management em 2024

Por a 30 de Janeiro de 2024 as 17:06

Arrancou esta terça-feira, 30 de janeiro, no EPIC SANA Marquês, o Global Revenue Forum, um evento dedicado ao Revenue Management em hotelaria que decorre pela primeira vez em Portugal.

Sérgio Guerreiro, Coordinating Director of the Knowledge Management Department do Turismo de Portugal, participou no evento para dar conta daquelas que considera serem as principais tendências que vão impactar o Revenue Management.

Num primeiro ponto, Sérgio Guerreiro afirma que “a generalidade dos analistas aponta que o ‘next normal’, [que o setor vive desde 2020], vai terminar”, prevendo-se um regresso à normalidade, “que ainda assim é positivo, porque estamos a falar em crescimentos superiores a 10%”.

O profissional afirma também que “vamos continuar a ter fluxos de passageiros”, reportando-se para isso a indicadores como os da Airports Council International (ACI) e da International Air Transport Association (IATA), que apontam para crescimentos entre os 9% e os 10% na Europa: “É um indicador de procura que, para mim, neste momento, é o mais relevante, e que está acima do que a WTTC prevê como crescimento médio até 2023”, indica.

Ainda no campo das tendências, Sérgio Guerreiro adverte que a “volatilidade continua a ser a regra”, dando como exemplo a crise na Ucrânia e o conflito entre Israel e Palestina, além do aumento das taxas de juro e de inflação.

“Temos de acompanhar [os indicadores] quase diariamente porque a volatilidade veio para ficar e o que é hoje, amanhã pode ser exatamente o inverso”, refere o profissional.

“A pandemia terá impactado o cliente de formas que ainda não conhecemos”

Outra das tendências passa pela mudança nos consumidores, com Sérgio Guerreiro a afirmar que “a pandemia terá impactado o cliente de formas que ainda não conhecemos”.

Reportando-se ao mais recente relatório da Skift, o profissional indica que as gerações Millenial e GenZ vão aumentar gastos nos próximos 12 meses. Por outro lado, dados da UNTW IMF dão conta que procura da Ásia Pacífico deverá crescer mais 50% em 2024, ficando próximo de 2019: “Já o ano passado se dizia isto. Vamos ver se efetivamente volta e, se voltar, de que forma e para onde”, refere Sérgio Guerreiro.

Também no último relatório da Skift é indicado que o revenue de OTA’s continuará a crescer de forma expressiva em 2024, 44% acima de 2019 – o que Sérgio Guerreiro aponta como uma “responsabilidade para [os profissionais de turismo] e para os revenue managers saberem como gerem este jogo e como conseguem trazer mais valor para a organização”. Até porque, como aponta, os dados da Skift no mercado americano indicam que “as reservas diretas estão a diminuir, [pelo que] a proliferação de outros players de intermediação de reservas pode ter aqui um impacto significativo”.

O mesmo relatório indica que 25% dos turistas pagou mais para ter uma opção de viagem mais sustentável. Sobre este ponto, Sérgio Guerreiro é da opinião que, “a longo prazo, o consumidor vai exigir mais sustentabilidade e não vai querer pagar mais”. Por essa razão, a dica que deixa é a de que os hoteleiros “incorporem a sustentabilidade nos negócios”.

Sobre a Inteligência Artificial (IA), “com cada vez maior utilização por Millennials e Gen Z”, de acordo com o relatório da Skift, Sérgio Guerreiro lembra que “se a IA conhecer os meus hábitos, tem muito mais potencial para fazer hiperpersonalização do que eu que tenho acesso à informação” – já que “muitas vezes temos muita informação do consumidor e não a conseguimos transformar em produto”.

Ainda na linha das tendências relativamente ao consumidor, o profissional aponta que “o bleisure está a ganhar terreno, o que significa que enquanto indústria temos de pensar nesse segmento de forma cada vez mais rica e perceber como conseguimos captar esses públicos para nós”.

Na lista de desafios, Sérgio Guerreiro aponta que o primeiro passa pela “capacidade de efetivamente gerarmos valor”.

“O crescimento médio do consumo aumentou mais do que propriamente o Valor Acrescentado Bruto (VAB) gerado pelas empresas. Portanto, há aqui um desafio de crescimento em valor que é previso encarar como um dos nossos temas”, termina.

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