Opinião: “Pressão Turística – o Papel dos Hoteleiros”
Leia aqui o artigo de opinião de Luís Pedro Carmo Costa, sócio da Neouturis.

Publituris Hotelaria
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Não vale a pena escamotear que em Lisboa, no Porto e no Algarve, em alguns períodos do ano, existe uma pressão turística que impacta na qualidade de vida dos residentes e no caso do Algarve na qualidade ambiental do destino. Pressão turística não é “Overtourism” e é, pois, importante, passar esta mensagem para a opinião pública.
É evidente que, pelo menos a curto prazo, uma maior pressão turística afeta positivamente as receitas e resultados da hotelaria, e a hotelaria é, para todos os efeitos, uma atividade económica de forte investimento com o objetivo (legítimo) do lucro. A hotelaria torna-se, pois, um alvo fácil para quem não concorda com o modelo capitalista e que veem no lucro a ganância.
Por outro lado, e todos já vimos este fenómeno em vários destinos, demasiada pressão turística pode levar à degradação do destino, a este “passar de moda” com consequências nefastas para a rentabilidade da hotelaria. Julgamos, pois, que o setor tem de antecipar esta situação e agir através de várias formas.
1. Promoção de estadas mais longas: Um turista que fica quatro noites no mesmo hotel dá tanta receita de quartos como dois turistas que ficam duas noites e tem maior possibilidade de gerar mais receita nos restantes serviços do hotel. Os custos de um turista que fica quatro noites são também mais baixos para uma unidade hoteleira; basta pensar na limpeza dos quartos. Assim, a promoção do slow travel por parte da hotelaria, por exemplo através de tarifas mais elevadas para quem só fique uma ou duas noites e decrescentes a partir da terceira, pode contribuir para aliviar a pressão turística;
2. Promoção do off-peak travel: Neste ponto, para além de tarifas mais reduzidas, cabe também à hotelaria informar o potencial cliente das vantagens de vir fora da época alta, promovendo as atividades que existem no destino ou mesmo desenvolvendo atividades na unidade hoteleira;
3. Promoção de destinos menos conhecidos: Um cliente que se aloja num hotel do Porto, pode, depois de visitar o Porto, visitar num dia Guimarães, Braga, Aveiro ou a Régua, num comboio confortável. Ou as cadeias hoteleiras podem promover a estadia nestas cidades, com uma visita ao Porto. A hotelaria de Lisboa também pode incentivar a visita a Setúbal, a Santarém ou aos enoturismos que rodeiam a cidade;
4. Coordenação de esforços com as entidades públicas: A hotelaria tem um papel vital, não somente de exigência, mas de ajuda às entidades públicas envolvidas no setor do turismo; refletir sobre um novo modelo de taxa turística (mais elevada nas primeiras noites e substancialmente mais baixa a partir da terceira), a promoção conjunta de destinos e atividades menos conhecidas ou de eventos, a criação de pacotes de descontos para estadas longas.
Poderíamos elencar mais medidas, como a educação dos hóspedes sobre hábitos e costumes locais ou mesmo a manifestação do setor contra cruzeiristas que não dormem no destino. Julgamos, pois, que o mais importante é não ignorar o problema (porque o é) e tomar medidas para o minimizar; só assim será possível manter a qualidade dos destinos e consequentemente a qualidade e rentabilidade do setor.
Luís Pedro Carmo Costa
Sócio da Neouturis
*Artigo de opinião publicado originalmente na edição 218 da Publituris Hotelaria