Opinião: O luxo e os hotéis portugueses
Leia o artigo de opinião de Patrícia Correia, diretora de hotel e VP Events da ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal.

Publituris Hotelaria
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Recém-chegada da École hôtelière de Lausanne, onde estudei gestão de marcas hoteleiras de luxo, dou por mim a pensar neste tema em enquadramento nacional.
Enquanto aluna da École, visitámos a fábrica da Cartier, onde os preços são inacessíveis à maioria dos portugueses, mas definitivamente fazem parte do dia-a-dia dos mais abastados por este mundo fora.
Os diamantes são os melhores amigos das mulheres, já dizia Marilyn Monroe, e percebe-se perfeitamente o tipo de cuidado e de serviço que se sente numa plataforma deste género.
Nas palavras de Coco Chanel, “o luxo é uma necessidade que começa onde a necessidade termina”. O luxo é, de facto, algo que não é um bem tangível. Das definições do dicionário, podemos ver que pode ser um “estado de grande conforto ou elegância, principalmente quando envolve grandes gastos”. Ou sinónimo de um “item não essencial e desejável, caro ou difícil de obter”. Ou, ainda, um prazer raramente obtido. Aplicado à hotelaria, tudo isto tem muito a ver não só com infraestruturas desejáveis e amplas, difíceis de obter e, logo, de preço elevado, mas também tem a ver com o serviço de qualidade elevadíssima e, por último, com a expectativa do cliente. É nesse ar mais rarefeito da nossa estratosfera que acontece luxo.
E se nós conseguimos perceber facilmente as diferenças entre os hotéis de muito luxo no continente asiático ou mesmo na Europa, pergunto por que não há hotéis desses em Portugal. De uma Inovtalk com o Mário Candeias, onde este tema também foi discutido, diz o próprio que para a nossa hotelaria florescer temos de “olhar seriamente para a componente luxury em Portugal, porque nos últimos anos não se avançou neste segmento. Por que não há mais marcas hoteleiras de hiper-luxo em Portugal? O que é que nos falta para atrair estas marcas?”
Onde estão os Mandarin Oriental, os Shangrilá ou os Aman? Temos um Belmond em Portugal, no lindo Reid’s Palace na Madeira, onde já tive oportunidade de ficar e foi uma experiência que jamais esquecerei.
O luxo é também isto: a memória de experiências exquisite, daquelas que ficam para a vida.
É verdade que são inacessíveis à porta da maioria dos portugueses, mas certamente iríamos conseguir atrair os high spenders de outras nacionalidades, ajudando em muito a economia nacional.
Será que pensarmos o luxo será mesmo um luxo? Não me parece, de todo. Basta saber, mas já temos tantos profissionais a estudar estas temáticas.
Então, de que precisamos para atrair estas marcas?
Sejamos atrativos para investidores de topo, para marcas de topo. Assim atrairemos clientes de luxo, estando presentes em nichos de mercado bem altos. O saber receber e o bem servir já nos correm nas veias e por isso temos uma vantagem em relação aos demais destinos.
Atraindo estes segmentos poderemos melhorar o nosso parque hoteleiro e chegar a um patamar onde ainda não estamos. Mas um em que tenho a certeza que conseguiremos entrar.
Patrícia Correia
Diretora de hotel e VP Events da ADHP – Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal
*Artigo de opinião publicado na edição 213 da Publituris Hotelaria