A importância das marcas territoriais na valorização dos empreendimentos turísticos

Por a 2 de Maio de 2023 as 11:10

Os territórios têm potencialidades naturais e culturais que permitem a sua classificação com marcas nacionais e internacionais em função desse mesmo potencial. Todavia, essas classificações podem ser feitas em função de outros valores, que podem ser sociais, ambientais e tecnológicos, das quais dependem mais dos processos e dos valores que se desenvolvem do que das potencialidades endógenas.

É frequente assistirmos a notícias sobre um tipo de objeto, ou de uma música, de um monumento arquitetónico ou ainda de uma floresta que passam a ser Património da Mundial da Humanidade, da UNESCO. Outras vezes, ouvimos notícias de que uma localidade que passa a ser uma Slow City, uma Capital Verde Europeia, um Património Agrícola Mundial, uma Green Leaf, uma Capital Europeia de Cultura ou uma Smart Village. Ouvimos, também, notícias relativas ao número de bandeiras azuis nas nossas praias, de que se criou mais uma área protegida de caráter nacional, regional ou privada, ou ainda sobre um passadiço, uma cidade, uma praia ou uma ilha que recebeu prémios de mérito turístico por ação de uma entidade pública ou privada, ou ainda de prémios de meios de comunicação social.

De todas as classificações, as mais ambicionadas são as que têm a marca das Nações Unidas, essencialmente através da UNESCO, porque o turista reconhece esta marca que atesta a importância patrimonial a nível mundial do local visitado. A UNESCO agrega as classificações de Património Material da Humanidade, Cultural ou Natural, Material ou Imaterial e outras dos organismos que tutela, como sejam as classificações de Reserva Mundial da Biosfera, de Geoparque e de Parque Nacional.

Um Empreendimento Turístico, quer seja hotel ou não, tem muito a ganhar se estiver num território classificado ou próximo dele, na medida em que pode usar essa informação na sua promoção, em que um determinado património de uma forma externa ao empreendimento turístico é assim certificado como sendo de relevante interesse.

As classificações promocionais e de proteção têm dimensões distintas, podendo ser de escala mundial – como seja as classificações da UNESCO, Organização Mundial de Turismo (OMT) e Food and Agriculture Oragization (FAO) – de escala continental – como seja a Capital Verde Europeia, a Green Leaf, a Capital Europeia de Cultura, Capital Europeia do Desporto e a Rede Natura 2000 – de escala nacional – de que são exemplos os Parques Naturais, as Reservas Naturais – e podem ainda ter escala regional – como sejam as Paisagens Protegidas, as Capitais Temáticas e as Denominações de Origem de produtos agrícolas, gastronómicos ou artesanais.

A existência de rotas ou redes temáticas são também uma forte motivação de viagem, como são exemplo os Caminhos de Santiago, a Estrada Nacional n.º 2, as Rotas Vínicas, a Rota da Românico e as Rotas de Jardins Históricos e das redes de Judiarias, de Termas, entre outras.

Estas marcas auxiliam em muito na redução da sazonalidade, uma vez que são independentes do mercado dos turistas que procuram sol e praia. Podem ser usufruídas todo ano, até porque o nosso clima o permite, pelo facto de não termos extremos climáticos de frio ou calor, como existem em muitos países.
Se um território tiver classificações de diferentes escalas e de diferentes tipologias, mais diversificado é a oferta e, portanto, potencialmente mais hóspedes podemos ter e em distintas alturas do ano.

Muitas dessas marcas podem ser potenciadas com a realização de eventos promocionais, tirando partido desse potencial, ajudando assim a dinamizar economicamente os territórios, a fixar a população e ter assim disponibilidades de recursos humanos para a hotelaria e serviços de apoio à atividade turística.
Temos assim um caminho de afirmação cultural, ambiental e social do nosso país, muito relevante para nos afirmar no contexto internacional, como um grande destino turístico em qualquer altura do ano.

Manuel de Carvalho e Sousa
Docente do ISAG – European Business School

*Publicado no formato imprenso da edição 204 da Publituris Hotelaria (abril de 2023)

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