Redução de consumos hídricos sem afetar a experiência do cliente marca debate da ADHP
A sessão da Associação dos Diretores Hoteleiros Portugueses (ADHP) que teve lugar esta sexta-feira, 28 de outubro, na DecorHotel, discutiu as melhores práticas no setor na gestão de recursos hídricos.

Carla Nunes
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A redução dos consumos hídricos na hotelaria marcou a sessão da Associação dos Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP) desta sexta-feira, 28 de outubro.
Nesta mesa-redonda apontaram-se soluções para a redução hídrica sem comprometer o conforto dos clientes, contando com as contribuições de Isabel Gonçalves, do Turismo de Portugal, Carlos Vigo, Maintenance and Risk Manager Director do InterContinental – Crowne Plaza Porto e Carlos Alves, diretor regional de operações do Grupo Vila Galé Hotéis.
Para Carlos Vigo, o primeiro passo a adotar passa pela monitorização de todos os pontos consumidores de água, já que “para gerir eficazmente os custos é fundamental conhecermos não só quanto nos custa [o consumo hídrico], mas também quanto e onde gastámos água”.
A instalação e uso de contadores inteligentes é apontada por Carlos Vigo como “um excelente meio de monitorização de consumos”, com este a afirmar que no seu hotel controlam os custos hídricos usando “o rácio por quarto ocupado” e o “rácio por couvert para unidades de restauração e bebidas” – já que, como explica, o maior consumo hídrico num hotel acontece nos banhos e cozinhas.
Segue-se a instalação de redutores de água e posterior monitorização, dado que “o projeto só é bem-sucedido após a confirmação da estimativa”.
De acordo com as contas de Carlos Vigo, só a mudança de todas as pinhas de duche de uma unidade tem um payback de 4,2 meses, pelo que, para o profissional, fica apenas uma questão: “Será que existe algum hotel que ainda não aplicou isto?”.
Os cálculos apresentados por Carlos Vigo encontram-se explanados nas tabelas abaixo.
Apesar de todas as medidas que os hotéis podem aplicar para a redução deste consumo, seja através de redutores de água, recurso a fontes alternativas – como captação de águas da chuva, utilização de poços e dessalinização – ou até a reciclagem e reutilização de águas, Carlos Alves aponta que “temos na hotelaria uma parte que não dominamos: o cliente”.
“Temos de perceber que as medidas que vamos adotar não podem ter impacto na experiência dos clientes. [Além do mais, tem de haver uma] introdução da partilha de responsabilidade na gestão de consumo”, defende o diretor regional de operações do Grupo Vila Galé Hotéis.
Sobre o impacto na experiência dos clientes, Carlos Vigo aponta a introdução de equipamentos com efeito Venturi de elevado desempenho como uma das soluções para esta questão. Este sistema para chuveiros mistura ar e água “na proporção ideal para que se reduza o fluxo hídrico, mantendo o volume”. “[Este sistema] ‘engana’ um bocadinho os clientes – vão sentir-se confortáveis no banho, mas [em vez de] se gastar 12 litros por minuto passam a gastar-se seis litros. Estamos a caminhar no sentido da excelência da gestão hídrica”, afirma Carlos Vigo.
Já sobre a partilha de responsabilidades na gestão de água entre hoteleiros e hóspedes, Carlos Vigo reconhece que a oportunidade para falar destas questões com os clientes equivale a “um minuto de elevador”. No entanto, afirma que os hoteleiros atualmente têm “a vida um pouco mais facilitada”, já que o próprio cliente começa a estar desperto para estas temáticas.
Como Isabel Gonçalves do Turismo de Portugal afirma “antigamente havia um grande esforço de sensibilização [para as temáticas da sustentabilidade] e agora são eles [os profissionais do turismo] que vão à frente e nos levam a reboque”.