Restauração e hotelaria mantém perspetivas positivas de contratação até ao final do ano

Por a 14 de Setembro de 2022 as 9:12
restauração e hotelaria

Os empregadores nacionais mantêm perspetivas de criação de emprego “muito positivas para o último trimestre deste ano”, de acordo os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, disponibilizados por comunicado.

No estudo aponta-se que, “apesar dos desafios decorrentes do conflito na Ucrânia, do aumento da inflação e da crescente incerteza económica, a procura por trabalhadores permanece em níveis elevados”: 41% dos empregadores nacionais afirmam ter intenções de aumentar as equipas, ao passo que 42% acreditam que vão manter o número de colaboradores que têm neste momento. Apenas 14% anteveem a diminuição da força de trabalho.

Desta forma, os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey apontam para uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +31%, para o quarto trimestre de 2022. O valor, já ajustado sazonalmente, “traduz-se numa estabilidade relativa face ao último trimestre, com menos um ponto percentual, e num aumento considerável de 19 pontos percentuais, quando comparado com o período homólogo de 2021”.

Como os dados indicam, “Portugal é, na verdade, o segundo país na região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) com um maior aumento anual deste valor”.

“Apesar da incerteza económica e geopolítica, as intenções de contratação dos empregadores portugueses continuam fortes e a luta pelo talento acentuada. A retoma pós-pandémica tem suportado o crescimento do PIB, face a 2021, e impulsionado as contratações, com a taxa de desemprego a fixar-se nos 5,9%, no passado mês de julho, e o número de inscritos no IEFP a atingir o valor mais baixo de sempre”, afirma Rui Teixeira, diretor-geral do ManpowerGroup Portugal.

O profissional indica ainda que, “não obstante, começamos a observar sinais de uma possível inversão de tendência, com uma redução na contribuição da procura interna para a evolução do PIB, neste 2º trimestre, fruto de um menor crescimento do consumo privado e do investimento, com um peso crescente do turismo. Assim, a continuidade do conflito na Ucrânia, o aumento da inflação, que a nível nacional está já acima da média da zona Euro, e a subida nas taxas de juro, representam novas preocupações para os empresários e exigem um acompanhamento atento da economia nacional, e das medidas de apoio que o Governo está a lançar, por forma a avaliar o impacto definitivo nas empresas portuguesas e na sua capacidade de criação de emprego.”

Setor do comércio grossista e retalhista apresenta as projeções mais otimistas

Os empregadores de dez dos 11 setores analisados esperam aumentar as suas equipas no final deste ano. No entanto, este otimismo nas contratações mostra alguns sinais de abrandamento em seis setores, que reduzem as suas projeções face ao trimestre passado.

O setor do comércio grossista e retalhista é o que apresenta as perspetivas mais positivas, com uma projeção de +46%, o valor mais elevado observado neste setor desde que o ManpowerGroup começou a realizar este estudo em Portugal, em 2016. Este setor apresenta também o crescimento mais acentuado face ao trimestre anterior, com mais 17 pontos percentuais, bem como um aumento considerável, de 33 pontos percentuais, quando comparamos com o mesmo período do ano passado.

É também esperada uma atividade de contratação elevada no setor industrial, com uma projeção próspera de +34%, em crescimento de três pontos percentuais, relativamente ao trimestre anterior.

O mesmo otimismo é igualmente observado no setor das tecnologias de informação, telecomunicações, comunicação e media, que avança com uma Projeção de +33%. No entanto, na comparação com o trimestre passado, regista-se uma diminuição considerável nas intenções de contratação deste setor, com menos 13 pontos percentuais. O mesmo comportamento é observado no setor das outras atividades de produção, que apresenta uma projeção de +32%, mas em queda de cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior.

Já os setores da Restauração e Hotelaria e da Banca, Finanças, Seguros e Imobiliário apresentam projeções de +31% e +25%, respetivamente, valores que decrescem em sete e 18 pontos percentuais, respetivamente, quando comparados com o trimestre passado.

Também a Construção e as Outras Atividades de Serviços avançam perspetivas animadoras em relação ao aumento das suas equipas, com uma Projeção de +23%, ainda que este último setor revele uma diminuição considerável de 16 pontos percentuais, face ao trimestre anterior.

Por fim, os setores com as perspetivas menos otimistas, mas ainda assim positivas, são a Produção Primária (atividades agrícola, mineira ou de recolha de resíduos), com +21%, e a Educação, Saúde, Trabalho Social e Governamental, com +20%.

Projeções mais ambiciosas concentram-se no Grande Porto

Todas as regiões de Portugal apresentam previsões favoráveis quanto à evolução das contratações no último trimestre de 2022, ainda que apenas uma evolua positivamente face ao trimestre anterior.

A zona do Grande Porto apresenta a Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais otimista, com um valor de +40%, sendo a única região com uma evolução positiva desde o último trimestre, com mais três pontos percentuais.

Na região Sul, também se observa uma projeção próspera de +32%, que apesar de diminuir em 7 pontos percentuais face ao trimestre passado, representa o maior aumento relativamente ao período homólogo do ano passado, com uma variação de 24 pontos percentuais.

Já na área da Grande Lisboa, os empregadores estão igualmente otimistas, avançando uma Projeção de +26%, valor que traduz, no entanto, uma redução de 7 pontos percentuais relativamente à previsão do terceiro trimestre.

Seguem-se a Região Centro, com +20%, e a Região Norte, com uma previsão de +18%, menos 7 pontos percentuais que no trimestre passado.

Empresas de maior dimensão mantêm as intenções de contratação mais acentuadas

Todas as categorias de empresas inquiridas, independentemente da sua dimensão, preveem aumentar a força de trabalho até ao final do ano.

As grandes empresas avançam a perspetiva mais próspera relativamente às contratações, com uma projeção de +38% – um aumento moderado de cinco pontos percentuais face ao trimestre anterior. Seguem-se as pequenas empresas e as microempresas, com projeção de +30% e +26%, respetivamente, em relativa estabilidade face ao trimestre passado.

Por fim, as empresas de média dimensão e as microempresas apresentam uma projeção de +26% e + 25%, respetivamente.

Intenções de contratação a nível global diminuem, mas continuam fortes

Tal como em Portugal, a Projeção para a Criação Líquida de Emprego a nível global sofreu um ligeiro decréscimo, com o valor a permanecer nos +30%, menos três pontos percentuais do que no trimestre passado.

Dos 41 países inquiridos, 39 apresentam perspetivas de contratação positivas, mas 23 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior.

O Brasil, a Índia e a Costa Rica são os países que apresentam uma projeção mais otimista, de +56%, +54% e +52%, respetivamente. A nível europeu, a França e a Suécia mostram as intenções mais elevadas, com +34%, sendo que Portugal é o quinto país da tabela.

Já no que refere às previsões menos ambiciosas, o destaque vai para a Hungria, com uma projeção negativa de -5%, seguida pela Grécia, com -3%.

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou mais de 40.000 empregadores, em 41 países e territórios, em julho de 2022, 555 dos quais em Portugal.

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