Congresso Nacional ADHP: Necessidade de valorizar os profissionais do turismo em destaque na edição deste ano

Por a 31 de Março de 2022 as 16:30
Créditos: ABarroso, Dirhotel.

O XVIII Congresso Nacional da Associação de Diretores de Hotéis de Portugal (ADHP), que este ano discute o presente e o futuro da hotelaria, arrancou esta quinta-feira, numa cerimónia de abertura que contou com a presença da secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques.

Na sessão inaugural estiveram presentes Raúl Ribeiro Ferreira, presidente da direção da ADHP, João Rocha, presidente do Instituto Politécnico do Porto, Inácio Ribeiro, vice-presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Paulo Vasques, vereador da Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Vila do Conde e Aires Henrique do Couto Pereira, vereadora do Turismo da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.

Na sua intervenção, Raúl Ribeiro Ferreira relembrou o tema do congresso da ADHP de 2013, “De pessoas para pessoas”, apontando que, já na altura, chamavam a atenção para “um problema que sabiam que ia acontecer e que era evidente – a diminuição da atratividade do setor [do turismo] para trabalhar”.

“Hoje em dia o problema passa para além dos vencimentos, tem a ver muito com a gestão de expetativas dos nossos jovens, com a gestão de carreiras que não está a ser acautelada. Continuamos a aguardar a alteração da tabela de classificação dos hotéis com a introdução da valorização dos recursos humanos, em que apareça pontuação para os empreendimentos que apostam numa mão de obra mais qualificada”, declara o diretor da ADHP.

Fazendo a ponte para os estudantes que vão futuramente entrar no mercado de trabalho, Raúl Ribeiro Ferreira salientou “a presença de jovens [na sessão inaugural do congresso], uma nova geração como a nossa, que continua a acreditar que vale a pena trabalhar no turismo”.

“É importante que criemos condições para que não saiam do país e que se fixem em Portugal. É importante não os desiludir, criar carreira para que eles continuem a chegar e a ficar neste setor que tanto gostamos”, defendeu.

Nesse sentido, referiu o facto de ter chegado a altura de “fazer diferente”, apontando para a necessidade de as associações como a ADHP terem acesso a financiamento para fazer formação. Com diz, “as associações patronais podem fazê-lo, [mas] as associações profissionais como a ADHP, que estão ao pé de quem trabalha, estão fora desse esquadro”.

Preocupação na junção das pastas de Turismo, Comércio e Serviços

O momento foi aproveitado por Raúl Ribeiro Ferreira para parabenizar Rita Marques pela tomada de posse da pasta do Turismo, Comércio e Serviços, que decorreu esta quarta-feira, e a disponibilidade da mesma para marcar presença no congresso – como o presidente da ADHP fez questão de salientar, Rita Marques “nunca falhou nenhum dos congressos desde que tomou posse”.

No entanto, Raúl Ribeiro Ferreira referiu que a associação “vê com muita preocupação a junção das três secretarias de estado numa só, e a perda de força política para o setor do turismo”.

“Na estratégia para Portugal nos próximos anos não há nenhuma menção à palavra turismo, e essa visão preocupa-nos. Preocupa-nos como é que a secretária de Estado vai ter força para alterar esse percurso, para [o Turismo] ser uma opção do Governo”, salientou.

Na sua intervenção na sessão de abertura, Rita Marques referiu que “embora o turismo tenha passado um período extremamente sofrido, nunca desistiu. Nunca quisemos só sobreviver, quisemos liderar”.

Afirmou que o facto de nunca terem desistido permitiu que os últimos dois anos fossem de preparação para a retoma, admitindo que, apesar de “ela estar a acontecer” é provável que sejam necessários “alguns anos” para um regresso efetivo. Ainda assim, reforça a esperança de terminar o ano de 2022 “com 85% das receitas turísticas que tivemos em 2019”.

Num outro ponto, a secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços enfatizou a necessidade de contornar a questão da falta de capital humano no turismo. Apesar de apontar a possibilidade de “acolher alguns cidadãos internacionais disponíveis para trabalhar no setor”, reforça a necessidade da qualificação dos profissionais, bem como a sua valorização.

“Não podemos nunca perder o foco. Um dos grandes objetivos continua a ser crescer em valor, criar serviço de excelência. [Para além disso] temos que valorizar os profissionais do setor, garantir que há uma progressão de carreira interessante, porque só assim conseguimos angariar e atrair os melhores talentos”, termina.

A programação do Congresso Nacional da ADHP decorre até sexta-feira, 1 de abril, na Escola Superior de Hotelaria e Turismo, em Vila do Conde, sendo que o dia de 2 de abril está reservado para um programa social.

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