Especial 2022 | “Saudinha, da boa”, para o nosso turismo!

Chega uma altura da vida em que aquilo que mais desejamos é ter saúde, “saudinha, da boa”, como popularmente se ouve dizer. E este discurso não é um sinal de que estamos a ficar velhos ou desencantados. Pelo contrário, é um pensamento lúcido e realista de quem sabe que a saúde é o pilar essencial para desenvolvermos qualquer atividade.
O turismo não é exceção. Sem um setor saudável, nada se faz. Sem saúde não há força para agarrar novos desafios, não há motivação para fazer novos planos, não há energia para enfrentar obstáculos. E todos sabemos como o nosso turismo andou enfermo e enfraquecido nos últimos tempos. Começamos, finalmente, a vislumbrar alguns sinais da sua revitalização, mas não nos enganemos, o setor ainda está num período de convalescença e, como tal, aquilo que esperamos ver acontecer no próximo ano é a recuperação da sua força, da sua alegria e da sua vitalidade, num processo que se quer gradual, mas consistente.

Para isso, não podemos viver sob o fantasma da escassez ou de novas restrições, nem tão-pouco dependermos de picos de euforia voláteis e passageiros. Para um turismo com saúde, precisamos de uma normalização das nossas atividades e a única ferramenta que nos pode ajudar, neste momento, passa pelo compromisso com um forte controlo sanitário, da nossa parte e de todas as entidades que nos governam. Só dessa forma será possível reconquistar a confiança dos turistas e restaurar o sentimento de segurança e a vontade de viajar. Esse é ponto de partida para se conseguir retomar, de forma regular, a vinda de turistas internacionais e para voltar a despertar o interesse das companhias aéreas em (re)ativar rotas para o nosso país.

Se esse compromisso for respeitado, temos todas as condições para voltar a crescer de forma
revigorada. Somos um dos países com maior taxa de sucesso de vacinação a nível mundial e essa é uma mais-valia que temos de saber preservar e potenciar, para continuarmos a ser percecionados como um destino seguro e de confiança. Numa altura em que em muitos países da Europa se começa a falar, novamente, de restrições e confinamentos, esse é o nosso grande trunfo, que temos de jogar para cima da mesa. Por esta razão, não podemos deitar tudo a perder e é imperativo aprendermos com os erros do passado.

O setor do turismo tem sido um bom paciente, daqueles que está totalmente focado na sua recuperação. Dos nossos cuidadores esperamos agora uma postura firme e responsável, que não dê lugar a vacilos ou a retrocessos. Só assim poderemos voltar a ganhar forças e ter a expectativa de, já com um ar saudável, podermo-nos debruçar, com a atenção devida, a todos os outros desafios que a nossa indústria tem de aprender a dar resposta.
Que 2022 venha então cheio de “saudinha, da boa”, para o turismo e para todos nós!

Rodrigo Pinto Barros, presidente da APHORT