Em 2022, Turismo e Hotelaria podem esperar “Um novo vôo da Fênix”?

Por a 3 de Janeiro de 2022 as 9:50

Lançado em 1965O Vôo da Fênix”, é um filme realizado por Robert Aldrich com argumento baseado no romance homónimo de Elleston Trevor (pseudónimo do autor), publicado em 1964.

Nesta obra cinematográfica, uma aeronave é atingida por uma tempestade de areia que a avaria e obriga a aterrar de emergência num ponto remoto do deserto longe de qualquer sinal de civilização. Os sobreviventes desta aterragem forçada, tendo por únicos materiais os destroços resultantes do acidente, constroem uma nova aeronave, que baptizam de “Fénix”, inspirados na crença de uma ave lendária que renasce das próprias cinzas, crença que existiu em vários povos da antiguidade como gregos, egípcios e chineses. Em todas as mitologias o significado é preservado: a perpetuação, a ressurreição, a esperança que nunca tem fim.

Quase dois anos depois do início da pandemia provocada pela disseminação mundial do vírus COVID-19, a indústria do turismo e concretamente a hotelaria continuam ainda na senda da construção da sua “Fénix”, ou seja, da recuperação do sector, registando altos e baixos na quantidade de turistas, viajantes… hóspedes, altos e baixos por vezes (ou quase sempre) resultantes de decisões políticas, decerto bem intencionadas quanto ao esforço de controlo da pandemia, mas incompreensivelmente desastradas no que à economia real negativamente impactam, nomeadamente no sector do Turismo.

Ainda assim, decerto inspirada pela referida ave mitológica… observou-se uma recuperação da marcação de voos para a Europa: 

  • Dividindo a análise em Europa do Leste e Ocidental: 
    • Maior rapidez de recuperação na Europa de Leste, mas com um trend claramente sazonal com uma quebra no final do ano
    • Recuperação mais lenta, mas consistente da Europa Ocidental, (-33% abaixo dos níveis de 2019 na semana de 25 outubro 2021, recuperando de uma quebra de 83%)

Fazendo incidir a análise sobre Portugal:

  • Forte recuperação do volume de viagens durante a Primavera (Abril a Maio) e final do Verão (Agosto e Setembro):
    • Primavera – Dos primeiros países europeus a estar aberto ao turismo
    • Verão – Abolição de quase todas as restrições

Pelo gráfico seguinte verifica-se que em 2021 a marcação de voos por parte de todos os mercados de origem recuperou os níveis de 2019 com excepção da APAC:

Origens internacionais

No gráfico seguinte, verifica-se que:

  • De origens internacionais, o viajante individual continua a ser o grupo dominante, tendo inclusive crescido durante o “período COVID”.
  • O grupo “casais” continua a ser uma fonte importante de turismo da região EMEA.
  • No que se refere ao mercado doméstico, verifica-se aumento dos viajantes “casal” e “famílias” em detrimento do viajante individual.


Duração da estadia em Portugal:

  • Estadias médias e longas aumentaram a sua importância e popularidade ao longo dos “anos COVID” (2020, 2021).
  • Fazendo uma análise mais focada na evolução trimestral em 2021, parece estar a duração de estadia a voltar a um padrão semelhante ao anterior à pandemia.


O gráfico acima revela os últimos 30 dias de pesquisas de vôos para Portugal:

  • A maioria das intenções de viajar concentra-se nos próximos 2 meses
  • Aumento interessante para o período do Natal (barra laranja) sobretudo vindo do mercado Norte Americano
  • Para 2022 já se começam a revelar intenções de viajar durante a Primavera, uma vez mais o mercado Norte Americano é o mais relevante

Conclusão:

A “Fénix” do Turismo e Hotelaria levantou vôo ainda em 2021, com sinais evidentes de que a maioria dos mercados internacionais materializam intenções de vir para o destino Portugal e alguns, como o mercado Norte Americano, até com maior força do que no passado, ou seja, não é comprovadamente (em números muito objectivos) a falta de turistas que impedirá este renascer das próprias cinzas.

Este novo vôo da “Fénix” do Turismo enfrenta, no entanto mais uma tempestade inventada nos gabinetes dos decisores políticos que, no seu mundo virtual, continuam sem entender (ou querer entender) que destruindo a economia real tudo cairá por arrasto e que sem criar riqueza também não se criam postos de trabalho e em último caso… colectar os elevadíssimos impostos a que estão sujeitos todos os contribuintes.

Portugal é ao dia de hoje, o 3º país do mundo com maior percentagem de população vacinada (vacinação completa), no entanto e até sem uma diretiva europeia mandatória, incompreensivelmente foi dos primeiros países a exigir um teste negativo para além do Certificado de vacinação, para um viajante poder entrar numa aeronave cujo destino fosse Portugal, sob pena de pesadas multas para o próprio e para as companhias aéreas.

Estará a “Fénix” do Turismo em causa? 

Esperemos que não. Desejamos que o seu novo vôo continue em 2022 e que tal como a lendária ave mitológica, tenha força suficiente para no seu vôo continuar a carregar estes “elefantes” (sem ofensa aos simpáticos paquidermes).

*Luís Brites, CEO & Board Member of Clever Hospitality Analytics

**Fonte de Dados Autorizada: Richard Cottrell, Commercial Director, Spain & Portugal of SOJERN

 

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *