Especial 2022 | E agora?

Por a 17 de Dezembro de 2021 as 10:18

Passado um ano difícil, eis-nos confrontados com uma típica expressão do nosso dia-a-dia. E agora?

Diria que 2021 foi a sucessão de dois semestres com características completamente diferentes. Se o período até julho foi mau na generalidade, o progressivo aumento da vacinação, com a paralela redução de infeções, internamentos e sobretudo mortes, fez com que o cidadão europeu e a atividade turística começassem a compreender, a partir de meados de junho, que a retoma era possível. E tal, na sua generalidade, aconteceu.

Chegados a dezembro, infelizmente, um novo retrocesso no controlo da pandemia faz-nos repensar onde estamos e que meios tem a humanidade para combatê-la e encontrar novas fórmulas para uma melhor convivência profilática. O vírus, ao contrário do que chegámos a pensar, não irá desaparecer tão rapidamente e o mundo (incluindo a mobilidade turística) tem de adaptar-se a esta nova vida.  Em 2020, com muito medo, pensávamos que as vacinas resolveriam tudo. Em 2021 e a pensar no futuro, acreditamos na recuperação, mas temos consciência de que o processo será longo e não exclusivamente dependente de uma “poção mágica”.

Sou otimista e acredito que a ciência e a capacidade de adaptação do homem, poderão fazer inverter o efeito demolidor que um vírus está a causar não só na saúde física e psicológica da população, como na economia global.

Julgo que o primeiro semestre de 2022 será ainda muito desafiante e particularmente difícil para o turismo, apesar de não estarmos confrontados com o desespero que foi a total ausência de transporte aéreo para o nosso País, complementado pelas naturais restrições que o tempo exigiu.

Para fazer face às grandes transformações e mudanças que temos assistido nos últimos meses, é preciso reajustar, reposicionar e ser claro nos objetivos a atingir. Precisamos reivindicar ao poder político – nacional, regional e local -, uma postura clara sobre o que queremos em termos de acessibilidades para Portugal e para as suas regiões:

– Nas infraestruturas que suportam os transportes aéreos, marítimos e ferroviários;

– Na política de “hubs” e consequente papel que a TAP e os dois principais aeroportos poderão representar na canalização de tráfego para todos os destinos nacionais;

– Na compatibilização da oferta turística com a gestão das companhias aéreas, ditas de bandeira, nomeadamente a rediscussão do papel que a “TAP Express” deverá assumir numa política de transporte “point to point” com os principais destinos turísticos portugueses.

Mas não só.  Os agentes do sector terão de olhar também para:

– Aposta em novos modelos de gestão, olhando às oportunidades geradas pelas novas vagas de digitalização e aos novos comportamentos e necessidades trazidas pelo “cliente”;

– A integração nos novos modelos de distribuição turística;

– As novas exigências (e oportunidades) colocadas pelas novas gerações que optem por uma carreira no turismo.

Porque a tranquilidade na economia e na saúde não tem ainda prazo seguro, aqui fica o alerta para a necessidade da manutenção dos apoios do Estado e das Regiões nas políticas de emprego, garantia de moratórias e redefinição de créditos que possam minorar as dificuldades que percorrem a tesouraria das empresas.

Saibamos todos adotar uma postura adulta, sem medos e com a certeza de que o que aprendemos neste ano, servirá de lição para enfrentar um ano de “anormal normalidade”.

*António Trindade, presidente e CEO PortoBay Hotels & Resorts.

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