“A longevidade do novo aeroporto deve ser de 50 a 60 anos”, diz diretor da easyJet

Por a 11 de Novembro de 2021 as 16:21

Depois de ser ter ouvido no início do 32.º Congresso da AHP que a ambição do turismo em Portugal é chegar a 2027 com 27 mil milhões de euros de receitas e 80 milhõees de dormidas, o painel que debateu “A importância da acessibilidade aérea na recuperação do turismo em Portugal”, desfez, de certa forma, essa possibilidade sem uma nova infraestrutura aeroportuária em Lisboa.

No painel que reuniu Christine Ourmières, CEO da TAP Portugal, Thierry Ligonnière, CEO da ANA Aeroportos, e José Lopes, diretor para Portugal da easyJet, ficou bem patente que, sem essa infraestrutura, será impossível atingir esses valores.

O responsável da esayJet foi perentório na análise ao referir que, não só é “urgente decidir-se pela construção no imediato”, como esse mesmo aeroporto deverá ter uma longevidade de, pelo menos, “50 ou 60 anos”. “Seja qual for a solução, ela não estará concluída durante os próximos quatro ou cinco anos”, o que torna o crescimento, praticamente, “impossível”, sendo que a opção Alcochete, “estaremos a falar de mais tempo”. “Lisboa está bloqueada”, acrescentou José Lopes, adiantando que “é com Portela que vamos ganhar no curto prazo”.

A mesma opinião expressou Thierry Ligonnière, admitindo que, “a partir de 2023 precisamos de mais capacidade em Lisboa”, salientando que “se era urgente há anos, mais urgente ainda é neste momento”, frisando que “é um erro esperar por causa da pandemia”.

O responsável da ANA afirmou mesmo que “nós temos um projeto, uma solução e temos empreiteiros contratos para o curto prazo para o Montijo”. Admitindo, por outras palavras, que não existe plano B, frisou que “uma lei que dá a um município o poder de veto para uma infraestrutura de interesse nacional não deixa de ser estranha”.

O certo é que “o que vai estar em cima da mesa é o que o Governo decidir”, assinalando o CEO da ANA que “nós não decidimos, fazemos propostas”, deixando a nota que “em todos os casos será necessário investimento”.

Certo parecer ser, também, que uma opção “green filed” é, segundo o mesmo, “muito mais cara e levanta questões de financiamento”, admitindo Ligonnière que aí “estaremos a falar de taxas”. Por isso, uma opção “green field”, ao contrário de uma “brown field” necessitará formas de financiamento que terá de vir “do Estado ou à custa dos contribuintes”.

“É preciso um consenso nacional e ter uma voz unida em relação aeroporto”, até porque “a nossa proposta foi aprovada por três governos diferentes”.

Relativamente às taxas, o CEO da ANA frisou que “não deixa de ser uma questão mediática, mas é transparente”, salientando que estas são conhecidas e públicas e baixaram durante a pandemia”.

José Lopes contrapôs a afirmação do CEO da ANA ao afirmar que as taxas estão a aumentar, com a CEO da TAP a admitir que “as companhias nunca irão concordar com os aeroportos” neste tema. Certo é que para a responsável da companhia aérea nacional, “há que analisar se as taxas estão ou não a contribuir para a competitividade da TAP”.

Ainda quanto às taxas, o painel concordou no ponto em que estas deveriam ser canalizadas para o investimento, investigação e desenvolvimento.

Do lado da TAP, a CEO da companhia frisou que a aviação tem e terá um papel central na conectividade e crescimento do setor do turismo, frisando que nesse capítulo Portugal é fundamental para a recuperação da TAP”, salientando que a TAP “quer fazer parte da solução”.

Mas não é só a TAP que contribui para o crescimento do setor do turismo no nosso país, com José Lopes a destacar o papel que a easyJet tem tido e irá continuar a ter para esta retoma, destacando a operação no Algarve e na Madeira.

A indústria da viação atravessa, contudo, outro problema que afetará, não só as operações, como, também, os preços que praticar. “Seria contraproducente passar os custos para os passageiros e para estimular o próprio mercado”.

Do lado da ANA, Ligonnière frisou que o fator combustíveis tem um “um impacto massivo”, admitindo que as companhias “não têm forma de mitigar esses custos”.

Antes de terminar o painel, Christine Ourmières admitiu que a TAP “nunca adotará um modelo Ryanair”, uma vez que “não é algo que queremos ser”. Por isso, “se não virmos rentabilidade numa rota, não a abrimos”.

Quanto ao processo de reestruturação que está em Bruxelas, a CEO da TAP admitiu “esperar a aprovação ainda este ano”, concluindo que “todos têm estado a trabalhar no mesmo sentido. Agora são detalhes”.

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