Mercan investe 400 milhões de euros na praça hoteleira nacional

Por a 21 de Setembro de 2021 as 7:12

O grupo Mercan entrou em Portugal em 2015 com foco no desenvolvimento de projetos imobiliários relacionados com o turismo e já inaugurou a sua primeira unidade. O Hotel Casa da Companhia abriu portas em julho, no Porto, num investimento de 11 milhões de euros. Atualmente, a empresa canadiana tem mais 13 projetos em desenvolvimento em localizações como Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Lisboa, Amarante e Évora num investimento total de 400 milhões de euros.
Miguel Gomes, Construction & Development General Manager da Mercan, explica quais os objetivos do grupo no país.

O Grupo Mercan está presente desde 2015 em Portugal. Que passos têm dado no país desde essa altura?
O nosso foco foi desde logo a hotelaria e a hospitalidade. De uma forma transversal, a nossa atividade conjuga o investimento estrangeiro com a criação de emprego, o estímulo do turismo e o desenvolvimento local e nacional com uma forte componente na reabilitação urbana. Os investidores internacionais procuram-nos porque valorizam estas características no nosso modelo, além das mais-valias do país para o turismo: segurança, estabilidade e hospitalidade. Começámos com três projetos, neste momento já temos 14.

Que motivos vos levaram a escolher Portugal como o primeiro país da Europa para investir?
O Grupo Mercan escolheu Portugal para o desenvolvimento das suas atividades na Europa devido à segurança, estabilidade e hospitalidade que o país oferece, bem como às oportunidades na área da reabilitação urbana.

Quais são os vossos objetivos de crescimento?
Numa altura difícil para todos os setores, não só mantivemos, como reforçámos os nossos investimentos em Portugal. Estamos atentos às oportunidades e queremos continuar a crescer.

As unidades já anunciadas estão sob a alçada de grandes marcas hoteleiras de luxo. Este será o perfil transversal aos vossos hotéis?
A Mercan conjuga projetos de reabilitação de edifícios históricos, cuja marca vive da própria história do local como na Casa da Companhia, com projetos de construção nova e também virada para o turismo de negócio (caso de Matosinhos e Évora). Cada nova unidade merece da nossa parte o estudo e adoção da melhor estratégia de exploração incluindo a afiliação, ou não, a marcas hoteleiras internacionais.

Como será o perfil das vossas unidades em termos de dimensão/classificação/produto?
Tal como referi, a Mercan conjuga projetos de reabilitação de edifícios históricos com projetos de construção nova e também virada para o turismo de negócio, com produtos de três a cinco estrelas, desde 23 a mais de 200 unidades de alojamento. Neste sentido, é claro que não temos um perfil de investimento único e as próximas unidades poderão ter diferentes públicos-alvo. Já a dimensão e classificação será sempre aquela que melhor compatibilizem com as características do projeto em si.

Que tipo de produto querem oferecer aos hóspedes?
Há um denominador comum, no sentido em que o nosso objetivo de negócio passa por encontrar os melhores investimentos para os nossos investidores, que ao mesmo tempo dão origem aos melhores projetos de turismo, focados nos hóspedes. Por outro lado, as diferentes categorias dos nossos projetos permitem-nos ter uma carteira com uma oferta bastante vasta. Queremos, e temos conseguido, oferecer a melhor experiência, garantindo infraestruturas e serviços com qualidade de topo dentro das diferentes áreas de procura. Se por um lado, chegamos a um público que pretende uma experiência mais local, e até tradicional, por outro satisfazemos também quem dá mais valor ao luxo e a uma envolvência menos típica da região onde se insere.

De que forma se querem posicionar no mercado?
Acreditamos que a atividade da Mercan, de reabilitação urbana para fins hoteleiros, é distintiva, no sentido em que o investimento que geramos tem um contributo direto para a economia nacional no curto e longo prazo, criando postos de trabalho e riqueza num setor muito afetado pela pandemia. Queremos desenvolver este impacto positivo na economia portuguesa, nas suas duas vertentes. Por um lado, proporcionar aos investidores estrangeiros oportunidades de investimento direto em ativos, dos quais se tornam coproprietários e recebem rentabilidade. Por outro, utilizar esse investimento para projetos turísticos de qualidade, que fortaleçam o potencial económico das zonas onde se encontram e ofereçam aos turistas uma experiência ao nível da marca Portugal.

Que leitura fazem da oferta hoteleira nacional e de que forma se querem enquadrar nela? 
A nossa atividade, e os projetos que temos em desenvolvimento, são prova de que há potencial de melhoria e crescimento da oferta hoteleira nacional, porque o país tem diferentes focos de procura. No nosso caso, temos procurado acrescentar valor em zonas que têm potencial de crescimento, como o Norte e Alentejo.

Quais são os maiores desafios?
São os desafios inerentes ao turismo. O setor do turismo é, indiscutivelmente, um dos mais afetados pela pandemia e o principal gerador de emprego e riqueza no nosso país, pelo que deve ser uma das principais prioridades do Governo, na estratégia para a retoma económica nacional. É fundamental continuar a auxiliar as empresas do setor hoteleiro e da restauração, através de apoios financeiros que permitam garantir a manutenção dos negócios e dos postos de trabalho.
Por outro lado, acreditamos que é necessário restabelecer o nível de confiança na segurança do destino Portugal com campanhas de promoção para fortalecer a nossa imagem junto dos mercados estratégicos. Isto vai permitir, além de potenciar o interesse de investidores estrangeiros em projetos turísticos, impulsionar o crescimento de reservas dos hotéis nacionais, com origem nos mercados interno e externo.
Outra prioridade passa por abrir novas rotas aéreas intercontinentais, para incremento da taxa de ocupação, uma vez que mais de 70% das dormidas são de cidadãos europeus.

Têm, atualmente, 13 unidades em desenvolvimento no país. Cinco são já conhecidos. Que outros projetos existem?
Para além do Hotel Casa da Companhia que já abriu ao público, temos mais quatro projetos na região Norte que estão em fase de conclusão que esperamos abrir entre o final deste ano e início do próximo. Dois destes hotéis são afiliados a marcas internacionais que são o Four Points by Sheraton Matosinhos e o Sé Catedral Hotel – Tapestry Collection by Hilton no Porto.

Qual é o valor total do investimento relativo a estes projetos?
Entre o hotel aberto e os projetos em curso são 14 unidades hoteleiras. Estamos a falar de um investimento global de 400 milhões de euros de mais de 1000 investidores, que estão a criar 800 postos de trabalho no desenvolvimento e construção destes catorze projetos durante 24 meses, e mais de 900 postos de trabalho na gestão de operações hoteleiras, que haverão de estender-se por período naturalmente mais longo.

Qual é o calendário relativamente às próximas aberturas projetadas?
Dos catorze projetos que temos à data em localizações como Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos, Amarante e Évora, três estão concluídos, sendo que um já está em funcionamento – a Casa da Companhia – e os outros dois que deverão iniciar a sua atividade hoteleira ainda este ano; cinco em fase de construção e quatro em fase de licenciamento.

*Entrevista realizada via email

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