Opinião | A oportunidade da hotelaria do Interior

Por a 13 de Agosto de 2021 as 8:46

Tal como a maioria das atividades económicas, o turismo concentra-se no litoral, destacando-se o Porto, Lisboa, a Costa Alentejana e o Algarve; nas ilhas, claramente o Funchal e em menor dimensão Ponta Delgada. Ou seja, o turismo concentra-se nestes locais, porque, independentemente do maior potencial turístico, também aqui se concentra a oferta de alojamento, implicando muitos turistas, muitos contactos. Pelo segundo ano consecutivo, e apesar da expansão do número de vacinados, o que o consumidor pretende é…desconcentração: unidades de pequena dimensão com muito espaço ao ar livre, tanto na unidade de alojamento como nos pontos turísticos em redor.

Para muitas unidades hoteleiras do interior, 2020 foi um ano francamente bom e 2021 prepara-se para seguir o mesmo caminho. Parece estranho, mas se entendermos que são unidades hoteleiras habituadas a elevada sazonalidade e em que a concentração de receita é de maio a outubro, a pressão da procura tem vindo a refletir-se em elevadas taxas de ocupação e aumento significativo do preço médio praticado.

Mas como irá ser em 2022? Provavelmente, e com a pandemia terminada/controlada, muita desta procura voltará a destinos mais tradicionais, pois é para aí que tem ido ao longo dos anos e porque os agentes públicos e privados desses destinos têm uma muito maior capacidade em termos de recursos para atrair a procura. Ou seja, este Verão traz uma oportunidade única de fidelizar esta procura de forma a que, mesmo com maior concorrência, retorne e recomende. Para o efeito, julgamos ser necessário várias ações:

Profissionalização dos serviços: Notamos em muitos dos alojamentos várias falhas ao nível do serviço quer seja nas reservas quer durante a estada do cliente. Temos consciência que em muitos locais é difícil encontrar pessoal qualificado ou que os proprietários não têm formação específica em hotelaria. Porém, nem todas as falhas se colmatam com simpatia e atualmente a oferta formativa já é vasta.

Diversificação de propostas de lazer: Um bom quarto, um bom pequeno almoço e uma piscina num ambiente rural pode ser suficiente para muitos clientes, mas um cada vez maior número quer atividades que podem passar por passeios nas mais diversas formas, aprendizagem sobre diferentes tipos de artesanato, gastronomia, vinho, história, atividades agrícolas.

Trabalhar em rede: Derivado do ponto anterior, pode não ser possível (nem economicamente viável) a cada unidade oferecer um número muito elevado de propostas de lazer. Contudo, se várias unidades se juntarem com propostas diferentes, é mais fácil obter massa crítica para as executar; o mesmo também é valido para a restauração em que a partilha de clientes pode ajudar na respetiva rentabilização.

Marketing e Vendas: Atualmente um bom site com motor de reservas custa uma ínfima parte do que custava há 10 anos. Não basta naturalmente o site, mas com um trabalho contínuo de redes sociais e tradicionais é possível captar mais procura e de forma direta.

É, pois, hora de aproveitar esta oportunidade até porque a maioria deste tecido turístico se situa em zonas com abundância de fundos comunitários e apoios financeiros.

*Luís Pedro Carmo Costa, partner Neoturis.

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