Valverde reabre após ampliação e grupo prepara inauguração de dois novos hotéis

Por a 20 de Julho de 2021 as 7:00
Valverde Hotel Foto: Frame It

Na icónica Avenida da Liberdade, as portas do Valverde Hotel voltaram a abrir-se ao fim de três anos. A unidade que integra a cadeia internacional Relais & Châteaux cresceu e apresenta agora o dobro da oferta. Durante os meses em que esteve encerrada foram criados 26 novos quartos, nasceu um novo restaurante e bar e a piscina mudou de lugar. Há também uma nova receção, um ginásio e uma sala de tratamentos a acrescer à lista de mudanças.

Assim que se atravessa a porta, do lado direito da receção, encontra-se mais um ex-líbris desta intervenção. Foram eliminadas três unidades de alojamento do edifício antigo que deram vida à nova Sala Jardim.

À vista saltam as diversas peças de arte espalhadas por esta sala multifuncional que pode assumir-se como um lobby ou ser adaptada para espaço de eventos. Há pinturas da Paula Rego, esculturas e livros de arte e literatura que enchem o espaço envolto em cores dramáticas. Todo o mobiliário é cuidadosamente enquadrado no mote. Dos padrões vivos aos elementos mais sóbrios e delicados, o projeto tem a assinatura de Diogo Rosa Lã e José Pedro Vieira da Bastir que foram, também, os responsáveis pela arquitetura e design do projeto original Valverde Hotel inaugurado em 2014.

A ampliação iniciada em 2018 concretizou-se através da união de dois edifícios adjacentes localizados na Rua de São José ao edifício original. O hotel está agora, teoricamente, divido entre o edifício Avenida (antigo) e o São José (novo). Na prática, há uma coesão entre espaços que faz com que todo o hotel seja uno.

Novos quartos no ambiente de sempre
Os corredores clássicos de cores secas guiam-nos às novas 26 unidades de alojamento divididas em seis categorias: mini (1), classic (5), classic gardens (3), deluxe (8), deluxe gardens (7) e suites (2).

As portas de madeira pesada abrem-se com uma chave tradicional e, lá dentro, moram elegantes espaços decorados de sofisticação. As áreas amplas assumem-se como a primeira forma de conforto assim que se entra. Cada unidade é vestida por diferentes tons, do amarelo torrado ao verde seco. Os pormenores de deleite são quase infinitos: um armário clássico vintage, o padrão de parede losangular, as carpetes tingidas de forma tímida, ou as pinturas expostas por cima dos sofás que dão continuidade ao mote de galeria de arte que se sente logo à entrada do hotel.
Alguns quartos são presenteados com vista para a nova piscina de água aquecida, que subiu um piso, e outros são brindados com vista para a Rua de São José. As tranquilas varandas, com vista para a serena piscina, apesar de não disporem de muita privacidade, são um confortável lugar de tranquilidade. Aqui, uma vez mais, as cadeiras e mesas chamam a atenção destacando-se no chão cinzento.

Adélia Carvalho, diretora-geral Valverde Hotel | Foto: Frame It

No Edifício São José há ainda um novo espaço, indispensável a um boutique hotel como o Valverde: um pequeno espaço de wellness composto por um ginásio, balneários com duche e uma sala de tratamentos.
A unidade está maior e, três anos depois, ampliou-se aquela que se quer como uma casa para quem a visita. O objetivo é que quem entre sinta que o Valverde Hotel sempre foi assim e que esta nova ala está integrada no espírito original. O propósito é conseguido pelo excelente trabalho de cores e de elementos que, apesar de diferentes dos já existentes, se enquadram e se completam.

A decoração não é nem tem de ser estanque. Apesar de reaberto há pouco tempo há ainda pequenos pormenores que estão em fase de afinação. Há uma escultura que terá uma nova base, quadros que ganharão legendas e uma ou outra peça que pode ser desviada mais uns centímetros para aqui ou para ali. E isso é é assumido como parte do ambiente que se pretende oferecer neste boutique de luxo. “É uma casa em construção. Na nossa casa também mudamos coisas de lugar e queremos que o hóspede tenha a liberdade de ver, com outros olhos, e de sugerir alterações ao espaço”, explica a diretora-geral, Adélia Carvalho.

A nova casa da chef Carla Sousa
Outra das novidades nesta reabertura é o novo restaurante o Sitio. Assim que as portadas de madeira deslizam, é-nos apresentado um espaço sublime que carece de alguns segundos de observação. As mesas estão dispostas milimetricamente, organizadas entre painéis de madeira que conferem uma experiência de privacidade durante a refeição. O chão desenha-se com azulejos espelhados entre o castanho, azul e verde e, no ponto oposto, o teto é esculpido em burel bordado amparado por vigas de madeira. Na sobriedade das mesas destacam-se as delicadas flores que completam o imponente espaço. Há ainda um espaço exterior preparado para 10 pessoas a juntar à capacidade de 34 lugares no interior.

A combinar com a beleza do novo restaurante, intimista, elegante e descontraído em simultâneo, há uma nova carta que prioriza os sabores nacionais em pratos leves e cuidados. Durante o período em que o hotel esteve encerrado, a chef Carla Sousa fez formação na conhecida Le Cordon Bleu, na capital francesa, e meteu mãos na nova cozinha cheia de ideias e de novas técnicas.

Chef Carla Sousa | Foto: Frame It

Uma das premissas presente nos menus -seja de almoço, jantar ou do chá da tarde – é a de que o sabor de sempre pode ser servido de forma mais natural. A carta está mais saudável, com uma aposta em elementos ligeiros e guarnições mais leves. A ideia é a de que as pessoas consigam desfrutar de uma experiência sem a sensação de exagero. Outra das preocupações foi a de introduzir várias opções que consideram qualquer regime alimentar ou intolerância. Há pratos vegetarianos e vegan, scones sem glúten e sem lactose. Abraçar os novos hábitos alimentares é um propósito claro bem como integrar todos os clientes independentemente das suas opções alimentares.
O creme de espargos e trufa negra ou as vieiras braseadas são duas das entradas servidas ao jantar. O rissotto de cogumelos selvagens, a garoupa, o atum dos açores ou o magret de pato compõem algumas das opções de pratos principais.
À hora de almoço há um croquete de quinoa vegan em creme de manjericão e salsa para entrada e um tagliatelle negro de lulas, por exemplo. Para terminar, há um leque variado de sobremesas como mousse vegan de mirtilo, suspiro de leite creme ou um divinal cheescake de alfarroba e chia, isento de glúten e lactose.

A nova carta está em plena simbiose com o espaço e o programa do espaço é eclético. Dos pequenos-almoços aos almoços e jantares, existe, diariamente, um ‘Chá da Tarde e Clássicos’. Em breve, retomarão os momentos de fado ao jantar, as live jazz e o brunch aos domingos.

Confiança no futuro
Acabado de reabrir, as perspetivas de operação para os próximos tempos são otimistas. Até agosto, o cinco estrelas espera uma ocupação de 50% e o conceito do hotel, agora aumentado em escala, imprime uma segurança para o futuro.

“Vai haver uma alteração nas nacionalidades que habitualmente tínhamos. Pouco a pouco vamos encontrar o novo caminho. O segredo é o produto que tem de ser genuíno e temos de manter na nossa corrente o nosso ADN, não a podemos alterar. Sempre que possível, será o nosso lema: ter um produto para um target específico. O hotel não tem muitos quartos e temos de manter o perfil de cliente. Mesmo que nao seja uma resposta de abrir e estao a 100% de imediato vamos ter de gerir o hotel a pinças”, refere Adélia Carvalho.

A diretora-geral da unidade acrescenta que o “mercado interno e Europa, Inglaterra, França, Benelux e Escandinávia são mercados que gostam muito do perfil de hotel. O Valverde pela sua fisionomia sempre foi um vendedor muito orgânico. Quando abriu portas e as pessoas aderiram facilmente”.

A responsável sublinha ainda que o facto de a unidade integrar a Relais Chateaux é, também, uma vantagem e uma “força de vendas internacional” que oferece “confiança” sobre o futuro da operação.

Novos projetos
Além da grande reabertura do Valverde Hotel, há mais novidades na manga do grupo liderado por Pedro Mendes Leal. No Porto, abriu recentemente, em soft opening, o cinco estrelas Condes de Azevedo Palace, com uma oferta de 19 apartamentos. A nova unidade já tinha estado aberta durante um curto período de tempo e encerrou de imediato por causa da pandemia. Estão ainda a ser últimadas as obras no jardim que deverão estar concluídas no final deste ano.

Condes de Azevedo Palace

O empreendimento resultou da reconstrução de um palácio do século XVII que funde os estilos neoclássico e barroco. A unidade dispõe de um pátio com jardim e uma sala de pequenos-almoços, incluidos no alojamento.
No final deste ano será inaugurado o terceiro hotel do grupo, em Santar, no distrito de Viseu. A unidade nasce na Casa das Fidalgas, propriedade do D. Miguel Rafael de Bragança, Duque de Viseu. O também cinco estrelas aposará num conceito de natureza, com uma oferta de spa e que incluirá programas de mindfulness, programas de detox ou o acompanhamento de uma nutricionista. Aos 21 quartos juntam-se ainda uma horta e um ginásio.

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