Opinião | Quem quer qualificar a Indústria da Hospitalidade?

Por a 6 de Julho de 2021 as 14:00

Há uns dias fui almoçar a um restaurante em Lisboa e observei o empregado de mesa com curiosidade.

Uma farda merecedora de um corpo comprometido e com brio.

Um corpo merecedor de um lugar bonito e saudável.

Um sorriso merecedor de um empregador que aposta na qualificação.

Um serviço merecedor de clientes que procuram uma refeição acolhedora.

Chegámos ao fim de profissões mal pagas e profissionais mal preparados.

Nós todos somos clientes e sentimos insatisfação quando o serviço não corresponde ao preço que pagamos ou à expectativa criada e muitas vezes ampliada através das redes sociais.

Mas a maior insatisfação é outra.

No nosso inconsciente grita a frustração de não estarmos, como país, a conseguir proporcionar às profissões da indústria da hospitalidade, a dignidade e beleza que bem merecem.

Já muitas vezes escrevi o meu lema de vida. #Leavenoonebehind, a minha ecologia de ser e estar. O pilar que me sustenta.

A sustentabilidade começa na forma como pensamos. Todos sabemos que temos mesmo que investir em serviços e produtos sustentáveis porque é uma necessidade emergente. Vamos lá!

E o produto humano? Como torná-lo sustentável, qualificado, preparado?

Como fazer com que alguém queira realmente trabalhar na hospitalidade, se o anfitrião que os recebe, muitas vezes nem “mostra a casa”?

Existe alguma apatia no que respeita à real qualificação dos profissionais do turismo e hotelaria, porque os orçamentos ou são reduzidos ou não sequer constam na folha excel. E quando existem às vezes são encarados como um custo e não como um investimento. Esta sim é uma estratégia insustentável.

A real qualificação começa na geração de uma cultura de dignificação de qualquer pessoa que trabalha ao serviço de outra. Haverá esforço mais nobre do que este?

O maior vírus são as pessoas que deixam as outras para trás, que não partilham o que sabem, que não pensam que também os outros gostam de um lugar bonito, com recursos para trabalhar, com uma farda que os faz sentir bem, com tempo para fazerem exercício, com comida saudável para pensarem melhor, com qualidade de vida para viverem a outra parte da vida.

O maior vírus é perder tempo a encontrar as justificações não meritórias dos concorrentes que conseguem os primeiros lugares nos rankings das reviews online.

O mundo ficou mais pequeno e os hotéis ficaram maiores por dentro. Precisam de servir a comunidade, redesenhar parcerias que permitem oferecer o que não se encontra noutro lugar. Podem alguns Hotéis ser escolas de formação abertas ao público, abertas aos seus concorrentes, aos seus parceiros, fornecedores?

Qualificar a indústria da hospitalidade, implica desenvolver estratégias de aprendizagem ativa e colaborativa e apostar em competências de inteligência social e artificial.

As parcerias são a nova concorrência.  Precisamos de uma comunidade alargada de arquitetos de espaços, de tecnologias e de atitudes.

Quando um ganha, todos ganham! #Leavenoonebehind

*Cristina Madeira, Specialist on Human Capital Development e ICF Certified Executive Coach & Team Coach

Um comentário

  1. Luis Gonçalves

    11 de Agosto de 2021 at 15:31

    Sem dúvida, Cristina;
    É sempre com muito interesse que leio as suas opiniões.
    Muitos casos há em que se nota que a promoção de cursos e workshops motivacionais destinados a chefes e patrões, especialmente no que toca à gestão emotiva dos recursos humanos, promoveriam a felicidade profissional.
    Ser reconhecido pelo seu pofissionalismo e como tal ser pago, é o mínimo que cada um espera.

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