“A Hotelaria em Portugal está ao nível do melhor que se faz no mundo”

Por a 24 de Fevereiro de 2021 as 10:38

A portuguesa Nonius Hospitality Technology está a celebrar o seu 16º aniversário. A empresa que atua no setor das tecnologias para o mercado hoteleiro soma já três mil clientes em 84 países num total de 328,476 quartos. Apesar dos desafios que 2020 trouxe à operação, a Nonius tem sido uma aliada dos hotéis que, face à nova realidade, apostam cada vez mais na digitalização dos vários serviços. A digitalização da praça hoteleira nacional está a acontecer a um bom ritmo e, em breve, será uma realidade para todos os segmentos, defende António Silva, CEO e co-fundador.

 

A Nonius celebra este ano o seu 16º aniversário. Que balanço fazem desta (mais) de década e meia de vida?
Temos tido uma história de crescimento sustentado ano após ano que nos permite ter recentemente atingido a marca das três mil propriedades, distribuídas por 84 países. Ficamos muito orgulhosos pelo impacto positivo criado em mais de 100 milhões de hóspedes a usarem as nossas tecnologias durante as suas viagens.

Estamos orgulhosos de conseguir crescer mantendo relações de parceria com os nossos clientes mais antigos e atrair novos através da oferta de soluções tecnológicas inovadoras e altamente competitivas com tecnologia que é desenvolvida internamente. A nossa equipa é a chave deste sucesso com a sua resiliência, comprometimento, capacidade de adaptação e espírito de entreajuda que sempre consegue responder aos desafios de forma exemplar.

Quais foram os maiores desafios ao longo deste percurso?
Entre 2010 e 2011, resistimos à dura crise do subprime. Inicialmente a empresa encolheu, mas cresceu 65% em 2012, posteriormente, mais de 25% ao ano até 2019. Em 2020 enfrentamos uma nova crise conjuntural devido à pandemia, mas felizmente, estávamos numa posição mais forte hoje do que em 2011 e cada vez mais próximo dos nossos clientes de longos anos.

Que balanço fazem do ano de 2020?
Foi um ano muito difícil. Em março, o mundo mudou de um dia para o outro e a nossa reação foi rápida com diversas medidas que nos permitiram continuar a operar e a apoiar todos os nossos clientes que necessitaram de nós. Após o impacto inicial rapidamente começámos o processo de adaptação a este novo “normal” para atender às novas necessidades dos hotéis e hóspedes de modo a  garantir uma jornada mais digital e segura. Estamos positivos com a aceitação e impacto que as novas soluções de ‘mobile’ e ‘marketing’ têm na jornada digital dos hóspedes.

Qual foi o volume de negócios da Nonius nos últimos dois anos?
Em 2019 tivemos um volume de negócios de 14 milhões de euros e no ano passado, devido ao impacto da pandemia, registámos um decréscimo de 50%.

Que mercados se destacaram em 2020?
Tivemos um ano de crescimento no Reino Unido, pois era uma operação recente.Também entrámos bem no mercado Sueco. Nos mercados onde já estávamos consolidados foi muito duro, especialmente no mercado Ibérico, que é altamente dependente do turismo externo.

A Nonius tem, atualmente, três mil clientes no portefólio global. Qual é o cenário no país?
Em Portugal temos a nossa tecnologia em mais de 765 propriedades, representando 70 218 quartos.

Quais são os segmentos que maior peso têm na vossa operação?
Somos uma empresa focada em Hotelaria e mais de 90% dos nossos clientes são Hotéis dos segmentos de luxo, premium, ‘midscale’ e econômico para grupos. Temos produtos certificados para diversas marcas e grupos globais e implementamos soluções completas para grupos independentes de menor dimensão e hotéis independentes dos segmentos premium e luxo.

Que soluções  tiveram maior procura em 2020?
As nossas soluções Mobile foram as mais solicitadas pelos clientes em 2020, pois além de proporcionarem as adaptações de segurança e experiência ‘contactless’ necessárias nestes últimos tempos, também foram implementadas em tempos recordes nos hotéis.

Houve uma mudança no tipo de produto procurado devido à pandemia?
Naturalmente. As tecnologias ‘contactless’ passaram a ser as mais procuradas neste ano, uma vez que a digitalização dos hotéis acabou por ser acelerada de forma quase obrigatória devido à necessidade do distanciamento físico como medida de contenção da pandemia.

Quais são, a nível tecnológico, as maiores prioridades dos hotéis atualmente?
As prioridades são garantir a segurança dos hóspedes e do staff dos Hotéis mantendo o distanciamento físico e minimizando o contacto com superfícies, sem comprometer a experiência do hóspede durante a sua estadia. As tecnologias chave para o conseguir são a chave do quarto na App do hotel, o Check-in contactless, o comando de TV e Telefone do quarto no smartphone do hóspede, o Room Service digital, o Serviço de concierge e mensagens personalizadas digitais através de aplicativo ou whatsapp. A sinalética digital com a possibilidade de dar informações de segurança do hotel também têm sido uma tecnologia com grande aceitação nesta fase.

Como vê a digitalização dos hotéis a operar em Portugal e como a compara no quadro internacional?
A Hotelaria em Portugal está ao nível do melhor que se faz no mundo. Ao longo dos últimos anos temos trabalhado com os melhores grupos portugueses em projetos de Digital Guest Journey dos mais avançados. Um exemplo são os hotéis CR7 do Grupo Pestana.

Quais são os maiores constrangimentos da hotelaria nacional face à digitalização da operação?
A hotelaria nacional está consciente da necessidade da digitalização. Diversos grupos já a fizeram e outros consideram parte do seu processo de inovação. Certamente com o tempo veremos esse processo chegar a todos os segmentos da hotelaria nacional.

A pandemia veio acelerar a necessidade de os hotéis se tornarem digitais?
Sem dúvida. A pandemia veio acelerar a digitalização e mudar as prioridades  para que os processos sejam contactless, dando mais autonomia aos hóspedes. O grande desafio é garantir que os processos continuam “frictionless” para os hóspedes de modo a não prejudicar a experiência da estadia.

De que forma é que as soluções Nonius podem ajudar os hotéis a ultrapassar esta fase e ajudá-los na retoma?
As nossas soluções tecnológicas possibilitam aos hotéis proporcionarem experiências seguras aos hóspedes, mantendo a experiência conforme referido. São estas tecnologias que ajudarão os hotéis a recuperar a confiança de seus hóspedes. Gostaria de acrescentar que as nossas soluções são desenvolvidas internamente e que temos a capacidade de as adaptar às necessidades de cada um dos nossos clientes.

Quais são os vossos objetivos para 2021?
Continuar o processo de recuperação do impacto imediato que a pandemia teve nos mercados onde atuamos, continuando a apoiar os nossos clientes e a aprimora as nossas soluções tecnológicas para as necessidades deles e dos seus hóspedes.

Que perspetivas têm no que diz respeito ao crescimento internacional?
Temos boas perspetivas em regiões onde já estamos presentes, cujo foco é o turismo de lazer e que estão a recuperar da pandemia a um ritmo mais acelerado. Iremos também investir em novas subsidiárias internacionais para crescermos em regiões onde temos pouca presença.

Há novidades que queiram destacar?
 Estamos a trabalhar intensamente em novas tecnologias para incorporar na Jornada Digital do Hóspede, de modo a melhorar a integração entre os diversos sistemas existentes nos hotéis, para que os processos sejam mais digitais e mais automáticos, diminuindo ao mínimo a necessidade de interação física tanto por parte do hotel como por parte do hóspede. A automatização dos hotéis será um fator essencial para a recuperação  para voltarmos a usufruir da prosperidade que o setor nos têm brindado anos após anos.

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