AHP aponta dedo ao governo e critica restrições à hotelaria

Por a 18 de Janeiro de 2021 as 9:11
Raul Martins, presidente AHP

Os  hotéis, estabelecimentos turísticos e estabelecimentos de alojamento local integram a lista de estabelecimentos que podem manter-se abertos durante o novo estado de emergência e o novo confinamento que teve início esta sexta-feira, dia 15 de janeiro. Contudo, estes não podem prestar serviços de refeição aos seus hóspedes, a menos que o mesmo seja feito em regime de ‘room service’.

Perante esta medida, a Associação de Hotelaria de Portugal (AHP) considera que o Governo demonstra “um desconhecimento total da realidade da operação dos hotéis”. Em comunicado enviado às redações, a AHP esclarece que  num momento em que 80% a 90% das unidades hoteleiras estão encerradas, em que  as poucas unidades que estão abertas se encontram a fazer um verdadeiro serviço público, visto que só as pessoas que por motivos profissionais ou outros similares é que se podem deslocar para os hotéis, é “incompreensível que os hotéis não possam prestar  serviço de refeições aos hóspedes, como até aqui”.

Outra questão levantada pela associação representativa da indústria hoteleira nacional tem a ver com o facto de a a maioria das equipas da hotelaria já se encontrarem em lay-off, havendo redução substancial dos trabalhadores, pelo que “não há sequer capacidade para prestar o serviço em room service, como é agora indicado pela lei”.

“Estas medidas são desnecessárias em termos sanitários e profundamente desastrosas. É lamentável que não tenhamos sido consultados previamente, pois se o tivéssemos sido teríamos esclarecido que a maioria dos hotéis não têm room service (apenas nas unidades de cinco e de quatro estrelas, estas com limitações). É lamentável porque podíamos ter informado o Governo que a pouca ocupação da hotelaria é com pessoas que estão em teletrabalho ou por razões de índole profissional. É lamentável porque revela desconhecimento por parte do Governo de que a lei hoteleira impõe a todas as categorias de hotéis, de 1 a 5 estrelas, a prestação obrigatoriamente de serviço de pequeno-almoço aos hóspedes. É lamentável porque teríamos também esclarecido que os poucos empregados de mesa que ainda estão a trabalhar não são trabalhadores que fazem room service. É lamentável porque nem sequer nos deram tempo de prevenir os clientes e de escoar os produtos alimentares adquiridos para a prestação do serviço de refeições”, adverte Raúl Martins, presidente da AHP.

Tendo em conta as limitações impostas para o novo confinamento, o líder associativo lamenta ainda que “o Governo não tenha pura e simplesmente determinado o encerramento dos hotéis permitindo-lhes aceder ao regime de lay-off simplificado como as demais atividades económicas cujo encerramento foi determinado, até porque estas medidas trazem outros custos económico-financeiros para as empresas”.
Para o responsável, “manter as unidades abertas sem poder prestar serviços é absurdo”.

O presidente da AHP apela ao Governo, e já o fez chegar à secretária de Estado do Turismo, Rita Marques,  que “se estas medidas não forem corrigidas de imediato são necessárias compensações a fundo perdido, o reforço e alargamento dos apoios financeiros às empresas e uma via-verde para o acesso às medidas de lay-off simplificado.”

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