Opinião | 2021, o Ano da Confiança

Por a 28 de Dezembro de 2020 as 14:51

O ano que agora termina foi bastante difícil para a Hotelaria, talvez dos mais difíceis de sempre. As nossas previsões do meio do ano infelizmente irão confirmar-se, pelo que iremos fechar o ano com quebras superiores a 70% nas dormidas, menos 40 milhões de noites, e de 80% nas receitas, menos 3,6 mil milhões de euros.

Apesar da esperança trazida pelo anúncio da vacina, ainda temos muito caminho pela frente até voltarmos a ter turistas em número razoável que, se tudo correr como o esperado, apenas começarão a chegar a partir do 2º semestre do próximo ano. 

Mas para que os turistas possam começar a viajar é importante adotar medidas que tragam confiança a quem viaja, a começar pelas companhias aéreas, todas deveriam exigir testes antes de cada viagem, isso faria com que a confiança regressasse mais cedo. E todos sabemos que esse é o fator chave para que possamos iniciar a nossa recuperação. 

Enquanto os turistas não chegam, as novas medidas agora anunciadas pelo Governo são positivas para os empresários e trabalhadores do setor e estão em linha com o que a AHP tem vindo a propor ao longo da pandemia. As primeiras medidas anunciadas, nesta 2ª vaga, eram claramente insuficientes, porque não espelhavam a realidade das empresas hoteleiras, mas estas já vão permitir que os empresários ganhem um novo fôlego e consigam fazer face a alguns custos, como a manutenção dos postos de trabalho, mesmo tendo as unidades encerradas. 

O que esperamos de 2021?

Até março do próximo ano, a maior parte da Hotelaria estará encerrada, sendo que alguns destinos, como os Açores, irão abrir mais à frente, em maio. Durante o 1º trimestre de 2021 a realidade vai ser semelhante à do ano que agora termina, sem hóspedes, e prevemos que a partir da Páscoa aumente o número de turistas progressivamente.  

Como se pode ver, nem todos os destinos irão abrir ao mesmo tempo, mas os que terão uma recuperação mais lenta são as grandes cidades que dependem muito, por um lado, dos mercados internacionais, e por outro, dos eventos que não se espera que retomem proximamente, pelo menos não na dimensão a que estávamos habituados, até porque muitos deles, como temos visto, podem ser feitos online.

Apesar de acreditarmos que o 2º semestre de 2021 será melhor do que 2020, os resultados ainda serão negativos para a Hotelaria e ficarão muito longe dos resultados de 2019. Mas 2022 já será um ano com resultados positivos.

Como é sabido, Portugal depende bastante do transporte aéreo, cerca de 90% dos passageiros chegam por essa via, pelo que só quando tivermos 50% dos passageiros de 2019 em todos os aeroportos de Portugal, não é só em Lisboa ou Porto, é que a Hotelaria passa a não ter prejuízos. Só chegaremos a níveis de 2019 em 2024.

Votos para 2021? Que nos traga um mundo com confiança e muitas viagens!

Raul Martins, Presidente da AHP

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