Agricultura biológica: Perto da vista, perto do coração

Por a 16 de Novembro de 2020 as 10:54

Os restaurantes querem produto hortícola e frutícola local, o que significa que o produto não pode nem deve estar ‘longe’… Deve ser acessível, competitivo em termos de preço e de qualidade, em quantidade. A tendência europeia de sustentabilidade para um sistema alimentar justo, saudável e amigo do ambiente “farm to fork” implica que à mesa do restaurante seja servido produto da horta próxima, e que entre cliente e produtor haja o mínimo de intermediários. Com claras vantagens ambientais.

Como município incentivamos a produção e o consumo biológicos, e começámos a caminhar nesta direção em 2009, com o projeto Terras de Cascais. Criámos as primeiras hortas comunitárias, onde os horticultores das mais variadas faixas etárias e estratos socioeconómicos voltaram às raízes de produzir (e consumir) os seus próprios alimentos. As hortas tornaram-se poucas para os cascalenses que as procuravam e, enquanto crescemos com hortas nas escolas, nos centros de dia, nas associações de moradores e até na prisão de Tires, partilhámos conhecimento com quem tinha condições para ter uma horta em casa. Investimos para voltar a produzir o vinho de Carcavelos, em Carcavelos. Ainda há muitas terras para cultivar em Cascais, por isso queremos incentivar ainda mais a iniciativa privada.

Os chefs são as novas “rock star”, com ‘espetáculos’ em restaurantes e redes socais. Querem muito usar produto biológico, ancestral, natural. Quanto mais elevado o nível do restaurante, mais complexa a carta, mais é necessária a normalização do produto, que não obrigue a alterações frequentes, nem a falhas na entrega. Se o restaurante é mais modesto ou acessível, e a margem de rentabilidade menor, o fator preço é determinante na decisão de usar biológico.
Passado alguns anos de lançar o projeto Terras de Cascais, tivemos a maturidade, e os dados, para ver que nos chefs temos embaixadores importantes na revolução alimentar que pretendemos fazer em Cascais. Queremos que sejam consumidos mais produtos biológicos. (As vantagens para a saúde e para o ambiente deste consumo davam todo um outro artigo.) Hoje, conseguimos oferecer produto hortícola a preços competitivos, através da horta da Quinta do Pisão que oferece alimentos bons, para além de justos, dado a sua vertente de apoio social.

Em 2020, saídos do confinamento, lançámos mais mãos à obra, perdão, à horta. Convidamos chefs a conhecer os nossos projetos e as nossas hortas, queremos ouvir o seu feedback. Pretendemos plantar os produtos que desejem ter nos seus menus, fazendo a realidade de serem produzidos mais perto. Aqui no município. Numa comunicação circular com o objetivo ulterior que usar produtos locais seja fácil e competitivo.

Terras de Cascais, Banco de Terras e Horta do Chef, projetos importantes que queremos ver replicados. Pelos privados com terrenos que não rentabilizam, pelos municípios vizinhos. Se todos os locais trabalharem, o global torna-se uma realidade. Para mudar o mundo, temos de começar em casa.

*A opinião de Luís Almeida Capão, Presidente do Conselho de Administração da Cascais Ambiente.

Um comentário

  1. Angela Viegas

    17 de Novembro de 2020 at 15:55

    Finalmente! Espero que passe a ser a realidade por todo o País. Adorei o conceito! Votos de muito sucesso! Bem Hajam!

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