Reinventar para retomar ou renovar para continuar?

Por a 26 de Outubro de 2020 as 12:10

Todas as atividades económicas, sem exceção e de forma constante, enfrentam desafios que vão alterando consoante a conjuntura que se vive em cada momento. Por vezes são bons desafios, como o que conhecíamos há apenas oito meses, em que se discutia o “problema” da necessidade de melhor gerir os fluxos dos muitos turistas que nos visitavam. Hoje temos um desafio muito difícil que resulta da ausência dos nossos turistas e clientes.

Sem sabermos muito bem como nem porquê, vimo-nos confrontados com uma situação que nos ultrapassou a todos e que nos atingiu de tal forma cuja extensão ainda se desconhece e cujo balanço apenas se pode perspetivar, na certeza de que só se fará quando a pandemia passar.

Perante a inevitabilidade da situação, só nos restava uma de duas opções: ou nos conformávamos e esperávamos que a tempestade passasse, sob pena de ser ainda mais difícil sobreviver, ou nos tentávamos reinventar e reagir para depois, quando então tudo for passado, voltarmos ao nosso normal (ou talvez não).
Como se costuma dizer, há que ver que portas se podem abrir numa crise e tirar dela algum proveito, se possível, oferecendo quiçá novos serviços, ainda que seja apenas para resistir a uma fase é certo, mas cuja durabilidade ainda se desconhece.

A capacidade de enfrentar desafios e de os superar é inerente ao ser humano e, diria eu, um traço característico dos empresários da Restauração e do Alojamento Turístico que, dotados de um espírito empreendedor, ao longo das últimas décadas se têm habituado às várias e constantes alterações que recaem sobre os seus negócios, a que se juntam as típicas flutuações na procura, por força da sazonalidade, também ela característica destes setores. E enfrentam tudo isto e tantas outras adversidades com pouquíssimos apoios do Estado. Esse Estado que não devia servir apenas e só para receber os tributos destas empresas.

Dada a natureza desta pandemia, que nos impôs limitações ao funcionamento e restrições à proximidade e ao contacto físico, uma das apostas de muitos estabelecimentos de Restauração e de Bebidas e até de algumas unidades de Alojamento Turístico foi o take away e as entregas ao domicílio (delivery), em alguns casos com a criação de redes próprias de distribuição e por vezes acompanhado de novas designações e novas marcas para distinguir e promover o “novo” negócio. Este modelo serve, essencialmente, para não se perder o contacto com os clientes e tem servido para amenizar prejuízos.

Outra área que assumiu especial importância nesta época foi a vertente digital ao nível da operação e comercialização do negócio, sendo que, muitos foram os estabelecimentos que iniciaram nesta fase os seus processos de digitalização, dando finalmente o leap tecnológico que há tanto tempo vinham adiando.

Diversificar a oferta, adaptá-la aos novos tempos e às novas exigências, tem sido a resposta possível para manter os negócios e para que não se perca o valioso capital que temos nestas áreas e que não pode ser desperdiçado.
E de tudo isto podemos tirar também uma outra lição. No período pré-pandemia tudo era dominado por uma castrante burocracia (e por certo lá voltaremos), com licenças e leis e obrigações e requisitos e afins.

Chega a pandemia e afinal já se consegue flexibilizar e as esplanadas podem ser estendidas, as discotecas podem funcionar como pastelarias (embora não seja solução), os restaurantes podem funcionar em regime de take away e entregas ao domicílio sem serem precisas 1001 licenças, e os trabalhadores já podem exercer funções que não constavam do seu contrato de trabalho. E ninguém saiu prejudicado à conta disso, bem pelo contrário. Dá que pensar!!!!

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