“Mais de 90% dos hotéis não vai falir, mas há situações de paragem brutal de atividade”

Por a 22 de Outubro de 2020 as 13:47

O ano de 2020 não tem sido de bons ventos para a hotelaria nacional que se vê confrontada com quebras históricas tanto nas taxas de ocupação como nos rendimentos.  Apesar de as  perdas de receitas poderem atingir os 3,6 mil milhões de euros, a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, não prevê que a atual conjuntura se traduza em falências de hotéis.

“Os hotéis aproveitaram os bons anos de “vacas gordas” para amortizar dívida, fazer investimento e sanear momentos muito negros. Até podem fechar as portas [temporariamente] o que não quer dizer que não as reabram definitivamente. Uma percentagem pode falir, mas este não é um pequeno negócio. Já sabemos que mais de 90% dos hotéis não vão falir, mas há situações de paragem brutal de atividade”, explicou a responsável  na apresentação à imprensa da IV fase do Inquérito AHP ‘Impacto da COVID-19 na hotelaria’, que decorreu esta quinta-feira, 22.

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De acordo com Cristina Siza Vieira, a estratégia de muitos hoteleiros deverá passar por fechar os hotéis temporariamente durante os períodos com menos reservas para salvaguardar os custos de operação demasiado elevados face às baixas receitas o que vai, inevitavelmente, afetar diretamente os trabalhadores e promover despedimentos.

No inquérito feito pela AHP aos seus associados, 45% afirma que pretende reduzir o seu quadro de trabalhadores da empresa e 51% diz que não o fará.

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Durante o período de verão, 23,24% dos inquiridos dispensaram entre 11% a 20% dos colaboradores. Recorde-se que neste período a maioria do staff do setor estava ainda em regime de ‘lay-off’, pelo que não foi alvo de despedimentos.

A associação já tinha feito uma estimativa, em março, de que  dos cerca de 100 mil trabalhadores que exerciam funções na hotelaria nacional, cerca de 30 mil colaboradores, em regime de extras, deixariam de ser contratados com a pandemia, cenário que deverá ser agravado.

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