Opinião| Leadership versus Humanship

Por a 31 de Agosto de 2020 as 14:35

* Por Cristina Madeira, Specialist on Human Capital Development e ICF Certified Executive Coach & Team Coach

Éramos estranhos neste mundo, não conhecíamos a natureza da nossa natureza. Por fora parecemos iguais e por dentro estamos em completa revolução. Estamos cada vez mais despertos para as capacidades humanas. Desde Março que ouço: “Será que as pessoas se vão tornar melhores pessoas?”
A sobrevivência desperta-nos para questões maiores. Esta pergunta pode surgir por curiosidade e esperança ou pode encerrar julgamento e expectativa de observador.
Neste “novo normal” das empresas a ditadura dos resultados sustentáveis impera e as prioridades estão do avesso. O ser humano, no topo destas prioridades é o cliente. O outro ser humano, enquanto “produto” e “serviço”, renova-se e reinventa-se muitas vezes sozinho porque a sua sustentabilidade depende disso. Em modo de sobrevivência, reagimos no imediato e para o curto prazo. Conseguimos manter alguma estabilidade emocional enquanto pensamos que estamos em segurança.
Em modo de aprendizagem declarativa, verbalizamos a importância de adotarmos novos pensamentos e comportamentos. E sabemos que esta narrativa, não chega para conseguirmos a estabilidade e sustentabilidade no longo prazo.
O nosso “produto” corre o risco de ficar ferrugento, ultrapassado. Precisamos de uma aprendizagem processual, onde continuamente exercemos o conhecimento no desempenho de uma tarefa. É na relação com os outros que nos revelamos e é o conhecimento do nosso self que devemos continuamente exercitar.
No início dos anos noventa Dalai Lama desafiou Richard Davidson (Ph.D. Harvard University in Psychology) a aprofundar a investigação sobre esta forma de aprendizagem, estudando os circuitos cerebrais que ajudam e potenciam a performance.
Hoje, esta aprendizagem revela-se fundamental para os 4 grandes desafios humanos. Estamos a desenvolver a enorme capacidade da distração nos jovens e nos adultos (47%), o sentimento de solidão cresce nos adultos mais crescidos (76%), o self-talk negativo cresceu maioritariamente nas mulheres e teenagers (33%) e a perda de significado ou a busca incessante do mesmo, levam a estados mentais de desgaste e doenças prematuras. O maior engano é pensar que existem temas que não nos dizem respeito. Vivemos todos interconectados e a consciência coletiva dita as nossas vidas.
A aprendizagem processual está ao alcance de todos: treinar a consciência é saber o que a sua mente está a fazer quando faz; treinar a conexão é aprender a escutar compassivamente o outro e a vida; treinar insights é iluminar a narrativa interior aprendendo a fazer perguntas de ownweship e querer conhecer o propósito da (sua) vida, percebendo que são os opostos que permitem a natureza SER!
Diversidade já existe. A inclusão é um ato de escolha.
A liderança vertical com o passar dos anos vai transformar-se e dissipar-se. Desaparecer até! Estamos todos a aprender mais sobre o nosso self-engineering. Vamos saber mais sobre o nosso manual interno, fazer reset, fazer manutenção. Ao contrário de qualquer outra gadget, este que é o nosso, não podemos devolver, trocar por outro.

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