Pespetivas pós-COVID: empreendimentos turísticos perdem 2700 milhões de euros em 2020

Por a 23 de Junho de 2020 as 7:00

Previsões sobre desempenho económico em tempos “normais” assentam em dados históricos e em perspetivas de impactos suaves de acontecimentos da área da política ou da economia. Face a um facto tão extraordinário como a pandemia da COVID-19, em que o futuro vai de nunca se encontrar uma cura, passando por uma segunda vaga, até à possibilidade do vírus desaparecer, a incerteza é enorme.
Porém, e infelizmente, estamos certos que o ano turístico de 2020 será um ano perdido para Portugal. A partir daqui, temos de ser otimistas, acreditar na resiliência do setor, na robustez da procura (pelo menos no desejo de viajar) e olhar também para um passado em que atentados, crises e epidemias afetaram a indústria do turismo, mas que a fizeram sair mais forte, mais moderna, com novos produtos e soluções. Na neoturis confiamos ser este o cenário final, após um caminho muito desafiante.

Impacto da pandemia no turismo nacional.

A redução do volume de negócios dos empreendimentos turísticos será de cerca de € 2 700 milhões em 2020; não ultrapassando 35% de ocupação quarto, valor inferior ao necessário para a ‘break even’ da larga maioria dos empreendimentos (45% a 55%). Estimamos que o turismo de cidade (lazer e negócios) seja o mais afetado, impactando assim na Região Norte e na Região de Lisboa. As restantes Regiões poderão capitalizar o verão, mas muito sustentado pelo mercado interno. A Madeira, com menor sazonalidade, e com mais probabilidades de se manter “COVID- -free”, tem melhores condições de atrair turismo no outono.

A evolução da motivação da procura para Portugal e o seu contributo para a recuperação do setor do turismo nacional

O mercado nacional de lazer sustentará o verão em Portugal, mas é manifestamente insuficiente. Mercados de lazer da UE em desconfinamento avançado poderão ainda contribuir para os proveitos deste ano. Estimamos que todas as outras motivações só iniciem a recuperação em 2021, sendo o MICE o que recuperará mais tarde.
A evolução expectável da procura a partir dos principais mercados emissores de turistas para Portugal também evoluirá a partir do mercado interno (+ mercado Europeu desconfinado e sem oferta de praias) até aos mercados ‘long haul’ dos EUA ou China.

Pressupostos centrais e fatores diferenciadores do destino Portugal
• Fim da quarentena obrigatória de 14 dias para viajantes dentro da UE a partir de julho;
• Incentivo à reabertura de empreendimentos turísticos (manutenção de apoio ao ‘lay-off’, apoios às medidas de higiene e à promoção);
• Incentivos às companhias aéreas (captação de individuais) e à tour operação;
• Criatividade ao nível da atração do mercado interno alargado (irá existir forte concorrência do Turismo de Espanha na retenção do seu mercado nacional);
• Promoção turística dirigida (cruzada) a motivações, mercados emissores e segmentos da população;
• Comunicação da certificação do destino (empreendimentos e ‘visitor attractions’), valorizando o fator segurança e saúde.

*Eduardo Abreu e Luís Pedro Carmo Costa, partners neoturis
**Artigo publicado na edição de maio da Publituris Hotelaria

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *