O dia seguinte

Por a 15 de Junho de 2020 as 11:50

Que o novo coronavírus trouxe consigo um rasto de transformação já todos sabemos…só ainda não sabemos como vai ser o dia seguinte. Muito se tem falado sobre as medidas para potenciar uma retoma, e tentativa de minorar os aspectos menos favoráveis da crise sanitária que estamos a atravessar, mas a verdade é que a incerteza em torno do sucesso dessas medidas é muita. Para não falar que não estão ainda no seu expoente máximo os impactos da crise económica que está ao virar da esquina.

A nível nacional a expectativa é grande em torno do mercado doméstico, e na sua resiliência em passar férias “cá dentro”; não nos podemos no entanto esquecer que uma franja significativa dessa população se encontra ou em lay-off ou no desemprego – logo com a sua capacidade financeira reduzida – ou ainda com um período de gozo de férias minimizado, pelo facto de terem sido convidados pelos seus empregadores a gozar férias durante o período de confinamento.

A expectativa é também grande em torno do início da operação por parte das companhias aéreas, inclusive algumas já anunciaram o início dos trabalhos para meados de Junho e início de Julho, com alguns voos a serem já realizados pontualmente. Contudo, o facto de a maioria das companhias aéreas estar a equacionar a não aplicação das medidas sugeridas por questões directamente associadas à rentabilidade dos voos, poderá criar algum desconforto entre os viajantes. Existem já relatos de voos realizados no máximo da sua capacidade, a causar desconforto entre os passageiros. A acrescer, temos a possibilidade de alguns destinos imporem quarentenas aos viajantes. E não nos podemos esquecer que pelo facto de termos apenas uma fronteira terrestre, estamos muito dependentes das ligações aéreas.

O eventual desconforto face às viagens de avião poderá implicar viajar mais de carro nesta época balnear, essencialmente para destinos de proximidade, e mais frequentemente para zonas menos massificadas do ponto de vista turístico (meio rural e cidades secundárias). Mesmo por parte dos turistas internacionais mais aventureiros em viajar de avião até Portugal. Ainda que destinos como Reino Unido e Alemanha estejam também a passar uma fase difícil, continuamos a ser vistos como um destino barato para eles, e agora seguro (do ponto de vista sanitário). Está então aqui uma oportunidade para dar a conhecer outras regiões do nosso país, igualmente bonitas, mas onde o número de turistas por metros quadrados confere confiança e segurança aos viajantes.

Mas nem tudo são más notícias. A verdade é que os fundamentos do turismo português não se alteraram. E a acrescer a este facto, a forma como temos vindo a lidar com a pandemia, permitiu-nos a criação de uma imagem de destino seguro do ponto de vista sanitário. Há então agora que haver uma fase de adaptação a esta nova realidade pois tal como dizia Peter Drucker, “o maior perigo em tempos de turbulência não é a turbulência em si, mas agir com a lógica de ontem”.

*Artigo publicado na edição 172 da revista Publituris Hotelaria.

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