“Nos próximos anos Alcácer vai dar passos de gigante do ponto de vista da oferta hoteleira”

Por a 31 de Março de 2020 as 7:00

Até 2022 serão investidos mais 20 milhões de euros na praça hoteleira do município. Novos hotéis, os planos para a Comporta e um projeto turístico internacional com um ‘player’ norte-americano vão colocar Alcácer nas bocas do mundo, garante o presidente da Câmara Municipal, Vítor Proença.

Os olhos de investidores nacionais e estrangeiros estão postos em Alcácer do Sal. Nos últimos três anos a região acordou do período de crise e o crescimento tem sido feito a passo acelerado. Desde 2016, foram investidos 20 milhões de euros na hotelaria do concelho e, até 2022, há mais 20 milhões de euros destinados a projetos para hotéis. Uma fatia de 40% da economia da região corresponde já ao turismo, valor que irá aumentar nos próximos anos, garante o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal (CMAS), Vítor Proença. As manifestações de interesse e os projetos para a construção de novas unidades hoteleiras sucedem-se e somam-se já os planos para as unidades a instalar no concelho nos próximos anos.

Depois da recente abertura da Herdade da Barrosinha e da ampliação do Vale do Gaio Hotel, no final de 2019, há mais dois hotéis que se juntam à praça hoteleira ainda este ano. O Palácio do Sal Hotel & Spa, localizado à beira do rio Sado, na zona histórica da cidade, deverá abrir portas no próximo mês de novembro. O quatro estrelas terá uma oferta de 75 quartos, dos quais 15 suites, com acesso restrito, vista para o rio e jacuzzi privativo. O projeto hoteleiro, da autoria da Class & Business Hotéis, também dono do três estrelas Lisboa Central Park, foi alvo de um investimento de oito milhões de euros cofinanciado pelo COMPETE 2020. Já na Praça Luís de Camões vai abrir um três estrelas nos próximos dois meses, que resulta da compra e reabilitação do antigo Hotel Ordem de Santiago, que esteve quatro anos encerrado pelo antigo proprietário. Estes novos projetos ajudam a reforçar a oferta hoteleira da cidade que, atualmente, não consegue acompanhar o interesse dos visitantes. “Há um desfasamento entre a oferta atual disponível e a procura crescente que Alcácer do Sal está a ter. Alcácer do Sal está na moda, e não falo apenas da Comporta. Faltam camas e o número de camas turísticas não tem vindo a acompanhar essa procura”, explica Vítor Proença.

O autarca revela que estão a ser feitas negociações com um “importante ‘player’ ligado a um grupo norte-americano” para a instalação de um complexo turístico na cidade de Alcácer do Sal. O projeto, que assumirá o cunho de uma reputada marca, engloba vários hotéis e espaços ligados ao desporto e está vocacionado para um segmento alto. “Acredito que dentro de três a quatro anos o país vai ter uma surpresa muito agradável, em termos internacionais, com Alcácer do Sal. Falo de um grande projeto, uma coisa inédita, a nível europeu. Este projeto turístico, se for concretizado como eu acredito que vai ser, será as portas de Alcácer do Sal”, deslinda o presidente da câmara sem, no entanto, querer revelar mais pormenores.

O autarca adianta ainda que o grupo Pestana adquiriu recentemente um terreno na Comporta, e que se prepara para entregar na Câmara Municipal de Alcácer do Sal um projeto para a construção de um “resort extraordinariamente interessante e que será mais um fator de atração e fixação de pessoas”, atesta. Dos planos fazem parte 70 unidades de alojamento, construídas de raíz e cujos trabalhos deverão estar concluídos no período de três anos. O grupo Pestana, contactado pela Publituris Hotelaria, não quis adiantar mais pormenores.

Comporta
A Herdade da Comporta tem oficialmente novos donos, desde novembro passado, e um plano de desenvolvimento traçado para a próxima década e meia, orçado em mais de 1,5 mil milhões de euros. O consórcio formado pela Vanguard Properties e pela Amorim Luxury, que comprou os 916 hectares que abrangem o Comporta Links, em Alcácer do Sal, e o Comporta Dunes, em Grândola, vai construir campos de golfe, aldeamentos turísticos, aparthotéis hotéis, lotes residenciais, academias desportivas e zonas de comércio e restauração. Os primeiros trabalhos do projeto agora denominado Terras da Comporta arrancam já no primeiro trimestre deste ano. Vítor Proença não arrisca entrar em mais detalhes sobre os futuros planos e ‘timings’ e garante apenas que “há já muito trabalho desenvolvido” neste âmbito e que o projeto levado a cabo pela promotora imobiliária francesa e pela empresa liderada por Paula Amorim será uma mais-valia para a região. Dos planos em cima da mesa, conhece-se já também a intenção de avançar com uma unidade hoteleira da marca JNcQuoi, que pertence à Amorim Luxury.

Também o grupo francês Terrésens anunciou o investimento de 30 milhões de euros na construção de um resort. O La Réserve Natural Resort & Spa irá disponibilizar apartamentos turísticos, villas e moradias, na aldeia do Carvalhal, concelho de Grândola. O complexo terá ainda piscina, campos de jogos e zonas de restauração. As primeiras unidades deverão estar concluídas no próximo ano.
A Comporta é um dos principais atrativos do concelho que tem seduzido um número crescente de turistas com um poder de compra elevado. Também o interesse por parte de investidores tem aumentado. “O interesse pela Comporta está fortíssimo. A Comporta é grande marca internacional que o litoral alentejano tem. Neste momento, há estudos de viabilidade, pedidos de informação prévia de interessados em investir”, explica o presidente que diz ser necessário um maior desenvolvimento da região e vislumbra uma rápida evolução a curto prazo. “Dentro de alguns anos vejo a Comporta com mais oferta de alojamento, que não há neste momento e é insuficiente para a procura. São necessários mais serviços no campo da saúde, do abastecimento e das próprias infraestruturas”, diz. Recentemente, a autarquia investiu três milhões de euros no projeto de uma ETAR que já começou a ser desenvolvido. Sobre os constrangimentos da região, a falta de serviços é um dos pontos a destacar. “A ausência de alguns serviços muito especializados de que a hotelaria e a restauração necessitam é um dos desafios. Esta alteração do ponto de vista do alojamento está a ser muito rápida e estamos a falar de públicos com um grau de exigência muito elevado”, explica. Serviços de catering, o fornecimento de produtos e o preço das transportadoras são alguns dos exemplos em cima da mesa.

Turismo e AL
No ano passado, o concelho de Alcácer do Sal registou aquele que foi o melhor ano turístico de sempre nos números que respeitam aos atendimentos no Posto de Turismo (5382), visitas guiadas (46) e passeios no Galeão Pinto Luísa (21 viagens). Até há pouco tempo os turistas vindos do estrangeiro representavam uma fatia de 60% da procura no concelho, cenário que se inverteu recentemente. “Neste momento há um predomínio do mercado nacional. No que diz respeito aos turistas vindos de fora, salienta-se uma classe alta de franceses, ingleses, norte-americanos e brasileiros”, explica Vítor Proença.

O investimento imobiliário na região acelerou a partir de 2014, altura em que vários destes turistas decidiram comprar e reabilitar imóveis. “Há alguns casos destes turistas que adquiriram imóveis no centro histórico e que os reabilitaram. A ligação Alcácer/Comporta, tem um efeito multiplicador. Por um lado, as pessoas que procuram Alcácer para adquirirem casa para primeira ou segunda habitação e aproveitam a praia da Comporta no verão. Por outro lado, há pessoas como uma grande capacidade financeira que dispõem de lotes e casas na Comporta e que são atraídos pelo sistema urbano forte de Alcácer”, contextualiza. O autarca sublinha as facilidades oferecidas pela CMAS, de forma a incentivar a reabilitação urbana, como a isenção de IMI durante quatro anos, a isenção de IMT durante dois anos e o IVA aplicado à taxa mínima. “Estes fatores são convidativos para as pessoas adquirirem imóveis e reabilitarem-nos. Isto tem sido um fator que tem trazido para Alcácer novos investidores nacionais e estrangeiros, no campo da habitação”, refere.

No que diz respeito ao Alojamento Local (AL), a grande maioria de unidades (40) surgiu no ano passado. Atualmente, contabilizam-se 65 unidades de AL no concelho. “Isto mostra que as pessoas que aceleraram o passo são pessoas que muitas vezes não têm capacidade para construir um hotel de duas ou três estrelas mas conseguem fazer render o seu investimento aproveitando os imóveis de que são proprietários O AL atenuou e amorteceu as insuficientes que se faziam sentir na procura de alojamento. Foi uma resposta”, indica.

O presidente parabeniza estes pequenos investidores principalmente no que concerne à aposta de promoção dos alojamentos. “Têm havido estratégias interessantíssimas de promoção e de ‘marketing’, alguns casos de proprietários que convidaram pessoas influenciadoras das redes sociais para poderem usufruir do AL e isso teve um efeito multiplicador da divulgação. Isto deu a conhecer Alcácer a par daquilo que o município e a CMAS têm feito”, conclui.

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