AHP revê números e estima perdas de mil milhões de euros e pede revisão de lay-off

Por a 17 de Março de 2020 as 16:20
Raul Martins, presidente AHP

Em menos de uma semana o cenário agravou-se e a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) estima agora que o setor  fique prejudicado em mil milhões de euros devido ao impacto da pandemia do novo COVID-19, que tem levado ao cancelamento massivo de reservas. Depois de ter avançado, no passado dia 12, com uma previsão de perdas para a hotelaria nacional de 800 milhões de euros, Raul Martins, presidente da associação, admitiu que estes dados estão agora “completamente ultrapassados”.

A atualização foi feita esta segunda-feira, 16, em entrevista à RTP3. “Esses mil milhões [de euros] não se recuperam. Quando chegarmos ao fim do ano teremos menos mil milhões de euros, menos 25% de receita do que no ano passado”, indicou.

O representante dos hoteleiros pediu a intervenção do governo na revisão urgente das medidas de apoio aos empresários já anunciadas, nomeadamente do regime de lay-off, que apenas considera elegíveis as empresas que apresentem uma quebra de 40%  da faturação, com referência ao período homólogo de três meses. “O lay-off não nos ajuda em termos práticos. Até fevereiro as coisas correram bem e em junho a nossa expectativa é que comecemos a recuperar. Então, só vamos ter lay-off aplicável a um mês? É uma lei que não serve”, alerta Raul Martins que pede que o regime seja revisto e que seja possível aceder com base na operação de apenas um mês e não de três, como está atualmente definido.

Saiba mais: AHP: hotelaria nacional pode perder até 800M€ 

O porta-voz da AHP pede ainda o reforço da linha de crédito dirigida aos empresários, anunciada pelo executivo de António Costa, no valor de 200 milhões de euros. “Dos 500 mil trabalhadores em hotelaria, há 250 mil que arriscam não receber o seu ordenado. Se considerarmos o ordenado mínimo para esses trabalhadores, estamos a falar de 150 milhões de euros, em apenas um mês. Em três meses são 450 milhões de euros. A linha do Governo são 200 milhões de euros. Nós, empresários, temos de chamar a atenção para a necessidade do reforço da linha”, disse, adiantando que se “nada for feito e se o governo não atuar, os trabalhadores vão ficar sem salários a partir do mês de abril e maio”.

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