Repercussão do coronavírus na hotelaria nacional

Por a 2 de Março de 2020 as 17:14

O primeiro alerta do coronavírus foi recebido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a 31 de dezembro de 2019, na cidade de Wuhan. Só a 27 de janeiro de 2020, o governo Chinês suspendeu as excursões para o exterior. No período de um mês, já havia mais de 12 mil infetados.

Quando olhamos para estes dados, pensamos que muito dificilmente irá afetar a indústria hoteleira do nosso país. No entanto, desde o final de janeiro que estamos a receber cancelamentos, quer de reservas individuais, quer de grupos de turistas asiáticos. Cancelamentos estes sem custos, ou seja, sem taxa de cancelamento. Este mercado viaja em massa para fora do país, nos meses de janeiro e fevereiro, pois coincide com as férias de ano novo. Estes meses representam a nossa época baixa, fazendo-se sentir uma quebra mais acentuada na ocupação. Há já mais de 37 mil infetados em vários países, incluindo países europeus, e, neste momento, ninguém sabe quando a epidemia poderá ser controlada. Penso que as próximas duas semanas serão cruciais.

Oportunidade : Estratégia de marketing  e vendas
Este surto serviu para repensar as estratégias de marketing e vendas. De um dia para o outro, e por razões adversas e incontroláveis, podemos baixar a nossa taxa de ocupação substancialmente, sem termos o controlo nas nossas mãos. Temos de trabalhar outros mercados através de várias agências e operadores e não ficar “dependentes” de um só mercado ou operador. Há que definir bem e atempadamente as estratégias de vendas e diversificar os mercados, bem como o público alvo, pois o nosso setor é facilmente atingido direta ou indiretamente pelas diversas adversidades. O nosso maior desafio será diferenciar o nosso produto, com o objetivo de melhorar a marca “Portugal”.

Ponto Forte: Desenvolvimento do Turismo e da indústria
Com a epidemia a aumentar, temos a nossa indústria farmacêutica em ascensão, com a exportação de produtos preventivos, como máscaras, luvas descartáveis e gel desinfetante (que já se encontram em escassez no nosso país). Por outro lado, com a proibição e o receio de viajar para outros países já afetados pela epidemia, poderá ser uma mais valia para o nosso turismo, e Portugal pode começar a ser opção para os turistas que normalmente viajavam para a Ásia.

Ponto Fraco: Quebra na ocupação hoteleira
Enquanto a epidemia não for controlada não se saberá em que escala afetará as nossas taxas hoteleiras e a nossa economia. Segundo o bastonário da Ordem dos Médicos, está previsto o pico do contágio do coronavírus em abril. Esperemos que tal não aconteça e que seja controlado o quanto antes, pois caso se verifique tal situação, será muito complicado para o nosso país e terá consequências imprevisíveis e, certamente, um grande impacto negativo na nossa economia e um decréscimo nas taxas hoteleiras. Devemos estar preparados e em alerta para tal situação e atempadamente criar soluções para minimizar os possíveis problemas que poderão surgir.

A opinião de Elda Dias, Diretora do Hotel São José no Porto.

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