Governo dos Açores aprova 73 novos hotéis e entrega 100 milhões de euros em apoios ao turismo

Por a 17 de Dezembro de 2019 as 7:24

A oferta hoteleira na Região Autónoma (RA) dos Açores tem vindo a crescer a passo moderado, nos últimos cinco anos. Até setembro, as nove ilhas contavam com 103 unidades hoteleiras tradicionais, num total de 10 950 camas, um aumento de 19,8% e 17,6%, respetivamente, face a 2014. O Governo Regional dos Açores revelou à Publituris Hotelaria que há, atualmente, 174 novos projetos aprovados pela Direção Regional do Turismo e que reúnem condições para incrementar a oferta turística da região, sendo que 73 dizem respeito à hotelaria tradicional. A informação foi adiantada sem, no entanto, serem revelados pormenores relativamente a prazos, localizações ou valores de investimento.

O perfil da atual oferta de alojamento nos Açores faz-se de traços comuns: unidades de pequena e média dimensão, associados a conceitos culturais locais e obedecendo a critérios sustentáveis, que valem aos Açores a certificação de destino sustentável ao abrigo da Earthcheck, entidade acreditada pelo Global Sustainable Tourism Council.

Já o Alojamento Local (AL) está a ganhar peso no arquipélago. “O crescimento da oferta hoteleira tem evidenciado uma dinâmica interessante na maior parte das ilhas dos Açores mas, naturalmente, a um ritmo inferior ao AL, que tem muito mais agilidade nas fases de planeamento e execução do investimento”, explica a secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro.

O número de unidades de AL disparou 591,9%, nos últimos cinco anos. Se, em 2014 a oferta era de 358 unidades e 2014 camas, em setembro deste ano contavam-se 2477 unidades e 12 977 camas. “[O AL] Não só foi a resposta mais rápida do lado da oferta a um aumento de procura substancial, fruto do reforço de ligações aéreas diretas como foi também a resposta da oferta a uma gradual alteração dos padrões de consumo dos turistas, mais jovens, mais independentes e à procura de experiências únicas”, enumera a porta-voz do Governo Regional que refere ainda que o crescimento do AL permitiu a reabilitação urbana, bem como uma “maior equidade na distribuição dos proveitos que este desenvolvimento turístico proporciona”.

Governo Regional dos Açores entregou 100 milhões de euros em apoios ao  turismo

Além dos novos projetos, a praça hoteleira açoriana tem também lavado a cara. “Houve importantes investimentos de renovação e requalificação em diversos hotéis e o surgimento de novas unidades diferenciadoras”, evidencia Marta Guerreiro. O Programa Competir+, sistema de incentivos para a competitividade empresarial, em vigor desde 2014, é um dos mecanismos financeiros ativados pelo Governo Regional e que tem vindo a sustentar alguns destes investimentos. No total, já foi entregue uma fatia de 100 milhões de euros a projetos turísticos, relativos a alojamento, restauração e animação turística. Desde que foi implementado, foram aprovadas 255 candidaturas para o setor turístico e 145 projetos relacionados com alojamento. A ampliação do Hotel Azor, em Ponta Delgada, a construção do Hotel Cruzeiro, em Angra do Heroísmo ou do recentemente inaugurado Hotel Verde Mar & Spa, na ilha de São Miguel, são alguns dos exemplos de unidades hoteleiras que usufruíram dos apoios do Competir+.

Com a tónica assente na hotelaria e restauração, o Programa de Apoio à Restauração e Hotelaria para a Aquisição de Produtos Açorianos, criado em 2013, tem sido outro dos mecanismos de incentivo aos empresários do arquipélago. O objetivo visa a promoção da competitividade e inovação no setor da restauração e hotelaria açoriana, através da utilização predominante de produtos regionais. Através deste programa, os estabelecimentos de restauração e hotelaria poderão beneficiar de um apoio financeiro de 10% nas despesas efetuadas com a aquisição de produtos certificados com o selo Marca Açores. No caso de produtos regionais com certificação “Indicação Geográfica Protegida IGP”, “Denominação de Origem Protegida – DOP”, “Denominação de Origem Controlada – DOC” ou “Artesanato dos Açores”, o apoio financeiro é majorado em 40%, sendo, deste modo, a taxa de comparticipação a aplicar de 14%. Este apoio não pode exceder anualmente, o montante de cinco mil euros por estabelecimento e de 15 mil euros por empresa. Até à data, foram já apresentadas 1425 candidaturas por parte de 300 empresas deste setor de atividade tendo sido já atribuídos 1,5 milhões de euros.

Desafios no turismo dos Açores e objetivos

A taxa de sazonalidade é apontada pela secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo como um dos constrangimentos principais do arquipélago afirmando-se como “um constrangimento para a estabilidade laboral no setor do turismo e da própria economia em todas as ilhas”, explica. A taxa de ocupação segue-se na lista de desafios para o turismo da região. “Melhorámos de uma taxa de ocupação-cama média anual em 2014 de 34,5%, para 47,7% em 2018. Ainda assim, continuam a existir muitos desafios para melhorar este indicador, principalmente assegurando uma maior estabilidade da ocupação durante todo o ano”, indica. Desviar as atenções para fora de São Miguel é outro dos objetivos traçados. “Há uma natural apetência pelos operadores turísticos e consumidores pela ilha de São Miguel, ilha que registou, em 2018, uma taxa de ocupação de 54,3% (o que compara com ilhas como o Corvo com 15,1% ou Santa Maria com 20,4%). Mas todas as nove ilhas dos Açores são diferentes entre si, e têm produtos turísticos complementares e verdadeiramente excelentes, pelo que, não só estamos a trabalhar em assegurar reforço de fluxos diretos para outras ilhas, como a incentivar cada vez mais programas excecionais de combinados com visitação a várias ilhas e aos vários produtos turísticos especialistas em cada ilha”, elucida Marta Guerreiro que sublinha a problemática da acessibilidade aérea direta.

A estratégia passa pela diversificação de mercados emissores e de operadores turísticos e aéreos que operam na Região. A Alemanha, Espanha, França, Reino Unido, Holanda, Bélgica, Suíça, Itália e Escandinávia são os mercados com mais potencial para os Açores. “Temos vindo a trabalhar com algum sucesso os segmentos de clientes que procuram viagens de natureza ativa e de aventura, mas também natureza soft (tranquilidade), em especial junto das novas gerações de consumidores amantes de viagens, que procuram destinos ainda pouco conhecidos, que proporcionem fotos, vídeos e experiências únicas e que promovam a sua saúde e bem-estar”, aponta a governante que atesta que, atualmente, os produtos com melhor performance são os percursos pedestres, a observação de cetáceos. De destacar ainda as restantes atividades ligadas ao mar, como mergulho, passeios de barco, iatismo, surf/windsurf/bodyboard, os passeios de bicicleta e também o termalismo e a gastronomia.

Sobre os principais desafios para o próximo ano, Marta Guerreiro sublinha a sustentabilidade como um eixo prioritário e traça as principais diretrizes. “Focados em manter a dinâmica e o equilíbrio entre a oferta e a procura, e de forma a manter uma tendência de crescimento sustentada, resultante do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido em conjunto por entidades públicas e privadas, nos últimos anos, a nossa estratégia assenta em três eixos prioritários: sustentabilidade, promoção e qualificação do destino, através do desenvolvimento de ações em consonância com o PEMTA – Plano Estratégico e de Marketing do Turismo dos Açores e com o POTRAA – Programa de Ordenamento Turístico da Região”, conclui.

*Artigo publicado na edição 166

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