Visconti: os sabores de Itália num largo lisboeta

Por a 3 de Dezembro de 2019 as 17:05
Fotos: Frame It

A chuva vai engrossando rapidamente enquanto lava o chão do Largo Rafael  Bordalo Pinheiro. Em pleno Chiado e com a hora de almoço a fazer-se de convidada, refugiamo-nos no novo Visconti, o sonho italiano de dois franceses apaixonados por Lisboa. Guy-David Gharbi e Marc Laufer já não são novos nestas andanças e este é já o terceiro projeto que fazem nascer no período de um ano. A estreia desenhou-se em novembro passado com a abertura do espaço dedicado à gastronomia francesa no Bairro Alto, o Legaaal e, quando o sol inaugurou o verão, a aposta recaiu no  beach club Bohemian, na Costa da Caparica.

Agora, o terceiro filho gastronómico ergue-se como uma casa de artistas. O nome justifica-se pela paixão dos proprietários pelo cinema. Luchino Visconti, realizador italiano da sétima arte, é mote de inspiração no pequeno restaurante da capital. As paredes apresentam-se com um azul decidido que se espraia pelos sofás que ornamentam o perímetro da sala. Os espelhos dourados complementam a atmosfera vintage bem como os quadros que exibem páginas do último jornal criado por Rafael Bordalo Pinheiro, A Paródia, num discreto gesto de homenagem ao artista português que dá nome ao Largo que acolhe a casa de deleites italianos. Há ainda livros usados, almofadas amarelas, loiça florida e mesas de mármore. No fim, resulta num ambiente elegante mas não demasiado formal.

Os sofás, que lembram a década de 60 pela ornamentação em capitonê, são ideais para sustentar o corpo para uma refeição demorada. Ainda antes de absorver a carta, a foccacia com azeite e alecrim a fumegar é pousada na mesa num tom desafiador, fazendo-se acompanhar de um carpaccio com alcaparras e parmesão. O calor do pão italiano regado com azeite tradicional são o match perfeito para o temporal que se vislumbra pela janela.

A gula atira-nos para uma pizza rústica, de mozzarela e presunto, com a promessa de provar uma fatia. Com o prato vazio, avançamos para a sugestão do mar que apresenta o polvo como protagonista ao lado de linguine com tinta de choco. O entrecosto maturado arrebata a refeição encaminhando-a para o final. A carta é extensa e várias são as sugestões que nos tentam a voltar infinitas vezes: risottos, massas, pizzas, calzones, burratas e tábuas de enchidos. Para concluir, apostamos num tiramisú que é, para os gulosos crónicos, o teste do algodão de um restaurante italiano e, este cumpre todos os requisitos, da cremosidade perfeita, ao equilíbrio entre o doce e o licor.

Em breve, a experiência estende-se também às Docas de Alcântara, em Lisboa, onde inaugurará um novo Viscoti, para oferecer mais uma fatia de Itália à capital portuguesa.

 

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