Um Algarve para todo o ano

O combate à sazonalidade faz-se, em qualquer destino, pela diversificação de produtos. O Algarve, que tem sido conotado como destino de sol e praia e destino de golfe, tem vindo a dar passos como destino de reuniões e incentivos (MI). Não só pelo trabalho conjunto (hotéis, DMCs, ATA), mas também como consequência da forte procura do país e necessidade de encontrar alternativas a destinos mais maduros neste segmento, como Lisboa ou Costa do Estoril.
Assim, visto por mim, que cá estou há apenas alguns anos, foi uma surpresa, pois descobri que é um destino de ano inteiro, que não se resume ao bom tempo no verão… que tem infraestruturas para organizar eventos ao longo do ano, que permite organizar ‘team buildings’, tem bom tempo todo ano.
É um destino para MI, um segmento de mercado de maior intensidade fora de época de verão, que pode, para além do Golfe, contribuir muito para uma maior redução na sazonalidade.

Ameaça
Lendo a imprensa não pude deixar de reparar nas palavras do Presidente da Confederação Espanhola de Hotéis e Alojamentos Turísticos: “Há 500 hotéis que vão encerrar de imediato devido à falência da Thomas Cook”. E no Algarve? Segundo o Presidente da RTA, “dos 8,8 Milhões de passageiros de movimento no aeroporto de Faro, a Thomas Cook é responsável por apenas 200 mil”, cerca de 2%.
Isto mostra bem a necessidade de sabermos combater as ameaças e tem sido feito por via da diversificação de canais de distribuição. O Algarve como destino não está dependente de um operador ou dois, tem hoje cerca de 40% de produção TO, 31% OTA e 29% diretos.

Destino consolidado de sol e praia e de golfe
O Algarve é um destino consolidado no Sol e Praia e no Golfe, os seus dois principais produtos e pelos quais o destino tem vindo a ganhar consecutivos prémios internacionais.
Reconhecido como Europe’s Leading Beach Destination 2019, está nomeado para World’s Leading Beach Destination pelos World Travel Awards.
No Golfe, consagrou-se, mais uma vez, campeão como Best Golf Destination in Continental Europe nos Today’s Golfer Travel Awards e terá sido pelo peso do Algarve (não querendo ser tendencioso, mas sendo…), que Portugal se consagrou World’s Best Golf Destination 2018 nos World Golf Awards.

Destino visto como tendo pouca oferta para MI
A imagem do Algarve no MI tem de ser trabalhada, para se combater dois mitos: fora de época não há nada aberto – oiço muito a queixa de que tudo fecha no inverno… é verdade que alguns restaurantes e bares fecham, mas continua a haver muitos abertos, continua a haver muito que fazer e onde ir…
A acessibilidade aérea do destino é insuficiente para organizar um evento de média ou grande dimensão – certamente que ajudaria ter mais voos diários para Faro do que os três atuais, por exemplo, mas é possível encontrar alternativas e voos de ligação que permitem grupos de MI de média dimensão.

*Rúben Paula, Chief Operating Officer do JJW Hotels & Resorts Portugal.
**Artigo publicado na edição de outubro da revista Publituris Hotelaria.